25 de maio de 2014

CINCO NOVIÇOS DIZEM SIM


Cinco jovens fizeram a sua primeira profissão religiosa depois de dois anos de formação específica para a vida missionária comboniana.

Os noviços Alessio Geraci, Mario Pellegrino e Stefano Trevisan, da Itália, e Gribeti Juliasse Pofo e Mponda João Mponda, de Moçambique, professaram os votos de castidade, pobreza e obediência a 24 de Maio, no noviciado europeu dos Missionários Combonianos em Santarém.

O P. João Munari, Superior Provincial dos Missionários Combonianos em Itália, presidiu à celebração.

O P. Alberto Vieira, Missionário Comboniano da Trofa a trabalhar em Moçambique, recebeu os votos dos candidatos moçambicanos.

O superior da província de língua alemã, P. Karl Peinhopf, encarregado da formação a nível de provinciais europeus, também marcou presença.

Meia dúzia de familiares, incluindo um pároco, deslocaram-se da Itália para tomarem parte na celebração que contou com a presença de muitos membros da família comboniana em Portugal, amigos dos neo-professos e vizinhos.

A Banda Missio, que prepara o lançamento do seu CD ConTigo a 19 de Junho na Casa da Música, no Porto, animou a celebração.

Os cinco novos combonianos escreveram na mensagem de boas vindas: «É com muita alegria que vos recebemos nesta nossa e vossa casa, neste dia tão importante para nós. Hoje alegramo-nos por termos tido a possibilidade de partilhar convosco o nosso percurso formativo em preparação para a missão.»

«Somos conscientes que a nossa consagração não representa o ponto final, mas antes a continuação do nosso compromisso de partilhar a nossa vida na construção do Reino, seguindo Jesus casto, pobre e obediente, nas pegadas de São Daniel Comboni» - prosseguiram.

E concluíram: «Desejamos-vos o melhor de Deus para as vossas vidas e como nos convida o Papa Francisco: “tenham a coragem de serem felizes!”.»

No fim da celebração, o padre mestre José Juan Valero surpreendeu os participantes com uma mensagem do Papa Francisco aos neo-professos.

Depois de um período de férias em família, os cinco neo-professos continuam o curso de teologia: o Mpanda e o Alessio no Peru, o Stefano na Itália, o Mario na África do Sul e o Gribeti no Brasil.

Antes da ordenação sacerdotal vão fazer dois anos de serviço missionário.

Entretanto, os cinco noviços do primeiro ano, três moçambicanos, um italiano e outro polaco, iniciam a fase da experiência pastoral e de vida comunitária.

Em Outubro, três postulantes moçambicanos e um português começam o noviciado.

22 de maio de 2014

A MISSÃO TAMBÉM DÓI


Mongoumba é uma missão no coração da selva da República Centro-Africana que faz fronteira com o Congo-Brazzaville e Congo democrático. Está ladeada por dois grandes rios, Lobaye e Oubangui, que desaguam no Rio Congo e que isolam a missão do resto do país. Mas Mongoumba também é uma fronteira missionária, já que é caracterizada por uma realidade de primeira evangelização, no contacto com o povo pigmeu-Aka.

Numa pastoral de proximidade com o povo pigmeu-Aka a nossa ação desenvolve-se sobretudo nas áreas da saúde e educação. Do meu trabalho no âmbito da sensibilização para a saúde faz parte a visita periódica aos acampamentos o que tento fazer sempre que posso, mas não faço com a frequência que gostaria.

Nos últimos meses visitei alguns doentes que habitam em acampamentos próximos, mas a experiencia deixa as suas marcas devido à nossa impotência/incapacidade perante as condições de vida desta gente tão simples que vive e morre tendo como cama duas folhas de palmeira e um pequeno pano para se cobrir. Foi o caso de Telapé e da sua mãe já idosa, ambos doentes em estado grave, regressados ao acampamento depois de algumas semanas passadas na floresta. Fui chamada para os visitar devido à relação próxima de Telapé, com a missão, desde há alguns anos. Antes de partir tinha passado por nossa casa para vender uns pés de bananeira e pedir um pouco de sal. Tentei dissuadi-lo de ir, mas o apelo da floresta sobrepõe-se a tudo!

