18 de dezembro de 2015

VENERÁVEL GIUSEPPE AMBROSOLI


O Papa Francisco aprovou um decreto que reconhece as virtudes heróicas do servo de Deus Giuseppe Ambrosoli, o médico da caridade, tornando mais próxima a sua beatificação.

A notícia foi publicada no Boletim de Imprensa no sítio do Vaticano.

Giuseppe Ambrosoli nasceu a 25 de julho de 1923 no norte da Itália. Filho de um industrial do mel, fez o curso de medicina durante os anos conturbados da segunda guerra mundial.

Em 1951, decidiu entrar para o Instituto dos Missionários Combonianos depois de frequentar um curso de medicina tropical em Londres. Foi ordenado em dezembro de 1955.

Partiu para o Uganda em 1956 com 32 anos, um mês e meio depois da ordenação. Foi enviado para Gulu, no norte do Uganda.

Em 1961 foi transferido para a missão de Kalongo, entre o povo Acholi. Ali fundou o hospital que serviu como médico-cirurgião por mais de 30 anos.

«Deus é amor, há um próximo que sofre e eu sou o seu servo», dizia.

As pessoas chamavam-lhe «doctor ladit», o grande médico.

Faleceu a 27 de março de 1987 em Lira depois de os soldados o terem forçado a evacuar o hospital devido à guerra civil. Tinha 65 anos.

O hospital de Kalongo foi reaberto dois anos depois com o nome de Dr. Ambrosoli Memorial Hospital.

Na mesma audiência privada com o Cardieal Angelo Amato, Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, o Papa Francisco também autorizou a publicação de mais três decretos.

Um reconhece um milagre atribuído à Beata Teresa de Calcutá, que lhe abre as portas da canonização. 

Os outros dois validam as virtudes heróicas de mais dois Servos de Deus: o leigo alemão Enrico Hahn e  Adolfo Lanzuela Martínez dos Irmãos das Escolas Cristãs.

MÃE DE MISERICÓRDIA


Eleusa - Mãe de misericórdia

O Ano Santo Extraordinário da Misericórdia começou a 8 de dezembro. Uma feliz coincidência: porque nesse dia fez 50 que o grande Concílio Ecuménico Vaticano II encerrou; e porque a Igreja celebra a solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria.

Há quase mil anos que invocamos Maria como mãe da misericórdia. A salve-rainha saiu da alma de Hermano Contrato, um monge alemão, por volta do ano 1050. Eram tempos difíceis os que se viviam nessa altura: guerras, pestes, fome. A Europa era «um vale de lágrimas.»

Maria é a mãe de misericórdia, porque na sua conceção imaculada, livre do pecado original, foi receptáculo da misericórdia de Deus de uma forma especial para ser a nova arca da aliança, a mãe do Salvador.

Na anunciação – os cristãos orientais chamam-lhe a evangelização de Maria – o anjo Gabriel saúda a virgem de Nazaré, chamando-lhe cheia de graça (Lucas 1, 28); cheia do amor do amado – como também pode ser traduzido.

Maria, a mãe de misericórdia, é a cheia de graça para ser a mãe de Deus. Um rosto que o Papa Francisco nos convida a contemplar para redescobrir o carinho do Pai: «O pensamento volta-se agora para a mãe de misericórdia. A doçura do seu olhar nos acompanhe neste Ano Santo, para podermos todos nós redescobrir a alegria da ternura de Deus.»

Hoje também vivemos dias muito complicados: terrorismo, violência, cristãos perseguidos e mortos, desemprego ou subemprego, fenómenos meteorológicos extremos, grandes massas de refugiados à procura de um poiso seguro…

A aldeia global tornou-se num vale de lágrimas... Pedimos à Mãe que volte para nós os seu olhar misericordioso e que interceda pelos seus filhos e filhas, ela que esmagou a cabeça da serpente.

O Papa Francisco escreveu em O rosto da misericórdia, a bula de proclamação do Ano Santo que «a misericórdia é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado.»

Por outro lado, Zacarias – o pai de João Batista – proclama o Natal de Jesus como «visita misericordiosa do nosso Deus» (Lucas 1, 78), uma misericórdia que se estende de geração em geração como Maria cantou no Magnificat (Lucas 1, 50), a oração do génio feminino. Uma misericórdia acolhedora que faz memória (Luca 1, 54).

O presente maior que podemos trocar neste natal é a experiência de misericórdia. «Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia», proclamou Jesus no sermão das bem-aventuranças (Mateus 5, 7).

Aprender a viver sob o olhar misericordioso de Deus e dos outros, a chave para uma vida mais humana e mais feliz.

É difícil viver a misericórdia, pode-se argumentar. Mas, como Maria, também estamos cheios da graça de Deus, da sua bondade e da sua glória, para podermos ser misericordiosos como Ele é misericordioso» (Lucas 6, 36), porque este é o caminho para sermos santos/perfeitos como Ele é santo/perfeito (Mateus 5, 48).

Um Ano Santo da Misericórdia cheio de misericórdia para ti, para mim, para todos!

13 de dezembro de 2015

10 PROBLEMAS DO PAPA


O Papa Francisco causou furor quando há um ano, no discurso de boas-festas aos cardeais e colaboradores da cúria romana para a troca de bons votos de natal, desancou nos burocratas do Vaticano e listou e explicou as quinze doenças que afetam os seus colaboradores mais diretos.

A resposta dos ofendidos demorou, mas chegou pela mão anónima de alguém que escreveu uma carta aberta de advento enumerando os dez problemas do magistério do papa Francisco.

A carta foi publicada a 27 de novembro pela Focus, uma revista alemã. 

O autor parece ser um monsenhor alemão reformado que trabalhou muitos anos na cúria romana já que se assina «Um capelão de vossa santidade.»

O autor diz que se escudou no anonimato por medo das represálias do papa aos seus ex-superiores no Vaticano.

Para ele, os dez «aspetos problemáticos» do governo do papa argentino são: atitude emocional e anti-intelectual que dificulta o tratamento das questões teóricas e doutrinais; autoritarismo; populismo de mudança; conduta pessoal que critica predecessores; pastoralismo; exposição exagerada da simplicidade de vida; particularismo que opõe os objectivos e propostas da Igreja universal aos pontos de vista de parte da Igreja; desejo de espontaneidade constante; falta de claridade sobre as inter-relações de liberdade religiosa, política e económica; e, finalmente, meta-clericalismo.

O autor começa por acusar o papa de não conhecer a Cúria por dentro mas por fora ou por cima. Chama os teólogos escolhidos por Francisco de incompetentes. E sublinha que «fé sem doutrina não existe.»

Acusa o papa de desdenhar ensinamentos teóricos e de ser autoritário, instalando um clima de medo no Vaticano.

Recorda que na Igreja as mudanças são lentas e muitas das declarações papais suscitam expectativas erradas.

Acusa o papa de falta de humildade ao querer reinventar o ministério petrino e recriar a herança da fé.

Diz ao papa que não precisa de mostrar constantemente a simplicidade de vida e aconselha-o a comprar ou pedir que lhe ofereçam um carro ecológico que é muito mais caro.

Classifica de cómica a atitude de subjugar os obejtivos e propostas da Igreja universal aos pontos de vista de uma parte da Igreja.

Critica a espontaneidade constante do papa e classifica a sua linguagem de não-profissional porque é mal entendida e exige clarificações constantes por parte dos colaboradores. Recorda que os papas têm que ser menos espontâneos que os pastores.

Diz que o papa está a favorecer estados fortes nas áreas da economia e do social e que a Igreja deve defender instituições não governamentais e ajudar as pessoas a cuidar da própria vida, porque «o estado social pode tornar-se demasiado poderoso, e com isso, demasiado paternalístico, autoritário e iliberal.»

Finalmente, acusa o papa Francisco de se desinteressar pelo clero e que o clericalismo que critica é mais fantasma que real.

Recorda que o papa «deve servir a continuidade e Tradição da Igreja» e pede-lhe que reduza «as suas inovações e provocações». Aconselha-o a usar o advento para refletir sobre o seu ministério, e que aprenda mais dos colaboradores porque «como ele, muitos têm dificuldade com o modo como às vezes fala e atua.»

A impressão com que eu fico é que esta carta que levou um ano a chocar, no fundo, é a voz descontente dos burocratas mais conservadores da cúria romana que perderam a segurança e o poder a que estavam acostumados. É normal que o efeito-Francisco gere ondas de choque negativas! E que o modo mais espontâneo latino-americano contraste com o rigorismo oficial.

Choca-me sobremaneira a acusação final de que o papa é incapaz de lidar com a crítica e que reage com cólera. Esta não é a imagem que irradia com a sua postura bondosa e acolhedora. Pode ser uma punhalada traiçoeira de um «falcão ferido». Os animais feridos são muito perigosos...

3 de dezembro de 2015

PRESÉPIO NEGRO


Se Jesus tivesse nascido em África, teria sobrevivido à primeira infância e chegado à idade adulta?

