20 de agosto de 2016

CARTA ABERTA DO FÓRUM SOCIAL MUNDIAL 2016


A participação de 16 Missionários Combonianos e Combonianas na 12ª edição do Fórum Social Mundial (FSM) em Montreal de 9 a 14 de agosto de 2016 tornou possível o encontro com muitos irmãos e irmãs de várias nações que perseguem o sonho de um outro mundo, alternativo ao dominante, insustentável, excludente, iníquo e violento.

Acreditamos que a participação no FSM seja um sinal de fidelidade ao carisma do nosso fundador São Daniel Comboni, que lutou pela libertação da escravatura e pela regeneração da África.

Nos seminários conduzidos pelo Comboni Network tivemos a oportunidade de apresentar e dar a conhecer melhor as situações dramáticas no Sudão do Sul, República Democrática do Congo e Brasil, pondo em relevo a luta por uma paz justa, o empenho pela transformação social e a resistência das comunidades locais às violações socio-ambientais.

Nos seminários enfrentámos também a análise dos temas do açambarcamento da terra, do tráfico de pessoas e das alterações climáticas, evidenciando o trabalho de advocacia para uma estratégica de intervenção global.

Devido à prática discriminatória do Gabinete de Imigração Canadiano, foi negado o visto a muitas pessoas provenientes da África e da Ásia desejosas de participar do FSM. A sua ausência foi uma grave perda para o evento que pela primeira vez se realizou numa cidade do Norte do mundo. Não se ouviram assim as vozes de quantos no Sul do mundo teriam podido sacudir a opinião pública sobre as consequências nefastas de políticas económicas neoliberalistas nos seus países e tornarem-se partícipes do sonho de associações que lutam por uma paz justa e uma economia sustentável.

Constatámos com tristeza o escasso envolvimento no FSM da Igreja Católica local. Em contrapartida, houve uma satisfatória participação de religiosos e em particular de religiosas nas atividades do FSM.

É fundamental que a Igreja local seja envolvida ativamente na preparação e desenvolvimento dos próximos FSM para conectar-se com o trabalho pela justiça, paz e integridade da criação levado adiante por tantos cristãos no mundo.

Não obstante os limites organizativos sentidos no FSM em Montreal, consideramos importante manter e reforçar como Família Comboniana o empenho e a participação nos próximos FSM lugar privilegiado de encontro e de intercâmbio de experiências entre quantos acreditam e lutam juntos por um mundo outro.

Acolhemos o desafio do Papa Francisco que na encíclica «Laudato Sii» chama a Igreja a escutar o grito da Terra e dos pobres e a unir-se a todas as pessoas de boa vontade para realizar a globalização da solidariedade e assumir o cuidado da casa comum.

Às missionárias e missionários propomos que:
  • Os nossos Institutos sejam maiormente envolvidos na preparação do próximo FSM e do Fórum Mundial de Teologia e de Libertação, aprendendo com a reflexão e práxis de outros grupos e oferecendo a nossa experiência missionária ao lado dos pobres;
  • A participação no FSM de confrades e irmãs empenhados em JPIC se torne sempre mais um empenho formal assumido pelos nossos Institutos. No contexto de mudança das estruturas da Direção Geral e dos Secretariados dos nossos Institutos, seja garantida a continuidade do envolvimento da Família Comboniana. Especificamente, seja dado apoio a uma equipa permanente que coordene a interação comboniana com o FSM, instituindo também um fundo intercongregacional ad hoc. Desse modo, a participação no Fórum poderá ser um processo contínuo de requalificação da nossa experiência missionária;
  • Se aprofunde a nossa colaboração com a comissão JPIC de UISG e USG, se reforce o diálogo com o Conselho Pontifício de Justiça e Paz e o empenho nas redes VIVAT Internacional, AFJN e AEFJN;
  • O empenho comboniano a nível de JPIC se estenda ao tecido dos movimentos sociais, que operam em redes locais, nacionais e internacionais;
  • Os nossos media – Nigrizia, Mundo Negro, Além-Mar, ComboniFem, etc. – se tornem portadores dos valores e dos desafios do FSM através de uma adequada comunicação;
  • O percurso formativo comboniano seja aberto aos empenhos específicos das nossas províncias no contexto de JPIC e na experiência do FSM, para ajudar os nossos jovens a encarar melhor os desafios do mundo de hoje.

Montreal, 14 de agosto de 2016
     Ir. Anna Faggion
     Ir. Gabriella Bottani
     P. Efrem Tresoldi
     P. Fernando Zolli
     P. Mariano Tibaldo
     P. Arlindo Ferreira Pinto
     Ir. João Paulo da Rocha Martins
     P. John Michael Converset
     P. Gian Paolo Pezzi Trebeschi
     P. Jaime Calvera Pi
     Ir. Bernardino Dias Frutuoso
     P. Daniele Moschetti
     P. Raimundo N. Rocha dos Santos
     P. Dario Bossi
     P. Joseph Mumbere Musanga

     P. Paul Annis

1 comentário:

Arlindo Pinto disse...

Boa, amigo Zé Vieira. Muitas ideias e propostas... que não deveriam cair em saco roto. Bom fim de semana. Arlindo.