Fui encontra-los numa pequena cabana construída pelos vizinhos, deitados por terra em cima de duas folhas de palmeira; desidratados, magros e com feridas, algumas de lesões antigas de lepra. Devido ao estado em que se encontravam foi decidido, de acordo com o chefe do acampamento, não os transportar para o hospital. Lavamos e desinfectámos as feridas… deixei alguns medicamentos, soro para hidratação oral e arroz… regressamos a casa pedindo a Deus que não chovesse.

Como tinha ficado combinado voltei passados dois dias. Mal desci do carro vieram dizer-me que o Telapé tinha morrido, mas não, ainda respirava, mas estava agonizante e morreu pouco depois; ao lado a mãe estava um pouco melhor, mas ainda em estado crítico. A família e vizinhos preparavam o hangar para as cerimónias fúnebres…

Vivemos numa realidade dura que não podemos mudar, mas gosto do país, gosto das pessoas, gosto do que faço.

Há dias bons e outros menos bons, por vezes muitas dúvidas quanto a este projeto, de que sou apenas um instrumento no terreno, sou uma convidada a participar nesta missão do Senhor... por isso e tudo o mais dou graças a Deus!
                  Élia Gomes, Leiga Missionária Comboniana na República Centro-Africana

20 de maio de 2014

D. EURICO DIAS NOGUEIRA


D. Eurico Dias Nogueira, arcebispo emérito de Braga, faleceu na segunda-feira aos 91 anos de idade.

Nasceu em Dornelas do Zêzere, Pampilhosa da Serra, a 6 de Março de 1923 e foi ordenado padre em Roma, Itália, a 22 de Dezembro de 1945.

A 6 Dezembro de 1964 foi sagrado bispo de Vila Cabral, mais tarde Lichinga, no norte de Moçambique e participou no Concílio Vaticano II.

Lichinga é uma área com forte presença muçulmana. D. Eurico manteve com eles um diálogo muito forte. Os muçulmanos diziam que o bispo tinha um coração do tamanho do seu grande corpo.

Em 1972, Paulo VI nomeou-o bispo de Sá da Bandeira, mais tarde Lubango, em Angola.

Resignou em 1977 e veio para Coimbra.

Conheci-o nessa altura quando estudava filosofia e impressionou-me a paz e tranquilidade que transmitia.

A 5 de Novembro desse ano foi nomeado arcebispo-primaz de Braga.

Resignou em 1999 devido à idade.

O Direito Canónico, a legislação da Igreja, exige que um bispo resigne quando atingir os 75 anos.

17 de maio de 2014

SOLIDARIEDADE, PAZ, ESPERANÇA

O P. Raimundo Rocha, comboniano brasileiro,
celebra a 5ª feira Santa no campo de deslocados da ONU em Juba

Representantes dos 29 institutos religiosos presentes no Sudão do Sul publicaram uma mensagem de solidariedade, paz e esperança em tempos de crise e violência, porque «não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (Actos 4: 20).

As 75 religiosas e religiosos reuniram-se em Juba em assembleia anual de 13 a 15 de Maio para reflectir nas comunidades eclesiais de base como nova maneira de ser Igreja e povo de Deus.

Na mensagem, escrevem que «como vossos irmãos e irmãs, estamos conscientes de cada criança, cada mulher, cada homem, cada ancião que estão a ser afectados pela violência no Sudão do Sul durante os últimos cinco meses.»

«O sangue de milhares de inocentes clama por justiça», proclamam.

O Sudão do Sul está envolto numa luta violenta pelo poder com contornos étnicos dentro do partido do governo que desde 15 de Dezembro já matou mais de 20 mil pessoas e deslocou, 1,2 milhões.

Os signatários oferecem orações pelas vítimas «desta violência sem sentido» e manifestam solidariedade com os desalojados nas florestas, pântanos, bases da ONU e nos países vizinhos.

Também se solidarizaram com os missionários e missionárias que foram afectados pela violência em Malakal, Leer, Ayod e Renk e o pessoal da diocese de Malakal onde só há uma paróquia em funcionamento.

As religiosas e religiosos louvaram o esforço das igrejas e das agência humanitárias para assistirem as vítimas de cinco meses de violência através da comida, abrigo e cuidados de saúde.

«Nós condenamos energicamente todas as espécies de violência e atrocidades cometidas pelas forças do governo e pelos grupos rebeldes», escrevem, «bem como todas as formas de corrupção, nepotismo, ganância e luta pelo poder às custas de milhares de vidas inocentes.»

Pediram às partes beligerantes para honrarem o acordo de cessação de hostilidades assinado a 9 de Maio em Adis-Abeba para resolverem a crise e procurarem uma paz sustentada e reconciliação través do diálogo político.