Enternecem-me as representações africanas do presépio, esculpidas ou pintadas. Singelas, lineares, às vezes minimalistas, outras vezes com explosões de cor, luz e movimento como os ícones etíopes da natividade que tanto me fascinam: olhares enormes, redondos, contemplativos; corpos solenes; mãos esguias, adoradoras; uma paleta de cores ricas de vida: amarelos, azuis, encarnados, brancos… Cabeças e asas de anjos a anunciar a grande alegria: nasceu-vos um Salvador!

O presépio é uma criação plástica de Francisco de Assis. Montou-o pela primeira vez com figuras de barro em 1223 na floresta de Grécio, no Lácio italiano. Com o andar do Cristianismo através das muitas culturas, foi ajuntando matizes e materiais locais que aprofundam o mistério da encarnação: Jesus faz-se homem em cada raça, é mistério intercultural.

Há um pensar que me vara o coração com um estremecimento apertado: se, em vez de nascer em Belém da Judeia, Jesus tivesse nascido, por exemplo, em Bentiu – no Sudão do Sul, Bourem – no Mali, Bongor – no Chade, Blama – na Serra Leoa, ou no Bailundo – em Angola, que azo teria de chegar à idade adulta?

A infância africana continua sob céus pesados apesar dos grandes progressos na assistência sanitária das últimas décadas. A Unicef, a agência da ONU para a infância, denuncia que no Sahel, no Nordeste da África, a crise alimentar ameaça cerca de 6,4 milhões de crianças de má nutrição aguda, afectando o seu desenvolvimento integral; que 2,4 milhões de crianças estão a ser atingidas pela crise na República Centro-Africana; que mais de 2,5 milhões de crianças sofrem de má nutrição severa aguda na República Democrática do Congo; que a guerra étnica no Darfur e nos montes Nuba, no Sudão, deixou as crianças vulneráveis às doenças e à fome, incluindo 1,2 milhões que sofrem de má nutrição aguda.

As estatísticas da mortalidade infantil são ainda mais tremendas: a Organização Mundial de Saúde diz que na África 8,1 % das crianças morrem antes de fazerem cinco anos. Em números redondos, em 2013, faleceram 2,9 milhões de crianças africanas com menos de cinco anos, um contador implacável de cinco crianças a morrer por cada minuto que passa.

A ONG Child Mortality documenta que, na África Subsariana, uma em cada 12 crianças morre antes dos cinco anos (nos países ricos o rácio é de uma por 147). Por países, em Angola perecem 15,7 % das crianças antes dos cinco anos, no Chade 13,9 %, na Somália 13,7 %, na República Centro-Africana 13 % e no Mali 11,5 %. Portugal tem uma taxa de mortalidade infantil de 0,4 %: morrem quatro crianças por cada mil nascimentos antes dos cinco anos.

O que é que mata os bebés africanos? Infecções, pneumonias, diarreias, malária, má nutrição e outras doenças facilmente tratáveis com medicamentos baratos e vacinas. Mas as crianças continuam a morrer...

Relacionada com a natividade africana está também a mortalidade materna. Os números são do Banco Mundial e da ONU e respeitam ao ano de 2013: na Serra Leoa, o país com o índice mais elevado, morrem 1100 mães por 100 mil partos vivos. Segue-se o Chade com 980, a vizinha República Centro-Africana com 880, o Burundi com 740 e o Sudão do Sul e a República Democrática do Congo com 730. Em Portugal, a mortalidade materna é de oito mães por cada 100 mil nascimentos. As mamãs morrem de complicações antes, durante e depois do parto, porque os governos canalizam os recursos para a guerra, descurando a saúde pública. Muitas são demasiado jovens para gerar filhos...

O Papa Francisco escreveu uma frase muito eloquente na exortação apostólica A Alegria do Evangelho: «Na sua encarnação, o Filho de Deus convida-nos à revolução da ternura!»

São estas as minhas saudações natais!

29 de novembro de 2015

PORTA SANTA DE BANGUI


O Papa Francisco abre hoje a primeira Porta Santa do Jubileu Extraordinário da Misericórdia na catedral de Bangui, a capital da República Centro-africana.

O Papa Francisco chegou a Bangui esta manhã a Bangui sob fortes medidas de segurança para uma visita de dois dias.

«Vim como um peregrino de paz e um apóstolo de esperança», disse à chegada.

O Papa esteve num campo de deslocados e tem encontros agendados com as comunidades evangélicas e muçulmanas na capital. Vai participar num serviço de confissões inserido na dinâmica do Ano Santo e celebrar a Eucaristia do Primeiro Domingo do Advento na catedral católica.

O Ano Santo da Misericórdia abre oficialmente a 8 de dezembro, mas o papa aproveitou a visita à República Centro-africana para levar o evento às periferias do sofrimento humano.

A República Centro-africana vive em clima de violência e guerra civil sem precedentes desde 2012.

A crise já originou o maior número de deslocados da história do país.

A visita do Papa a Bangui encerra a sua primeira viagem africana que o levou ao Quénia e Uganda.

21 de novembro de 2015

ORAÇÃO PELA PAZ


Deus, nosso Pai,
A Ti pertencem o Céu e a Terra.
Nada é impossível para Ti,
Porque Tu és Todo-poderoso.
Em Tua bondade, enviaste o Teu Filho para salvar o mundo,
Nós rejeitámo-l'O e cruci­cámo-l'O.
Tu O ressuscitaste dos mortos,
Porque Tu és o Senhor da Vida.
Jesus Cristo, depois da Tua ressurreição,
Apareceste aos Teus apóstolos dizendo: “A paz esteja convosco”.
Concede a Tua paz ao nosso país e ao mundo inteiro,
Porque Tu és o Príncipe da Paz.
Protege os desamparados e os pobres que choram.
Ajuda as viúvas e os órfãos que têm esperança em Ti.
Cura os corações partidos e fez justiça aos oprimidos,
Porque Tu és o nosso único Salvador.
Espírito Santo, faz de nós os construtores da paz.
A paz que é amor e justiça, verdade e dignidade, respeito e unidade.
Que essa paz esteja nos nossos corações, palavras e acções.
Porque tu és o Deus do Amor.
Imaculada Conceição,
Rogai por nós.
Santa Maria, Mãe da República Centro-Africana, Rainha da Paz,
Intercedei por nós.
Anjos da guarda,
Protegei-nos!
Oração na capela de Centro de Acolhimento Missionário em Bangui

20 de novembro de 2015

#REZARPELAPAZ


No domingo, 22 de novembro, vamos todos rezar pela paz!

A iniciativa #RezarPelaPaz partiu da Fundação AIS como resposta aos recentes ataques terroristas em Paris.

Em Portugal, a jornada decorre no Santuário de Cristo-Rei, em Almada, a partir das 16h00.

O evento abre com a exposição do Santíssimo Sacramento, continua com o terço e termina com a celebração da Eucaristia.

#RezarPelaPaz é uma resposta à onda de violência que se abateu sobre França, Síria, Líbia, Iraque e República Centro-africana.

Os ataques terroristas em Paris são o mais recente episódio de uma “terceira guerra mundial em parcelas”, como classifica o Papa a onda de violência global.

Os participantes são também convidados a rezar pelo sucesso da primeira visita do Papa Francisco a África. O roteiro incluiu o Quénia, Uganda e a República Centro-africana, e decorre de 22 a 28 de novembro.

A República Centro-africana vive em espasmos de violência desde 2013.

Bangui, a capital, foi sacudida por mais uma onda de violência sectária há duas semanas.

O Papa devia abrir a primeira Porta Santa do Jubileu Extraordinário da Misericórdia na catedral de Bangui.

12 de novembro de 2015

DEUS COMIGO



A candidata presidencial Maria de Belém Roseira foi a convidada de Maria João Avillez nas conversas sobre Deus desta quarta-feira na Capela do Rato.

Maria de Belém explicou que foi educada na fé: «A minha casa era uma casa onde se vivia a vida religiosa. A educação era católica.»

Explicou que o sentido da existência de Deus e sobretudo o Anjo da Guarda «era uma forma de a pessoa perante os riscos não estar permanentemente assustada.»

Deus não é distante, mas está connosco, uma segunda pele. «Se alguém está connosco, está connosco sempre nas certezas e nas dúvidas e dá força e resistência. Deus é uma referência com a qual entro em diálogo permanente», explicou.

Maria de Belém afirmou que a religião é uma forma de estar mais inteligente e com mais responsabilidade de estar e de ser numa relação de protecção.

«A religião é algo que implica amor, cuidado e afecto relativamente ao outro», afirmou.

Explicou que a sua relação com Deus não é dogmática mas passional. Por isso, não vai à missa aos domingos, mas «quando acha que deve ir, quando é importante ir.»

Define-se profundamente cristã e diz que a mensagem central do cristianismo é a obrigação de cuidar por quem não tem, uma atitude que aprendeu da mãe desde a infância, a matriz em que foi criada.

Aliás, explicou que a sua passagem pelo ministério da saúde inseriu-se nessa atitude.

Entende que a prática da fé se traduz mais na acção que em formalismos. Preocupa-se mais com a substância das coisas que com a forma e as rotinas: «Tentar guardar o sentimento de (in)justiça que temos quando somos crianças, a sensibilidade de sentir o que está certo e errado»

Maria de Belém sublinhou que no âmbito da família a Igreja deve preocupa-se mais com que as pessoas façam o bem em vez de se preocupar com comportamentos. A Igreja devia estar muito mais próxima da vida e dos problemas das pessoas, desejou.

