3 de julho de 2013

VIDA SELVAGEM

África continua a vender bem como destino turístico exótico e erótico para quem pretende uma experiência de vida selvagem.

Recentemente, uma agência de viagens mandou-me uma publicidade para participar numa expedição fotográfica de uma semana em tenda entre os Mundaris – onde os Combonianos têm uma missão – com o valor acrescentado de que aquele povo vive isolado e mantém as tradições, língua e roupas – ou a falta delas. Preço: 2230 euros.

O anúncio caracteriza de certa forma a oferta do turismo africano: experiências únicas e radicais entre povos e paisagens quase em estado puro, por um preço a condizer. Os turistas querem ver os grandes animais nas savanas, desfrutar das praias, monumentos, fazer experiências de imersão cultural e… sexo. O turismo sexual é mais forte nas praias da África Oriental, onde os europeus maduros, sobretudo italianos e ingleses, mulheres e homens, «alugam» um parceiro jovem local para passarem umas férias eróticas.

A África continua a atrair como destino turístico – em 2009 recebeu 58 milhões de visitantes – e os cinco países mais visitados são Egipto, África do Sul, Marrocos, Tunísia e Maurícias. Os visitantes vêm sobretudo da Europa e dos Estados Unidos, mas os chineses também começam a explorar as maravilhas africanas. Voos diretos entre Joanesburgo e Pequim ou Hong Kong ajudam.

A Organização Mundial do Turismo, uma agência das Nações Unidas, diz que a África foi uma das regiões turísticas que cresceram mais rapidamente na última década. Em 2012, o turismo africano cresceu cinco por cento, acima dos quatro por cento da média mundial.

A indústria turística e de viagens é um dos sectores vitais da economia africana. Emprega cerca de 7,7 milhões de trabalhadores – e, em 2011, gerou 36 mil milhões de euros. Metade do produto interno bruto das ilhas Seicheles e cerca de um terço do de Cabo Verde é gerada por fontes relacionadas com o turismo. O Ruanda, Uganda e RD do Congo fizeram mais de 173 milhões de euros com as excursões aos gorilas-das-montanhas.

A indústria turística africana enfrenta alguns desafios concretos: a Primavera Árabe – que também é africana, em 2011, gerou uma quebra de 12 por cento de visitantes no Norte de África. O continente necessita de investir na segurança, saúde, higiene, educação, infraestruturas, estradas e aeroportos para atrair mais visitas e tornar os aviões e o espaço aéreo mais seguros.

Especialistas dizem que a indústria tem de diversificar para atrair mais visitas ao continente, passando da oferta de safaris – uma das grandes atracções da África, de norte a sul, para um turismo de natureza e de cultura. A África é rica em paisagens únicas e diversificadas, em ecossistemas espectaculares que podem ser desfrutados através do ecoturismo. Na cultura, os festivais de cinema africanos estão a atrair mais e mais participantes. Os festivais podiam ser alargados a outras áreas culturas como a música, literatura, artes tradicionais e gastronomia, para mencionar apenas alguns sectores promissores.


O turismo interno é outro sector a explorar. A África é uma das economias mundiais em maior expansão e está a gerar uma classe média com bastante poder económico. Os operadores turísticos deviam aproveitar a maré para criar roteiros que favoreçam a africanidade.

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