Exigiram que as forças do governo e dos rebeldes sejam disciplinadas e mantidas sob controlo.

Os signatários recordaram que «Deus criou pessoas de cada clã, tribo e nacionalidade para viverem em paz, harmonia e unidade.»

Terminam com um apelo veemente em favor da paz: «nós dizemos não a todas as formas de violência ou qualquer acção que degrada a vida humana e a sua dignidade. Demasiado sangue foi derramado nesta terra. Demasiadas vidas foram perdidas. Demasiada destruição aconteceu. Nós queremos paz, estabilidade e desenvolvimento para todos os cidadãos da nossa jovem nação.»

16 de maio de 2014

SUDÃO CONDENA GRÁVIDA CRISTÃ


Um tribunal sudanês condenou à morte uma grávida por ter recusado abandonar a fé cristã.

Meriam Yehya Ibrahim tem 27 anos, está grávida de oito meses e encontra-se detida juntamente com um filho de 20 meses.

O tribunal condenou Meriam à morte na quinta-feira por apostasia e ao chicote por adultério, disse a Amnistia Internacional.

Meriam foi condenada à morte por enforcamento depois de recusar abandonar a fé cristã.

Também é acusada de adultério por ter casado com um homem cristão.

Meriam foi educada pela mãe na fé cristã ortodoxa, porque o pai, muçulmano, esteve ausente na sua infância.

Foi presa em Agosto de 2013 depois de um familiar a acusar de adultério por ter casado com um cristão.

O tribunal acusou-a de apostasia em Fevereiro quando ela se declarou cristã e não muçulmana.

Manar Idriss, que investiga o Sudão para a Amnistia Internacional, disse que «o facto de que a mulher foi condenada à morte pela sua escolha de religião e à vergasta por ser casada com um homem de uma alegada religião diferente é aterrador e aberrante. Adultério e apostasia são actos que não deviam ser considerados crimes. É uma violação flagrante da lei internacional dos direitos humanos.»

14 de maio de 2014

ALEPO TEM SEDE

Aos meus irmãos e amigos,

Sou o Irmão Marista Georges Sabe, vivo em Alepo (Síria).

O meu povo está a sofrer há mais de três anos uma guerra civil atroz. A cidade de Alepo, a minha cidade onde cresci e onde vivo agora, está sofrer terrivelmente.

Como acontece com mais de dois milhões de habitantes (recém-nascidos, crianças, jovens adultos e idosos) da minha querida cidade, os Maristas azuis “TEMOS SEDE”.

Os rebeldes cortaram a água...

Há dez dias que não temos uma única gota de água!

Um vergonha!

Necessitamos do vosso apoio!

VOCÊS PODEM FAZER ALGUMA COISA!

Não é possível calar sem ser cúmplices...

AJUDAI-NOS A DAR CONHECER O QUE ESTÁ A SOFRER HOJE A CIDADE DE ALEPO.

ALEPO TEM SEDE...

ALEPO ESTÁ A MORRER CASTIGADA...

É UMA VERGONHA NO SÉCULO XXI ASSISTIR À AGONIA DE TODO UM POVO NO MEIO DA INDIFERENÇA MUNDIAL.

POR FAVOR, NECESSITAMOS O VOSSO APOIO.

NECESSITAMOS O VOSSO APOIO.

NECESSITAMOS O VOSSO APOIO.

ESCREVEI AOS VOSSOS POLÍTICOS, AOS MEDIA, ÀS ASSOCIAÇÕES HUMANITÁRIAS MUNDIAIS E LOCAIS.

FAZEI CAMPANHAS NAS REDES SOCIAIS, NÃO É POSSÍVEL CALAR SEM SER CÚMPLICES.

COMO É QUE SE PODE DIZER A UMA CRIANÇA QUE DEUS O AMA QUANDO SOFRE DE SEDE?

COMO É QUE SE PODE DIZER A UMA CRIANÇA QUE DEUS O AMA QUANDO TEM MEDO?

COMO É QUE SE PODE DIZER A UMA CRIANÇA “DEUS AMA-TE” QUANDO TUDO O QUE VIVE É INUMANO?

POR FAVOR, DESDE O MAIS PROFUNDO GRITAMOS COM O POUCO DE VOZ QUE NOS RESTA...

AJUDAI-NOS A ESCOLHER A VIDA E NÃO A MORTE...