Fez uma apreciação muito interessante da Doutrina Social da Igreja, uma interpelação permanente contra a instrumentalização das pessoas em função da economia. Parte de conceitos que sublinham a transcendência do ser humano.

Explicou que para ela o Papa Francisco apareceu no momento oportuno e necessário e, por isso, prova de que Deus existe.

Durante a participação nas reuniões da pastoral da família, no Vaticano, ficou com a ideia de que o Papa João Paulo II era prisioneiro de uma corte: a organização impunha-lhe modelos de comportamento apesar de o seu corpo já não responder.

Maria de Belém afirmou que a fé não lhe vai atrapalhar o exercício da presidência da república.

Finalmente, explicou que reza mais por palavras próprias mas gosta do pai-nosso e da ave-maria.

10 de novembro de 2015

LMC PARTE PARA R.CENTRO-AFRICANA


©JVieira

A Leiga Missionária Comboniana (LMC) Maria Augusta Pacheco Pires partiu para a República Centro-africana a 9 de novembro para um período de dois anos de missão entre o povo pigmeu.

A Maria Augusta tem 60 anos, é professora e vivia em Janeiro de Baixo, Pampilhosa da Serra.

Chega à República Centro-africana a tempo de receber o Papa Francisco que visita Bangui, a capital, a 29 e 30 de novembro, durante a primeira viagem apostólica à África que o leva também ao Quénia e Uganda.

O Papa, no dia 29, abre na catedral de Bangui a primeira Porta Santa do Ano Jubilar da Misericórdia.

Dom Virgílio do Nascimento Antunes, bispo de Coimbra, presidiu à cerimónia de envio a 25 de outubro na paróquia de Janeiro de Baixo.

A celebração foi preparada por uma semana de animação missionária nas escolas de Pampilhosa da Serra e de Dornelas do Zêzere, em quatro lares de idosos e nas missas celebradas nas paróquias vizinhas.

A Maria Augusta regressa à comunidade internacional LMC de Mongoumba onde já trabalhou durante dois anos e meio entre 2008 e 2010.

Vai fazer comunidade com a LMC algarvia Élia Gomes. Mais tarde, juntar-se-á uma LMC polaca.

Em Mongoumba, os LMC trabalham sobretudo com o marginalizado povo pigmeu Aka na educação, evangelização e saúde, integrados na missão comboniana local.

A Maria Augusta tem uma longa folha de serviço missionário de mais de uma dúzia de anos: além dos dois anos e meio em Mongoumba esteva quase mais dez a ensinar no norte de Moçambique.

Mongoumba fica a cerca de 200 quilómetros a sul de Bangui, na entrada da floresta equatorial junto aos rios Lobaye e Ubangi, afluentes do Congo. Faz fronteira com os dois Congos.

A RCA vive tempos conturbados desde março de 2013 quando as milícias muçulmanas Seleka, ajudadas por rebeldes chadianos e sudaneses do Darfur, tomaram conta do poder.

A comunidade internacional interveio para parar a matança dos cristãos e obrigou o presidente muçulmano a resignar.

Os Anti-balaka são a resposta violenta aos Seleka e atacam sobretudo os muçulmanos.

Embora pareça uma guerra religiosa, a crise na RCA é uma luta pelo poder político e económica que vai para além das fronteiras do país.

A paróquia comboniana de Nossa Senhora de Fátima, em Bangui, funciona como campo de refugiados para os cristãos. 

Jovens muçulmanos atacaram a área no final de outubro, apesar de estar protegida pelas forças internacionais.

O P. Moses Otii Alir, missionário comboniano ugandês a servir na paróquia de Fátima, fez um relatório detalhado da situação dramática vivida no bairro cristão dias antes da chegada do Papa Francisco. 

7 de novembro de 2015

FUNDAÇÃO FILIPINA DISTINGUE REVISTA COMBONIANA


O P. Domingues recebeu uma mão cheia de prémios

Uma fundação católica filipina distinguiu uma vez mais a revista que os combonianos editam no país há mais de 25 anos.

A Fundação Catholic Mass Media Awards (CMMA: Prémios para Meios de Comunicação Católicos) distinguiu na edição de 2015 a revista World Mission nas categorias melhor conto breve, melhor reportagem de investigação, melhor página internet e menção especial como revista orientada para a família.

O P. David Domingues, director da publicação, recebeua mão cheia de prémios a 4 de novembro no Teatro Star City de Manila durante a gala dos XXXVII Prémios CMMA.

Os Prémios CMMA 2015 tinham por tema «Comunicando a família: um lugar privilegiado de encontro com o dom do amor.»

O Cardeal Luis Antonio G. Tagle, presidente honorário da CMMA, convidou os meios de comunicação social a apresentarem a família como boa-nova no mundo de hoje.

O P. Manuel Augusto Ferreira venceu a categoria melhor reportagem de investigação com o texto «Missionários na China: reinventando a missão».

A Fundação recebeu 803 candidaturas para as 60 categorias nos campos de imprensa, rádio, televisão, música, internet e publicidade.

O cardial Jaime L. Sin de Manila iniciou a Fundação CMMA em 1978.

6 de novembro de 2015

CHOCOLATE AMARGO


O chocolate é um produto muito apreciado pelo seu sabor delicado, mas deixa grandes amargos de boca a quem o cultiva, sobretudo as crianças.

Foram os Maias e os Astecas que há mais de 2500 anos domesticaram o cacaueiro e inventaram o chocolate, duas palavras que vêm do nauatle, a língua dos Astecas mexicanos: cacahuat quer dizer suco amargo e xocolatl, água quente ou espumosa, e usavam os grãos como moeda. Mas é na África que hoje se cultiva cerca de 80 por cento do cacau que nos reconforta.

A Costa do Marfim e o Gana, na África Ocidental, produzem 69 por cento das sementes de cacau que a indústria utiliza para produzir chocolates e outros derivados. A Nigéria e os Camarões são outros dois grandes produtores, responsáveis por 11 por cento da colheita mundial de cacau. A Indonésia, o Brasil e o Equador também têm uma boa produção.

Os fabricantes de chocolate normalmente não imprimem nas embalagens os nomes de dois ingredientes comuns que entram na confecção da barra: a violência e a exploração.

Em Junho, a Interpol – Organização Internacional da Polícia Criminal – resgatou 48 crianças, com idades entre os 5 e os 16 anos, na aldeia de San Pedro, na Costa do Marfim, de uma roça onde trabalhavam em condições extremamente perigosas para a saúde, e prenderam 22 adultos, acusados de tráfico. As crianças – de Burkina Faso, Guiné, Mali e da própria Costa do Marfim – declararam à polícia que eram obrigadas a trabalhar na colheita do cacau há mais de um ano, durante longas horas e sem remuneração.

Aliás, a Unicef, a agência da ONU para a protecção da infância, calcula que entre 2011 e 2014 o número de crianças envolvido na cultura do cacau na região duplicou de 800 mil para 1,62 milhões. Dessas, cerca de 176 mil foram traficadas do Mali, Burkina Faso e Togo para trabalharem como escravas na Costa do Marfim. Algumas foram levadas ao engano com promessas de estudos. O país até tem uma lei bastante severa contra o trabalho infantil (penas de prisão de um a cinco anos e multas de 700 a 2000 euros), mas é geralmente ignorada numa cultura muito permissiva.

A produção de cacau representa o sustento principal para cerca de 14 milhões de pessoas que vivem em grande pobreza. Produzem cerca de 4,3 milhões de toneladas por ano (3,1 milhões na África, 716 mil na América Latina e 484 mil na Ásia).

A produção do cacau é um trabalho extenuante e perigoso, feito na floresta: as árvores são tratadas com pesticidas tóxicos e os frutos – que não amadurecem ao mesmo tempo – são colhidos durante todo o ano à mão e abertos à catanada para separar as sementes, fermentá-las e secá-las ao sol antes de serem ensacadas e carregadas às costas para venda.

A indústria do chocolate gera anualmente cerca de 80 mil milhões de euros, mas os produtores ficam com as migalhas do bolo: 4,8 mil milhões. As chocolateiras dos Estados Unidos, Itália, Suíça e Japão repartem entre si uma volumosa fatia de 56 mil milhões. O resto fica para os retalhistas (13,6 mil milhões) e intermediários (5,6 mil milhões).

Os europeus conhecem as delícias do chocolate desde 1528, altura em que Hernán Cortés ofereceu a Carlos V de Espanha algumas sementes de cacau que trouxera do México. Hoje consomem quase metade da produção mundial dos seus derivados.

Organizações internacionais não-governamentais (como a Anti-slavery, a Stop the Traffik e a Fairtrade Foundation) criaram um sistema de certificação de origem do cacau para combaterem o tráfico e uso de crianças na sua produção. Defendem que as grandes marcas têm a responsabilidade e o poder de resolver o problema da mão-de-obra infantil através de códigos de conduta que protejam as crianças. E de pagarem mais aos produtores para tornar a produção do cacau sustentável.

