17 de outubro de 2014

RIO DE ALEGRIA

Nilo Branco ©JVieira

O Papa escreveu a mensagem para o Dia Mundial das Missões 2014 – que se celebra no domingo, 19 de outubro – sob o signo da alegria. De facto, ele repete a palavra 27 vezes, ecoando a exortação de Paulo: «Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!» (Filipenses 4:4). O vocábulo amor aparece dez vezes. Alegria e amor são os ingredientes com que se faz a missão.

Francisco define o Dia Mundial das Missões como uma «celebração de graça e alegria» através de «orações e gestos concretos de solidariedade» para com as igrejas jovens.

A evangelização é um rio de alegria em que os baptizados são convidados a navegar e a alimentar através de uma peregrinação interior ao «primeiro amor» para perseverar com o Senhor e fazer a sua vontade, partilhando a fé, a esperança e a caridade evangélica.

Tomando como ícone a narrativa lucana do regresso jovial dos 72 da primeira experiência missionária (Lucas 10:17-23), o Papa recorda que Jesus disse aos discípulos para se alegrarem não pelo que fizeram – a vitória limpa sobre o demónio – mas por terem os seus nomes inscritos nos céus, por experimentarem o amor de Deus e poderem partilhá-lo.

«Os discípulos são aqueles que se deixam conquistar mais e mais pelo amor de Jesus e marcar pelo fogo da paixão pelo Reino de Deus, para serem portadores da alegria do Evangelho. Todos os discípulos do Senhor são chamados a alimentar a alegria da evangelização», nota o Papa argentino.

E ajunta: «A alegria do Evangelho brota do encontro com Cristo e a partilha com os pobres» através de uma «vida fraterna intensa, baseada no amor a Jesus e atenta às necessidades dos mais desfavorecidos.»

O Papa recorda que os bispos são os primeiros responsáveis pelo anúncio, devem favorecer a unidade da diocese e cuidar que o anúncio chegue aos seus lugares mais remotos e às periferias.

E ressalva dois aspectos:

· os LEIGOS «são chamados a assumir um papel cada vez mais relevante na difusão do Evangelho»;

· «a alegre participação na missão ad gentes» através da contribuição económica pessoal «para que a própria oferta material se torne instrumento de evangelização de uma humanidade edificada no amor».

Uma nota final; o Papa Francisco é claro: a missão ad gentes é obra de todos os baptizados e as igrejas locais e os leigos são os principais agentes da evangelização.

Pela primeira vez o Papa não refere explicitamente os missionários nem as Obras Missionárias Pontifícias na mensagem para o Dia Mundial das Missões.

Os institutos missionários – que foram os protagonistas da missão do século XIX e parte do XX – depois do Vaticano II passaram o estandarte do protagonismo às igrejas locais, onde se inserem, de que são parte e que servem.

Não quer dizer que os institutos missionários cumpriram a sua missão e que expirou o seu prazo de validade. Tanto os institutos missionários como as obras pontifícias são elementos acessórios no processo de evangelização, não são atores. Cumpre-se a palavra de João em relação a Jesus: «É necessário que ele cresça e eu diminua» (João 3:30).

Uma nota eclesiológica: o Papa define a IGREJA como uma casa para muitos, mãe para todos os povos, parteira de um mundo novo, como Maria, «modelo de uma evangelização humilde e jubilosa.»

Um Dia Mundial das Missões muito feliz para ti.

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