18 de dezembro de 2015

MÃE DE MISERICÓRDIA


Eleusa - Mãe de misericórdia

O Ano Santo Extraordinário da Misericórdia começou a 8 de dezembro. Uma feliz coincidência: porque nesse dia fez 50 que o grande Concílio Ecuménico Vaticano II encerrou; e porque a Igreja celebra a solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria.

Há quase mil anos que invocamos Maria como mãe da misericórdia. A salve-rainha saiu da alma de Hermano Contrato, um monge alemão, por volta do ano 1050. Eram tempos difíceis os que se viviam nessa altura: guerras, pestes, fome. A Europa era «um vale de lágrimas.»

Maria é a mãe de misericórdia, porque na sua conceção imaculada, livre do pecado original, foi receptáculo da misericórdia de Deus de uma forma especial para ser a nova arca da aliança, a mãe do Salvador.

Na anunciação – os cristãos orientais chamam-lhe a evangelização de Maria – o anjo Gabriel saúda a virgem de Nazaré, chamando-lhe cheia de graça (Lucas 1, 28); cheia do amor do amado – como também pode ser traduzido.

Maria, a mãe de misericórdia, é a cheia de graça para ser a mãe de Deus. Um rosto que o Papa Francisco nos convida a contemplar para redescobrir o carinho do Pai: «O pensamento volta-se agora para a mãe de misericórdia. A doçura do seu olhar nos acompanhe neste Ano Santo, para podermos todos nós redescobrir a alegria da ternura de Deus.»

Hoje também vivemos dias muito complicados: terrorismo, violência, cristãos perseguidos e mortos, desemprego ou subemprego, fenómenos meteorológicos extremos, grandes massas de refugiados à procura de um poiso seguro…

A aldeia global tornou-se num vale de lágrimas... Pedimos à Mãe que volte para nós os seu olhar misericordioso e que interceda pelos seus filhos e filhas, ela que esmagou a cabeça da serpente.

O Papa Francisco escreveu em O rosto da misericórdia, a bula de proclamação do Ano Santo que «a misericórdia é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado.»

Por outro lado, Zacarias – o pai de João Batista – proclama o Natal de Jesus como «visita misericordiosa do nosso Deus» (Lucas 1, 78), uma misericórdia que se estende de geração em geração como Maria cantou no Magnificat (Lucas 1, 50), a oração do génio feminino. Uma misericórdia acolhedora que faz memória (Luca 1, 54).

O presente maior que podemos trocar neste natal é a experiência de misericórdia. «Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia», proclamou Jesus no sermão das bem-aventuranças (Mateus 5, 7).

Aprender a viver sob o olhar misericordioso de Deus e dos outros, a chave para uma vida mais humana e mais feliz.

É difícil viver a misericórdia, pode-se argumentar. Mas, como Maria, também estamos cheios da graça de Deus, da sua bondade e da sua glória, para podermos ser misericordiosos como Ele é misericordioso» (Lucas 6, 36), porque este é o caminho para sermos santos/perfeitos como Ele é santo/perfeito (Mateus 5, 48).

Um Ano Santo da Misericórdia cheio de misericórdia para ti, para mim, para todos!

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