É a pobreza – e o baixo preço do cacau nos mercados internacionais apesar da procura sempre maior deste produto – que obrigam os produtores, maioritariamente pais, a empregarem mão-de-obra infantil nas roças. Cabe aos consumidores de chocolate – branco ou negro, em pó ou em barra, doce ou amargo, sólido, líquido ou recheado – preferir produtos certificados para obrigar as grandes marcas a mudar de atitude e dar às crianças das regiões produtoras uma infância feliz.

1 de novembro de 2015

REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA PREOCUPA PAPA

Bangui: Igreja de Nossas Senhora de Fátima

O Papa Francisco recordou hoje a situação delicada e preocupante na República Centro-africana e realçou o trabalho dos combonianos em Bangui.

«Os dolorosos episódios que nestes últimos dias apertaram a delicada situação da República Centro-africana, despertam uma viva preocupação na minha alma», disse o Papa argentino aos peregrinos que rezaram com ele o Angelus, a oração do meio-dia.

«Faço um apelo às partes envolvidas para que se ponha termo a este ciclo de violência», continuou.

O Papa Francisco teve uma palavra especial para os combonianos da paróquia de Nossa Senhora de Fátima, em Bangui, a capital, um dos olhos do furacão de violência que tem assolado ao país.

«Estou espiritualmente próximo dos padres combonianos da paróquia de Nossa Senhora de Fátima em Bangui, que acolhem muitos deslocados.»

O Papa também exprimiu solidariedade para com a Igreja, outras confissões religiosas e com toda a nação «tão duramente provadas enquanto fazem todos os esforços para superarem as divisões e retomar o caminho da paz.»

O Papa anunciou que a 29 de novembro vai abrir a porta santa do Jubileu da Misericórdia na catedral de Bangui «para manifestar a proximidade orante de toda a Igreja com esta nação assim tão aflita e atormentada.»

Exortou todos os centro-africanos a serem testemunhas de misericórdia e de reconciliação.

A República Centro-africana está em guerra civil desde 2013 e o país tem sido assolado por ondas sucessivas de violência.

O Papa está no Quénia, Uganda e República Centro-africana entre 25 e 30 de novembro na sua primeira viagem à África.

31 de outubro de 2015

CAMINHOS DE PAZ



Dom Paride Taban, bispo emérito de Torit, escreveu uma veemente mensagem aos seus compatriotas apontado o dedo aos problemas que estão na origem dos conflitos no Sudão do Sul e o caminho para a paz permanente.


PROBLEMAS NO SUDÃO DO SUL QUE CRIAM CONFLITOS, QUERO DIZER ESTA VERDADE A NÓS, SUL-SUDANESES E PRONTO PARA SOFRER PELA VERDADE

Meus irmãos e irmãs, SUL-SUDANESES, A PAZ ESTEJA CONVOSCO.

O SUDÃO DO SUL MAIS PACÍFICO que eu conheci foi na minha infância, desde 1936 quando nasci até 1954.

O MOTIM em 1955 não foi um problema sul-sudanês, e as guerras de 1964-1972, mais a guerra de 1983 a 2005, foram guerras impostas aos sul-sudaneses.

Onde estão a VERDADE, UNIDADE e PAZ que os sul-sudaneses tinham entre si desde esses anos, e PORQUÊ? ISTO:

Porque aquelas guerras impostas aos sul-sudaneses traumatizaram muitos, muitos esqueceram a sua identidade por estarem separados do seu país, da família. Casamentos desfeitos, famílias partidas, e eles esqueceram a importância dos seus lares de origem onde os trisavós nasceram e foram sepultados. Esta é a razão por que hoje há gente em alguns lugares a construir sob ameaça de armas sobre os túmulos dos avós de outras pessoas. Esqueceram as próprias boas culturas dadas por Deus.

Viajei por todo o Sudão do Sul na minha juventude, quando estava no seminário. Todos os padres católicos do Sudão e do Sudão do Sul estudaram num único seminário maior, aprendemos a viver como IRMÃOS, UMA FAMÍLIA. Encontramos sul-sudaneses em todas as três províncias, Nilo Superior, Rio das Gazelas e Equatória a viverem em paz em cada província e respeitavam-se mutuamente. Não havia derramamento de sangue entre províncias.

E PORQUÊ ESTE PROBLEMA, HOJE?

Nós, sul-sudaneses, parece que entendemos mal o significado da LIBERTAÇÃO DO SUDÃO DO SUL.

Há alguns sul-sudaneses nas nossas comunidades (indivíduos) que não respeitam a cultura dos outros, as suas qualidades. Nós, comunidades humanas, não somos como as BESTAS. Nós, SERES HUMANOS, somos criados para respeitar, amar e servir uns aos outros, para partilhar fraternalmente e NÃO PARA DOMINAR ou MANDAR noutros ou OPRIMIR outros.

Não estou a apontar o dedo a nenhuma tribo ou comunidade, estou a dizer que isto é como Deus nos criou. A situação e a atitude que eu vejo em muitas das vidas sul-sudanesas não estão de acordo com a criação de Deus. Os sul-sudaneses NÃO PODEM ESQUECER ISTO, QUE DEUS NUNCA ESQUECERÁ. ISTO: todos os sul-sudaneses lutaram pela independência deste país. Eu escuto até crianças muito novas a ameaçar outras dizendo: «Nós lutámos por este país.» Não foi uma tribo ou família que lutaram pela INDEPENDÊNCIA DO SUDÃO DO SUL, mas a totalidade dos SUL-SUDANESES, NUBAS, GENTE DO NILO AZUL e alguns nortenhos, EU SOU UMA DAS TESTEMUNHAS.

Se A VERDADEIRA PAZ tem que reinar no Sudão do Sul, TODOS OS SUL-SUDANESES TÊM QUE AMAR E TRATAR-SE COMO IGUAIS, com AMOR e RESPEITANDO-SE MUTUAMENTE COMO UMA ÚNICA FAMÍLIA DO ÚNICO DEUS. E têm que fazer o mesmo àqueles que os ajudaram.

AMO-VOS, TODOS OS SUL-SUDANESES, SOU O VOSSO SERVO E PASTOR, PRONTO PARA VOS SERVIR ATÉ AO MEU TÚMULO. AMO CADA UM DA MESMA MANEIRA QUE DEUS VOS AMA.

OS SUL-SUDANESES nunca foram tribalistas, durante a minha juventude. Isto piorou por causa de poderes políticos e dependendo de fundos públicos, a riqueza do país, depois de os colonizadores terem partido. Os sul-sudaneses tentam imitar os seus colonizadores para colonizar os próprios irmãos e irmãs. Digamos, sul-sudaneses, a VERDADE e a VERDADE LIBERTAR-VOS-Á, estamos a morrer porque não somos sinceros uns com os outros. TODOS OS SUL-SUDANESES SÃO UM POVO, ESTAMOS TODOS INTERRELACIONADOS, TODOS MISCIGENADOS. Não nos comportemos como alguns animais selvagens que dizem «A tua morte é a minha vida.»

Agora, digamos estas 28 palavras:

AMOR, ALEGRIA, PAZ, PACIÊNCIA, COMPAIXÃO, SOLIDARIEDADE, BONDADE, VERDADE, BRANDURA, AUTOCONTROLO, HUMILDADE, POBREZA, PERDÃO, MISERICÓRDIA, AMIZADE, CONFIANÇA, UNIDADE, PUREZA, FÉ, ESPERANÇA.

Estas são 20, mais oito frases:

AMO-TE, SINTO A TUA FALTA, OBRIGADO, EU PERDOO, NÓS ESQUECEMOS, JUNTOS, ESTOU ERRADO, DESCULPA.

PODEMOS TER PAZ PERMANENTE NO SUDÃO DO SUL. SE FIZERMOS ISTO.

AMO-VOS,

Que Deus vos abençoe
Bispo Paride Taban

bishoptabanparide@yahoo.com

Tel. +211955094202/+211928272512/+8821643339000

29 de outubro de 2015



© Pastoral da Cultura

«Quem tem fé não pode desligar a fé daquilo que faz»! A afirmação é da ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, que, na terça-feira, foi a interlocutora de Maria João Avillez em mais uma sessão do ciclo de conversas sobre Deus na Capela do Rato em Lisboa.

A ministra disse que a fé lhe foi transmitida «nos afetos da relação familiar». No Natal, escrevia cartas ao Menino Jesus. 

Com as freiras irlandesas do Colégio do Bom Sucesso descobrir um Deus amigo, amoroso, misericordioso também «por culpa» do capelão. 

Na adolescência, a mãe repetia «Meninas, onde está a caridade», quando, com as manas comentava pessoas.

Revelou que com o tempo foi mantendo relações diferentes com as três pessoas da Santíssima Trindade.

Jesus, era a pessoa mais importante durante a infância pela proximidade e identificação. É também «companheiro e crivo» nos processos de decisão.

O Pai é diferente, é quem ela deseja: «Deus alimenta um desejo insaciável de estar com Ele».

A relação com o Espírito Santo chegou mais tarde e «é uma companhia mais íntima» a quem pede sabedoria e discernimento mesmo antes dos discursos que faz.

Disse que o que pede para a sua família «é a fé».

Explicou que ser católica «é a abertura para acolher caminhos diferentes que vêm ter connosco».