FAÇAM ALGUMA COISA...

Podeis seguir a evolução da situação na nossa página de Facebook: Maristes alep.

OBRIGADO POR TUDO O QUE FIZERDES PARA SALVAR O NOSSO POVO.

10 de maio de 2014

SUDÃO DO SUL ACORDA PAZ


O presidente Salva Kiir Mayardit e o líder rebelde e ex-vice presidente Riek Machar Teny assinaram a 9 de Maio em Adis-Abeba, Etiópia, um acordo de paz para por termo a quase cinco meses de conflitos sangrentos que mataram mais de 20 mil e deslocaram 1,2 milhões de pessoas no Sudão do Sul.

Kiir, Machar, o arcebispo católico Paolino Lokudu Loro de Juba e o Arcebispo Primaz da Igreja anglicana no Sudão do Sul Daniel Deng Bul seguraram as mãos em oração na presença de muitas testemunhas minutos antes de os dois líderes discutirem e assinarem o acordo de paz.

Os dois líderes concordaram em cessar todas as hostilidades em 24 horas, congelar as forças nas posições atuais e formar um governo de unidade nacional envolvendo as duas fações do SPLM, o partido do poder, os 11 elementos do SPLM que tinham sido presos acusados de promoverem um golpe de estado, os partidos da oposição e a sociedade civil, incluindo as igrejas.

Os dois líderes também se comprometeram a operacionalizar o Mecanismo de Monitorização e Verificação da IGAD e criar corredores para facilitar o acesso da ajuda humanitária a todas as populações afetadas pelo conflito.

O governo transitório de unidade nacional vai implementar as reformas críticas negociadas através do processo de paz e supervisionar o processo constitucional e orientar o país até às eleições em termos a negociar através de um processo liderado pela IGAD.

Kiir e Machar devem reunir-se dentro de um mês sob os auspícios da IGAD.

1 de maio de 2014

ORAÇÃO, FAMÍLIA E MISSÃO


O bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, apresenta o tema de formação 
aos participantes no 7º Encontro Nacional dos COM


Estamos a celebrar o Sétimo Encontro Nacional dos Cenáculos de Oração Missionária – ou COM – no Seminário das Missões em Viseu no dia em que a Igreja celebra a Memória de São José Operário, o artesão de Nazaré, que ensinou a profissão e a vida a Jesus. A celebração é recente: foi estabelecida pelo Papa Pio XII em 1955 para dar uma dimensão cristã à Festa do Trabalhador.

Diz a Constituição Gaudium et spes, A Igreja no mundo atual, do Concílio Vaticano II no número 34: «Os homens e as mulheres que, ao ganhar o sustento para si e suas famílias, de tal modo exercem a própria atividade que prestam conveniente serviço à sociedade, com razão podem considerar que prolongam com o seu trabalho a obra do Criador, ajudam os seus irmãos e dão uma contribuição pessoal para a realização dos desígnios de Deus na história.»

O trabalho além de um dever e uma necessidade, é um direito. Através do trabalho, as pessoas cumprem a vocação de serem criativos, cocriadores com Deus. O sistema económico instituído quer-nos só consumidores e mantém os índices de desemprego elevados. Como para consumir é preciso dinheiro, subsidiam o desemprego. Mas os consumidores não são felizes. Dizia um cartaz que vi na Sé de Milão, Itália: «Não trabalhar cansa.»

Na primeira leitura, tirada do capítulo terceiro da Carta de Paulo aos habitantes de Colossos, uma pequena cidade da Ásia Menor, encontramos os ingredientes para uma vida boa: caridade, paz, gratidão a Deus, para trabalhar de boa vontade como serviço ao Senhor Jesus.

O Encontro Nacional dos COM decorre sob o tema «Oração, família e missão», um tríptico muito importante que vamos refletir juntos.

Os COM são um modo de ser missionários em rede capilar com 27 anos de vida que nasceu em Portugal através da intuição carismática do P. Caudino Ferreira Gomes e se estendeu a muitos países incluindo a RD Congo, Brasil, Itália, Inglaterra e Colômbia.