Sublinhou que a relação com Deus deve interferir nas decisões políticas e de governação «na medida da nossa consciência.»

Explicou que fala de Deus aos filhos «com muita naturalidade» e vão sempre à missa dominical na igreja onde os filhos estejam mais à vontade, «o aspeto central do domingo».

É interessante ouvir figuras públicas a falar de Deus nestes termos.

Quarta-feira, às 21h30, é a vez de Marcelo Rebelo de Sousa.

Seguem-se Maria de Belém Roseira, Fernando Santos, Pedro Mexia, Carminho, Henrique Monteiro e Jorge Taborda.

14 de outubro de 2015

SANTA CLARA HOMENAGEIA COMBONIANO



A Junta de Freguesia de Santa Clara, na Ilha de São Miguel, Açores, homenageou três figuras locais, incluindo um missionário comboniano, para celebrar o décimo aniversário.

O P. Francisco Alberto Almeida de Medeiros foi distinguido com o Diploma e a Medalha de Mérito de Santa Clara «pelo contributo dado à causa missionária além-fronteiras.»

O missionário tem 64 anos e trabalhou 21 anos na África do Sul em dois períodos diferentes.

Nasceu em Fenais da Ajuda, mas os pais tinham residência em Santa Clara.

O P. Medeiros explicou que naquela altura era hábito a grávida dar à luz na casa dos pais.

O missionário é o superior da comunidade comboniana de Viseu.

O eletricista-decorador Humberto Moniz e a Associação de Bem Estar Infantil de Santa Clara também foram distinguidos com o Diploma e a Medalha de Mérito de Santa Clara.

A homenagem decorreu durante a sessão solene que encerrou as celebrações dos dez anos da Junta de Freguesia de Santa Clara.

10 de outubro de 2015

DÍODOS DE CRISTO


O documento que os participantes no XVIII Capítulo Geral dos Missionários Combonianos confiaram à Comissão Pós-capitular para edição final fala três vezes de cenáculos de apóstolos, uma revisita à intuição profética e carismática de Daniel Comboni.

A expressão é tirada do Capítulo I das Regras (de 1871) do Instituto das Missões para a Nigrícia que trata da natureza e objectivos do organismo. Recordamos o texto: «Este Instituto torna-se, pois, como um pequeno cenáculo de apóstolos para a África, um ponto luminoso que envia até ao centro da Nigrícia tantos raios quantos os solícitos e virtuosos missionários que saem do seu seio. E estes raios, que juntos resplandecem e aquecem, revelam necessariamente a natureza do centro de onde procedem.»

Nesta reflexão, quero destacar três palavras da citação: pequeno, juntos e centro.



PEQUENO [CENÁCULO DE APÓSTOLOS]

Daniel Comboni antecipou o seu Instituto como «pequeno cenáculo de apóstolos». Três palavras que se completam: as suas missionárias e missionários são poucos, vivem juntos e são apostólicos: enviados no nome de Jesus, não em nome próprio.

As diversas relações ao XVIII Capítulo Geral sublinham um facto deveras conhecido: o Instituto está a envelhecer e a diminuir e tem que redimensionar a sua presença.

A 1 de janeiro éramos 1582, menos 111 que em 2009, com uma média etária de 59,4 anos. 550 missionários (cerca de um terço do Instituto) têm mais de 70 anos. Mas não devemos perder o sono nem a serenidade: o Senhor continua a abençoar-nos com bastantes vocações (99 teólogos, 65 noviços e 224 postulantes), sobretudo africanas!

Esta realidade de pequenez faz parte da experiência de kenose do Instituto: a participação no esvaziamento de Jesus (Filipenses 2, 6-11). Por outro lado, a requalificação – que prevê o encerramento de 45 comunidades nos próximos seis anos – não é uma estratégia de sobrevivência, mas ajuda para um melhor serviço à missão.

No mundo de hoje, onde tanto se anda em bicos de pés, aceitar ser pequeno é contracorrente, mas é o que Jesus quer de nós: ele chamou aos seus seguidores pequenino rebanho que não deve ter medo (Lucas 12, 31) que é sal da terra e luz do mundo (Mateus 5, 15.16). Sal a mais estraga e luz a mais queima!



JUNTOS [RESPLANDECEM E AQUECEM]

Somos um grupo pequeno chamado a atuar unidos a missão. Daniel Comboni vê os seus missionários como raios de luz, solícitos e virtuosos. E explica: «Juntos resplandecem e aquecem.»

O nosso fundador parece futurar a mais de século de distância a tecnologia LED – ou DEL: díodos emissores de luz – que é a forma mais barata e eficaz de alumiar.

A luz dos díodos está nos aparelhos electrónicos, nos semáforos, nas novas lâmpadas das nossas casas. Substituem a velha tecnologia do filamento incandescente e das lâmpadas frias que usam o (cancerígeno) mercúrio juntando um número de díodos luminosos que dão mais luz e usam menos energia. O segredo está em juntar pequenos LEDs numa só lâmpada seguindo a velha máxima da «união faz a força.»

Este é o desafio maior ao nosso serviço missionário: trabalhar juntos, em rede. No passado éramos mais protagonistas, solistas e às vezes primas donas da grande sinfonia da evangelização dos povos.

Na Sala da Rocha, na Casa Generalícia, em Roma – que guarda objectos pertencentes ao nosso fundador e a alguns dos seus seguidores mais ilustres – há uma lápide de homenagem a Daniel Comboni que abre com as palavras «Fece da solo e com una audacia senza pari avere una missione», «Fez sozinho e com uma audácia sem par haver uma missão.»

Esta visão de serviço missionário já era! O documento final do Capitulo fala dos combonianos não como solistas mas peregrinos, cuidadores, colaboradores, servidores do Evangelho.

Ser cenáculos é essencial para a nossa vocação «de ser nas fronteiras testemunhas e profetas de relações de fraternidade, baseadas no perdão, na misericórdia e na alegria do Evangelho» como o documento final do Capítulo grafa no parágrafo de abertura.

O Papa Francisco – naquele memorável 1º de outubro na Sala Clementina, durante a audiência aos capitulares – desafiou-nos a sermos mansos, misericordiosos e humildes ao jeito de Jesus, o Pastor bom e belo: «Como consagrados a Deus para a missão, sois chamados a imitar Jesus misericordioso e manso, a fim de viver o vosso serviço com coração humilde, assumindo o cuidado dos mais abandonados do nosso tempo», disse.

A comunidade não é uma estação de apoio para um serviço missionário mais eficaz nem a torre de marfim para descanso dos guerreiros: é o modo de anunciar o evangelho «dois a dois».

O documento final do Capítulo usa 27 vezes o termo comunidade. Num mundo tão fragmentado em clivagens socioculturais, viver o evangelho juntos em comunidade interculturais é um contributo muito importante para a globalização da fraternidade.

«Sentimos o apelo a recuperar o sentido de pertença, a alegria e a beleza de ser verdadeiro “cenáculo de apóstolos”, comunidade de relações profundamente humanas. Estamos chamados a valorizar, antes de mais entre nós, a interculturalidade, a hospitalidade e a convivialidade nas diferenças. O mundo tem uma necessidade imensa deste testemunho», deslinda o documento final.



[REVELAM NECESSARIAMENTE A NATUREZA DO] CENTRO

Como Instituto e como missionários temos um centro único: não é a missão, mas é Jesus, que nos amou e nos chamou para sermos «Discípulos missionários combonianos ao serviço da alegria do Evangelho no mundo de hoje.»

O nosso serviço missionário nasce da contemplação de Jesus, o Pastor bom e belo, que veio «para que tenham vida e a tenham em abundância» (João 10, 10). Vida/viver aparece 66 vezes no documento final.

O Papa Francisco recordou que na origem da nossa missão está um dom: «a iniciativa gratuita do amor de Deus que vos dirigiu uma dupla chamada: a estar com Ele e a ir pregar.»

Não somos missionários de uma ideologia ou filantropia: somos enviados de Jesus e por isso a nossa vida pessoal e comunitária deve estar centrada n’Ele através da escuta da sua Palavra.

O Papa escreve no nº 174 de A alegria do Evangelho: «A Palavra de Deus ouvida e celebrada, sobretudo na Eucaristia, alimenta e reforça interiormente os cristãos e torna-os capazes de um autêntico testemunho evangélico na vida diária.»

E aos capitulares ajuntou: «A missão, para ser autêntica, deve referir-se e colocar no centro a graça de Cristo que brota da Cruz: crendo n’Ele pode-se transmitir a Palavra de Deus que anima, sustenta e fecunda o empenho do missionário. Por isso, caros irmãos, temos de alimentar-nos sempre da Palavra de Deus, para ser seu eco fiel; acolhê-la com a alegria do Espírito, interiorizá-la e fazê-la carne da nossa carne como Maria.»

Para sermos díodos de Jesus, luzeiros do Evangelho num mundo conturbado, temos que evangelizar juntos a partir d’Ele que é a luz que somos chamados a irradiar «em saída.»

Termino, recordando a última frase que o Papa Francisco pronunciou na audiência aos capitulares: «Antes de dar a bênção, gostaria de dizer uma coisa que não está escrita aqui, mas é uma coisa que sinto: eu sempre, sempre, tive uma grande admiração por vós, pelo trabalho que fazeis, pelos riscos que enfrentais… Sempre senti esta grande admiração. Obrigado.»

Estas palavras podem ser boas para o nosso ego pessoal e institucional, mas são sobretudo um desafio para continuarmos a ser, trabalhar e arriscar juntos como pequenos cenáculos de apóstolos próximos das periferias humanas e geográficas!

É isto que peço para cada um de nós através da intercessão de São Daniel Comboni!

5 de outubro de 2015

FAMÍLIA A DUAS VOZES


A Igreja africana pode falar a duas vozes no sínodo sobre a família na linha de dois encontros eclesiais importantes deste Verão.

A comunidade católica celebra de 4 a 25 de Outubro no Vaticano a segunda parte do sínodo sobre a vocação da família na Igreja e no mundo contemporâneo. Qual vai ser a contribuição da África? Mais doutrinal para uns, mais pastoral para outros.

Cinco cardeais e 45 bispos encontraram-se em Acra, Gana, de 8 a 11 de Junho, numa consulta organizada pelo Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagáscar, para alinharem posições para o sínodo.

O cardeal guineense Robert Sarah, prefeito da congregação vaticana do Culto Divino, encorajou os participantes «a falarem com clareza, com uma única voz credível e com amor filial à Igreja» durante os trabalhos sinodais.

«Protegei a santidade do matrimónio que está sob ataque por todas as formas de ideologias que querem destruir a família e também das políticas nacionais e internacionais que impedem a promoção de valores positivos», exortou.

Numa entrevista à revista francesa Famille Chrétienne, foi mais incisivo: «Porque é que devemos pensar que somente a visão ocidental do homem, do mundo e da sociedade é boa, justa e universal? A Igreja deve lutar para dizer não a esta nova colonização.»

Os bispos da Nigéria, numa nota recente, expressaram preocupação sobre a propagação global, persistente e contínua «do estilo de vida homossexual» e denunciaram o esforço para redefinir o matrimónio como «uma visão distorcida da sexualidade humana vinda especialmente do mundo ocidental».

«O casamento é uma união sagrada de um homem e de uma mulher para gerar e criar crianças», escreveram.

Os apelos que saíram do terceiro colóquio teológico anual sobre Igreja, religião e sociedade na África vão noutro sentido. Cerca de quatro dezenas de teólogos católicos, incluindo bispos, reuniram-se em Nairobi, Quénia, de 16 a 18 de Julho, e o sínodo também esteve presente.

Os especialistas criticaram a primeira sessão do sínodo, em Outubro do ano passado, considerando-a demasiado eurocêntrica sobre os temas do divórcio, recasamento e relações do mesmo sexo, que preocupam sobretudo europeus e norte-americanos. Pediram soluções pastorais concretas a nível local em vez de respostas «tamanho único» universais e notaram que a sida, a mutilação genital feminina e as crianças chefes de família são temas que afectam as famílias africanas que ficaram de fora dos debates sinodais.

Disseram que é mais importante tratar dos conflitos dos africanos que se sentem apartados das culturas tradicionais depois da conversão ao Cristianismo, da violência doméstica contra as mulheres e meninas, da ausência do pai na vida familiar, da pobreza vasta e paralisante e da falta de «liderança ética de princípios» nos governos e na Igreja.

O bispo Emanuel Barbara, de Malindi, Quénia, pediu mesmo uma teologia do matrimónio a partir do contexto africano: «Se queremos respeitar as nossas famílias cristãs africanas, temos de trabalhar seriamente numa teologia cristã africana do matrimónio. Não basta aplicar outros modelos que existem há séculos.»

A teóloga queniana Philomena Mwaura indicou a violência contra as mulheres e a ausência de pais estáveis nos países africanos como dois elementos que merecem uma reflexão do sínodo.

O bispo Kevin Dowling, de Rustenburg, África do Sul, advogou que o sínodo devia gastar mais tempo com «os assuntos sistémicos que ameaçam as relações entre pessoas nas sociedades e que tanto dificultam os pais de hoje em alimentar a relação com os seus filhos e criá-los de modos saudáveis que dão vida».

Talvez o ponto de encontro esteja no pedido de Francisco aos bispos do Togo, durante a visita que lhe fizeram em Maio: que preservem os «aspectos positivos» da vida da família em África e que os partilhem, sobretudo a abertura à vida e o respeito no cuidado dos mais velhos.

3 de outubro de 2015

MENSAGEM DOS CAPITULARES


Queridos irmãos,

Paz em Cristo, nossa Vida!

Encontrando-nos agora a concluir o XVIII Capítulo Geral, sentimos um desejo forte de partilhar convosco uma mensagem de comunhão e esperança. Estivestes muito presentes nas nossas reflexões e decisões; obrigado pela vossa oração e sobretudo pelo vosso testemunho de serviço e dedicação.

Reconhecemos com gratidão o serviço feito nas circunscrições na preparação deste Capítulo Geral: propostas, sugestões e reflexões que nos ajudaram muito no discernimento.

É difícil pôr por escrito a experiência que vivemos juntos durante estes dias. Seguramente que foi uma celebração de fraternidade, de paixão partilhada pela missão. Empenhámo-nos na procura das pegadas de Daniel Comboni entre os desafios missionários que nos coloca a humanidade de hoje. Tudo sob a ação do Espírito do Ressuscitado, que nos faz ultrapassar medos e desânimos, para ousar a profecia de um mundo novo de reconciliação, justiça e plenitude na paz.

De modo particular, acompanhou-nos o sofrimento das pessoas com que fazemos causa comum. Trazemos no coração a República Centro-Africana, o Sudão do Sul, a Eritreia, a tragédia dos refugiados… e de maneiras distintas cada um dos países em que vivemos. Estas tragédias são também nossas; o Amor vence sempre o mal por mais insuperável que pareça.

No termo deste Capítulo, afirmamos que foi uma experiência de alegria e unidade que nos maravilhou: redescobrimos a beleza da nossa vocação missionária comboniana. O Senhor Jesus continua a chamar-nos a escrever o Evangelho da Misericórdia nas periferias sofredoras, entre os mais pobres e não evangelizados, muitas vezes descartados de um sistema de morte ou anulados pela indiferença.

Hoje, a realidade complexa da sociedade, da Igreja, do nosso Instituo faz-nos confrontar com os nossos limites de diversas maneiras. Mais que nunca, estamos convidados a uma profunda conversão pessoal, comunitária e institucional, ao encontro transformante com o Bom Pastor, coração do nosso carisma, e à requalificação dos nossos empenhos para sermos cada vez mais servos e colaboradores humildes da missão.

Os gestos e o magistério do Papa Francisco, com quem nos encontramos, e que, manifestando apreço pelo que fazemos, nos deu a sua bênção, confirmaram o sonho de Daniel Comboni.

Finalmente, queremos agradecer convosco ao superior geral, Enrique Sánchez, e ao seu Conselho por este sexénio de doação total ao Instituto: que a certeza de terem servido Deus em nós os encha de alegria no caminho missionário que os espera.

Igualmente, ao P. Tesfaye Tadesse, novo superior geral, e aos conselheiros que o vão ajudar na direção do Instituto, renovamos a nossa amizade, oração e colaboração responsável.

Quando receberdes os documentos capitulares e os tiverdes nas vossas mãos, podeis estar seguros que são verdadeiramente vossos: nós fomos somente instrumentos de Deus, tentando fazer convergir ideias, sonhos e propostas. Agora, todos juntos, sem distinção, podemos encarná-los, como Maria nossa Mãe, em atitudes missionárias cheias da alegria do Evangelho que hoje o mundo nos pede com insistência.
Os membros do XVIII Capítulo Geral

1 de outubro de 2015

COM O PAPA FRANCISCO



Mãos na mão, olhos nos olhos… O tempo fica suspenso, o espaço dissolve-se, um arrepio quente percorre o meu corpo...

A ternura acolhedora toma forma de num sorriso aberto, lindo, disponível, cansado, devolvido!

Encontrar o papa Francisco tu a tu, sem distâncias nem barreiras, é um momento único, muito intenso. Quase inefável!

Pedi-lhe em espanhol dois favores: para rezar pela paz pelo Sudão do Sul e para enviar bispos para aquela Igreja que está a tornar-se num rebanho sem pastores.

Os fotógrafos do L’Osservatore Romano não paravam de disparar os flashes mas os clarões dos relâmpagos mudos perdiam-se no feitiço do encontro na imensidão cénica da Sala Clementina com uma acústica horrível.

Um muchas gracias e dei a vez ao confrade seguinte na fila.

De regresso ao lugar, com um terço papal na mão, não caminhava: flutuava!

A magia do encontro com uma das figuras que mais me inspira e desafia tomava conta de mim, paulatinamente, dando lugar a alegria tranquila, saborosa, entorpecente.

Adorei!

Antes, o Papa falou aos 85 combonianos – capitulares e membros do governo-geral – sobre o significado do seu nome: Missionários Combonianos do Coração de Jesus num discurso com cerca de 800 palavras.

Definiu-os como «servidores e mensageiros do Evangelho, especialmente para os que o não conhecem ou o esqueceram.»