A metodologia dos COM enraíza-se em São Daniel Comboni. Ele escrevia imenso para levar a Nigrícia à Europa e trazer a Europa à Nigrícia. A 4 de Abril de 1869 escreveu uma carta à Abadessa Maria Michaela Müler de Salzburgo, na Alemanha. Noticiava e refletia sobre a morte de Petronila Zenab, uma jovem Sudanesa educada pela madre que depois foi para o Cairo trabalhar com os missionários. No fim da missiva ele escreve: «Estou certo de que encontrará nestas breves notícias motivo e estímulo para a oração» (Escritos 1890). É esta a dinâmica dos COM: cruzar na oração as narrativas missionárias com a palavra de Deus como forma de estar em missão.

A família é outro dos elementos do tríptico deste encontro nacional.

O Papa Francisco escreve na exortação apostólica A alegria do Evangelho ou Evangelii gaudium que a família é «célula básica da sociedade, o espaço onde se aprende a conviver na diferença e a pertencer aos outros e onde os pais transmitem a fé aos filhos» (EG 66). Numa palavra, a família é a primeira escola da vida e os pais não podem delegar na escola e na catequese o dever de fazer crescer os filhos.

O Papa argentino reconhece que a família atravessa uma crise cultural profunda devido à fragilidade dos vínculos. Aponta o dedo acusador ao «individualismo pós-moderno e globalizado – que eu chamo de euismo – [que] favorece um estilo de vida que debilita o desenvolvimento e a estabilidade dos vínculos entre as pessoas e distorce os vínculos familiares» (EG 67) e contrapõe «uma comunhão que cura, promove e fortalece os vínculos interpessoais» (EG 67) como remédio exigido e incentivado por Deus.

Diz-se com razão que uma família que reza unida permanece unida. O que nos leva ao outro elemento do tríptico que preside a encontro nacional.

A oração é um ingrediente-chave para ultrapassar a crise da família, reduzia à expressão mínima e desestruturada pelo individualismo contemporâneo globalizado. Na minha família, havia e há o hábito de rezar o terço juntos. Quando era pequeno fazíamo-lo à noite depois da janta, muitas vezes com as palavras a perderem-se em monossílabos ensonados.

A oração era um elemento essencial no quotidiano de São Daniel Comboni. Em 8 de Setembro de 1869, escreveu a Dom Luís Canossa, bispo de Verona: «A omnipotência da oração é a nossa força» (Escritos 1969). Dois parágrafos acima, tinha dito que oração e cruzes eram «duas coisas que nos são muito queridas» (Escritos 1967).

Quando penso nas viagens missionárias intermináveis e cansativas na Europa e na África – «a missão mais árdua, laboriosa e vasta da Terra» (Escritos 2987), nas imensas dificuldades que enfrentou sem virar costas, estou convencido que foi a oração que manteve Comboni no caminho até 10 de Outubro de 1881 quando as fadigas apostólicas e as doenças tropicais lhe apagaram a vida.

Os COM oferecem um modo de viver a vocação missionária de cada batizado que o abre ao Outro e aos outros.

Como ouvimos na primeira leitura, «tudo o que fizerdes, por palavras ou por obras, seja tudo em nome de Jesus» (Colossenses 3:17). Na comunhão com Jesus não estamos sozinhos, mas encontramos uma multidão de irmãs e irmãos, porque nós não nos salvamos sozinhos mas como família de Deus.

«Nós, cristãos, insistimos na proposta de reconhecer o outro, de curar as feridas, de construir pontes, de estreitar laços e de nos ajudarmos “a carregar as cargas dos outros”», proclama o Papa Francisco na sua exortação apostólica (EG 67).

O evangelho de hoje conta que os nazarenos não beneficiaram da passagem de Jesus pela cidade galileia onde cresceu, porque não foram capazes de ir além das suas idiossincrasias, de despir o preconceito e validar o assombro gerado pela sabedoria e pelos milagres do «filho do carpinteiro» (Mt 13:55).

O homem não é o lobo do homem nem o outro é o meu inferno. Antes, em Jesus somos todos irmãos e caminho para Deus. Os COM têm o condão de nos abrir a Deus, aos irmãos de perto e de longe e fazer de nós uma família de missionárias e missionários pela oração e compromisso com as realidades dos mais pobres e abandonados.

São Daniel Comboni escreveu: «A oração de tantas almas tem que encontrar resposta no Coração Sacratíssimo de Jesus com um dar a quem pede e um abrir a quem bate» (Escritos 1889).

Que São João XIII, o papa da docilidade ao Espírito, e São João Paulo II, o papa da família, juntamente com São Daniel Comboni, Santa Josefina Bakhita e todos os santos mártires missionários e missionárias, intercedam por nós e por todos os membros dos COM.