E disse: «A missão, para ser autêntica, deve referir-se e pôr ao centro a graça de Cristo que imana da Cruz: crendo n’Ele pode-se transmitir a Palavra de Deus que anima, sustém e fecunda o empenho do missionário.»

O papa argentino continuou: «Sois chamados a imitar Jesus misericordioso e manso, para viverdes o vosso serviço com um coração humilde, cuidando dos mais abandonados do nosso tempo.»

E, para concluir, disse: «Antes de dar a bênção, quero dizer uma coisa que não está escrita aqui, mas é uma coisa que sinto: eu sempre, sempre, tive uma grande admiração por vós, pelo trabalho que fazeis, pelos riscos que enfrentais… Sempre senti esta grande admiração. Obrigado.»

30 de setembro de 2015

EQUIPA COMPLETA


P. Jeremias, P. Rogelio, P. Tesfaye, P. Pietro e Ir. Alberto

Depois de escolher um novo superior geral, os capitulares combonianos elegeram o seu conselho num dos capítulos mais consensuais e tranquilos da história da congregação.

O primeiro conselheiro eleito foi o P. Pietro Ciuciulla. É italiano, tem 52 anos, fez a primeira profissão em 1987. Terminou a teologia em Roma e foi ordenado em 1992. Trabalhou no Chade, na Itália e nos Estados Unidos. Regressou ao Chade em 2011. Era superior da delegação. Foi membro da Comissão Pré-capitular e é o Secretário do Capítulo.

O Ir. Alberto Lamana Cónsola nasceu há 44 anos em Espanha. Fez os primeiros votos em 1997 depois do noviciado em Santarém. Terminou a formação em Nairobi, Quénia, entre 1997 e 2001. Trabalhou no Sudão do Sul de 2001 até 2011, primeiro em Mapuordit e depois na Cadeia Católica de Rádios. Voltou a Espanha em 2011 e frequenta um curso de jornalismo para a internet. É conselheiro provincial. Foi eleito delegado dos irmãos da Cúria, Espanha e Portugal.

O P. Rogelio Bustos é mexicano e tem 54 anos. Fez os primeiros votos em 1983, terminou a teologia em Roma e foi ordenado em 1987. Trabalhou no México entre 1988 e 1995 e no Peru desde 1996 a 2010, onde foi superior provincial. Está no México desde 2011e é o administrador das revistas. Coordenou a Comissão Pré-capitular e é um dos quatro moderadores do Capítulo.

O P. Jeremias dos Santos Martins nasceu no Sabugal (Portugal) há 62 anos e é o Superior Provincial da África do Sul. Fez os primeiros votos em 1973 depois do noviciado em Moncada (Espanha) e estudou a teologia em Paris, França. Foi ordenado em 1978 e trabalhou em Portugal e Moçambique (onde foi superior provincial). Em 2005 foi destinado de Portugal à África do Sul como formador do seminário internacional de teologia. É membro da Comissão Especial do Capítulo.

A encabeçar esta equipa representativa da continentalidade, internacionalidade e diálogo de gerações do Instituto está o novo superior geral, o P. Tesfaye Tadesse Gebresilasie. Tem 46 anos. É etíope e fez os primeiros votos em 1991. Foi ordenado em 1995 depois de terminar o curso de teologia em Roma. Trabalhou no Egito, Sudão e Etiópia antes de ser eleito assistente geral no Capítulo de 2009. É o primeiro superior geral africano dos Missionários Combonianos, fruto natural de um Capítulo que assumiu a interculturalidade como um desafio.

De acordo com as novas Constituições dos Missionários Combonianos, o novo conselho geral toma posse um mês depois do encerramento oficial do XVIII Capítulo Geral previsto para o domingo, 5 de outubro. O encerramento pode ser antecipado porque as eleições foram rápidas e consensuais: um escrutínio para eleger o superior geral e cinco para escolher os seus quatro conselheiros.

CAPÍTULO A 29 DE SETEMBRO

P. David Glenday orientou a manhã de reflexão © JVieira

Retiro dos capitulares antes da eleição do Conselho Geral

Seguindo o calendário dos trabalhos previsto para o XVIII Capítulo Geral dos Missionários Combonianos, a assembleia aprovou na sexta-feira, 25 de setembro, e segunda-feira, 28, o texto final do Capítulo. Nos dois dias, os capitulares discutiram e votaram o texto ponto por ponto, incluindo as diversas moções apresentadas na aula.

O texto final é um documento com 6000 palavras em cerca de 15 páginas, suficiente para estimular um empenho renovado, pessoal e coletivo.

Concluído o tempo de discernimento com a aprovação do texto definitivo, a assembleia capitular entrou ontem na fase final dos trabalhos com o retiro orientado pelo P. David Glenday para eleger o superior provincial e o seu conselho.

O texto aprovado, que se inspira na Evangelii gaudium do Papa Francisco, não contém novidades revolucionárias mas quer falar da missão, pessoa e reorganização com uma linguagem nova.

No documento há um convite a revisitar a missão à luz de uma série de critérios como a proximidade ao pobre, a atenção aos sinais dos tempos, à realidade de cada circunscrição, a simplicidade do estilo de vida, etc. Há uma chamada a abrir-se à missão através de novas formas de ministerialidade que superem as demarcações territoriais e procurem um compromisso especializado no campo da Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC), as etnias de pastores, indígenas, periferias urbanas, etc. O Capítulo confirmou que a Europa é terra de missão como os outros continentes.

Sobre o tema da pessoa, o texto sublinha dois aspetos de fundo.

A crescente multiculturalidade do Instituto que nos convida a reinterpretar o carisma em chave internacional como o quis o nosso fundador Daniel Comboni. As nossas circunscrições e comunidades são os lugares onde aprendemos a viver os desafios da diversidade.

O segundo aspeto, a renovação do Instituto e dos seus membros, precisa de se apropriar da especificidade da espiritualidade comboniana que se inspira na imagem de Jesus Bom Pastor que dá a própria vida. Faz-se patente a importância de uma revisão da Regra de Vida para conseguir a sua reforma. Esta é uma exigência do novo paradigma de missão, hoje.

No que diz respeito à reorganização do Instituto, o texto aprovado evidenciou, na linha do capítulo precedente, a urgência de um equilíbrio entre pessoas e empenhos. Isto leva à redução das  comunidades (40 nos próximos seis anos) e à progressiva e gradual unificação das províncias para melhorar e qualificar o serviço.

COMBONIANOS ELEGEM NOVO SUPERIOR GERAL



 

Os capitulares combonianos elegeram hoje o etíope P. Tesfaye Tadesse Gebresilasie novo superior geral da congregação.

O P. Tesfaye sucede ao P. Enrique Sánchez González, de quem era assistente geral.

No ato de aceitação, o novo superior geral agradeceu a graça e a misericórdia que os capitulares lhe dispensaram através da votação.

«Sinto-me pequeno à frente da grandeza do nosso instituto», disse.

O P. Tesfaye é o primeiro superior geral africano dos Missionários Combonianos.

São Daniel Comboni fundou a congregação a 1 de junho de 1867 em Verona, Itália, para as missões da África.

O novo superior geral nasceu há 46 anos em Harar, a quarta cidade santa muçulmana, no Leste da Etiópia.

Fez os primeiros votos em Hawassa, em 1991, e foi ordenado em 1995 depois de terminar o curso de teologia em Roma.

Passou dois anos no Egito a aprender o árabe e quatro no Sudão.

Em 2001 regressou à Etiópia. Trabalhou na primeira evangelização entre os Guji e no postulantado.

Eleito provincial em 2005, presidiu à Associação de Superiores Maiores do seu país.

Foi eleito assistente geral durante o Capítulo de 2009.

Os Missionários Combonianos estão a celebrar o XVIII Capítulo Geral na casa generalícia em Roma desde 6 de setembro.

No dia 1 de outubro têm uma audiência com o Papa Francisco.

O Capítulo, sob o tema «Discípulos missionários combonianos ao serviço da alegria do Evangelho no mundo de hoje», encerra a 4 de outubro.

27 de setembro de 2015

ALEGRIA, SERVIÇO, CARIDADE

© JGarcía

«A alegria acompanha o serviço missionário na caridade.»

Esta foi a mensagem central que o cardeal Fernando Filoni, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, deixou aos capitulares combonianos na Eucaristia deste domingo.

O cardeal Filoni era para presidir à Eucaristia de abertura do XVIII Capítulo Geral dos Missionários Combonianos, a 6 de setembro, mas a sua agenda não o permitiu.

Por isso, hoje foi o presidente da Eucaristia dominical na capela da casa generalícia dos combonianos em Roma.

O cardeal Filoni recordou que mantém ligações com os combonianos desde os anos 70 quando era coadjutor de uma paróquia na área.

Durante a homilia, notou que o tema do capítulo geral está ligado à A alegria do Evangelho, exortação apostólica do Papa Francisco.

Os combonianos celebram o XVIII Capítulo Geral sob o tema Discípulos missionários combonianos chamados a viver a alegria do Evangelho no mundo de hoje.

O prefeito da ex-Propaganda fide remarcou que a exortação apostólica apresenta a visão da Igreja do Papa argentino e o caminho que quer seguir durante o seu pontificado.

«Somos chamados a participar desta visão e deste caminho», indicou.

Falou também da alegria de estar com os combonianos: disse que o dicastério para a evangelização está interessada no que a congregação vai fazer.

«Quero expressar a mais profunda gratidão pelo serviço que rendeis ao Evangelho, à Igreja e aos pobres», disse.

Sublinhou que a alegria é o denominador comum entre o trabalho capitular e a qualidade do serviço missionário nos próximos anos.

«Alegria que se renova e comunica», acrescentou.

Recordando alguns parágrafos fundamentais de A alegria do Evangelho, o Cardeal Filoni sublinhou que a abertura a que o Papa convida é inclusiva, positiva e não marginalizadora.

Referindo-se ao evangelho do domingo, deixou um alerta: «Não podemos ter ciúmes do Reino de Deus nem ser patrões da graça de Deus.»

O cardeal Finoli almoçou com os capitulares.

XVIII CAPÍTULO GERAL: ÚLTIMA SEMANA


O Capítulo entra na sua última semana de trabalhos. Um momento decisivo não só para os delegados capitulares, mas também para todos os confrades que, nas várias circunscrições, estão à espera de conhecer as orientações emersas, depois de um mês de avaliação e de programação, e que deverão guiar o Instituto durante os próximos seis anos.

Entretanto, o Cardeal Fernando Filoni, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos (Propaganda Fide), preside à Eucaristia de domingo na capela da Casa Generalícia dos Combonianos, em Roma para nos ajudar a redescobrir a dimensão universal do nosso compromisso em comunhão com a missão evangelizadora universal da Igreja.

Durante a semana de 21 a 26 Setembro os delegados capitulares estiveram concentrados sobre a reflexão e o discernimento dos três temas prioritários do Capítulo – Missão, Pessoa e Reorganização – com a intenção de formular decisões operativas concretas.

Numa primeira fase, discutiu-se e aprovou-se, em sessão plenária, o texto elaborado pela Comissão Especial, a quem se tinha confiado a tarefa de redigir a mensagem introdutória das Atas Capitulares, com o objetivo de inspirar os membros do Instituto no processo de renovação e de redescoberta da nossa vocação missionária comboniana.

De seguida, os capitulares reuniram-se de novo em três grupos, cada um com a incumbência de desenvolver um dos três temas previamente selecionados.

Depois, cada grupo voltou a apresentar o texto para a discussão, na sala, sendo depois confiado o mesmo texto a uma pequena equipa de capitulares, que elaboraram a redação final, partindo das sugestões feitas pelos capitulares.

Os textos revistos foram novamente apresentados em sessão plenária, para serem votados, ponto por ponto, por maioria absoluta.

Prevê-se concluir este processo já na próxima segunda-feira, dia 28 de Setembro, incluindo a aprovação definitiva do texto final do Capítulo. Um texto que, por vontade expressa dos delegados capitulares e de um número considerável de outros combonianos, não deve ser longo e, quanto possível, limitar-se aos aspetos essenciais sobre os temas escolhidos.

A última semana será decisiva também por um outro motivo: a partir de terça-feira, 29 de Setembro, iniciará o processo de votação para a eleição do Superior Geral e dos quatro assistentes gerais. Os delegados ao Capítulo, com base nas orientações emergidas e nas provocações do Espírito, estão convidados a eleger o Conselho Geral que deverá liderar o Instituto até 2021, fazendo com que este viva com maior fidelidade e espírito criativo o nosso carisma comboniano em um mundo sedento de uma mensagem de alegria e de libertação.

Por isso, dirigimo-nos, de novo, a todos os confrades combonianos, nesta fase tão decisiva, para continuarem a rezar pelo bom êxito do Capítulo.

22 de setembro de 2015

MISSÃO, PESSOA, REORGANIZAÇÃO


Chegámos a um momento importante do caminho que iniciámos na semana passada com a identificação das áreas fundamentais a aprofundar no XVIII Capítulo Geral dos Missionários Combonianos: missão, pessoa e reorganização. Estes temas emergiram do diálogo nos grupos continentais e foram aprovados na Aula.

Cada capitular escolheu o tema em que se considera mais competente. Assim, foram formados três grupos de trabalho que apresentaram um esquema com os pontos essenciais de cada um dos temas. Depois, na Aula, cada grupo apresentou as suas conclusões para debate na assembleia com a intenção de as enriquecer.

Sobre o tema da missão foi evidenciado o desafio que a Evangelii gaudium apresenta de uma «Igreja em saída» para estar mais próxima dos últimos. O novo modelo de missão chama-nos a rever as nossas formas de trabalhar. As especializações formativas devem orientar-se à urgência das diversas áreas de evangelização. Confirmamos o empenho pela reconciliação, justiça, paz e integridade da criação como parte integral do anúncio do Evangelho.

No que respeita à pessoa, o grupo, na sua apresentação, sublinhou a internacionalização crescente do Instituto. Este dado requere uma formação de base que ajude a acolher o dom e o desafio da multiculturalidade no diálogo e respeito recíproco.

Estamos conscientes da importância de cultivar relações interpessoais de amizade e ajuda fraterna nas nossas comunidades para sermos testemunhas da boa-nova do Evangelho.

No tema da reorganização, foi sublinhado o desafio da «nova missão» e a diminuição do pessoal. Aspetos que nos tornam conscientes da importância de continuar a dar um serviço de qualidade à Igreja e à sociedade. A reorganização do Instituto tem que se realizar a níveis vários, partindo da base, passando à província, continente e administração geral.

Agora, cabe aos grupos elaborar o esboço de um texto que acolha as sugestões da Aula e as converta em indicações operativas concretas para o próximo sexénio.

O XVIII Capítulo Geral dos Missionários Combonianos sobre o tema Discípulos missionários chamados a servir a alegria do Evangelho no mundo de hoje começou a 6 de setembro na Casa Generalícia em Roma.

Agradecemos a todos os confrades que nos apoiam com a sua oração pelos trabalhos do Capítulo e de uma maneira muito especial aos que nos fazem chegar mensagens de encorajamento.

JORNADAS MISSIONÁRIAS 2015



Conclusões

O Centro Paulo VI, em Fátima, acolheu os cerca de 300 participantes nas Jornadas Missionárias Nacionais que se realizaram a 19 e 20 de setembro.

Missão sempre e em todas as frentes. Ad Gentes e Igrejas particulares foi a temática sobre a qual se procurou refletir através de conferências, workshops, testemunhos e diálogo em assembleia.

Depois deste trabalho, podemos concluir:

1. Portugal está convocado para a missão, mas a resposta é ainda muito ténue.

2. É fundamental ter claro que a missão ad intra não anula a missão ad extra.

3. É vital que as dioceses entrem num dinamismo de partilha de pessoas e bens.

4. As geminações de algumas dioceses (Leiria-Fátima / Sumbe e Braga / Pemba) são rosto de uma Igreja aberta, universal e solidária.

5. Os participantes alegraram-se ao verem em vídeo os primeiros passos da comunidade cristã criada na Mongólia há 20 anos. A informação sobre outras Igrejas particulares favorece a comunhão eclesial e o compromisso missionário.

6. O Decreto Ad Gentes sobre a atividade missionária da Igreja, aprovado há 50 anos no fim do Concílio Vaticano II, apresenta desafios cruciais para hoje. Assim:

     a. O início da missão acontece na experiência de Cristo no meio de nós.

     b. A Igreja é missionária na sua natureza e, como tal, quando falta a missão, não há Igreja. A pastoral nas paróquias só se entende se organizada de maneira missionária.

     c. A finalidade da missão não pode ficar somente no anunciar ou no conhecer; é imprescindível fazer discípulos.

     d. Os caminhos da missão terão que passar pelo testemunho, caridade e diálogo.

     e. A renovação das paróquias e dioceses só acontecerá quando existirem iniciativas missionárias.

7. As Obras Missionárias da Igreja (Infância Missionária, São Pedro Apóstolo, Propagação da Fé, União Missionária) são propostas que procuram envolver todo o povo de Deus na missão da Igreja. É preciso conhecê-las para entrarmos nesta rede universal de solidariedade espiritual e material.

8. A Igreja em Portugal celebra o 5º aniversário da Carta pastoral «Como Eu vos fiz fazei vós também». Para um rosto missionário da Igreja em Portugal que propõe a criação de Centros Missionários Diocesanos e Grupos Missionários Paroquiais. Estes caminhos levam as comunidades a descobrir que sair é uma riqueza e não um empobrecimento. Há dioceses que já deram esse passo; é fundamental que outras acreditem e o concretizem.

9. A missão de alto risco foi-nos trazida, em primeira pessoa, pelo P. Paul Karam, libanês, de rito maronita e Presidente da Caritas nacional. O Médio Oriente é hoje, para os cristãos, terra de mártires. Estamos comprometidos com este drama que gera milhões de refugiados. Vamos abrir as portas e o coração aos nossos irmãos que fogem da morte e da perseguição. Salvar vidas é uma grande missão.

10. As próximas Jornadas Missionárias serão realizadas em Fátima a 17 e 18 de setembro de 2016.

Fátima, 20 de setembro de 2015