30 de maio de 2013

GRANDE MURALHA VERDE



Os Chineses construíram a Grande Muralha para protegerem o Império do Meio das hordas invasoras. Os Africanos estão a plantar a Grande Muralha Verde para parar o deserto e combater a pobreza.

O programa envolve onze países africanos e pretende contrariar os efeitos da desertificação com um corredor de sete mil e setecentos quilómetros de comprimento e quinze de largura de vegetação diversa começando no Senegal e passando pela Mauritânia, Mali, Burkina Faso, Níger, Nigéria, Chade, Sudão, Etiópia e Eritreia e terminando no Jibuti cobrindo uma área de mais de 11,5 milhões de hectares.
Os povos que vivem na orla dos desertos do Sara e Sahel testemunharam mudanças profundas do clima no último quarto de século com secas prolongadas e baixa de precipitação, o que afectou e empobreceu os modos de vida tradicionais.
O ex-presidente Olusegun Obasanjo da Nigéria foi o pai da ideia da Grande Muralha Verde em 2005, que Abdoulaye Wade do Senegal apadrinhou. Em 2007, a União Africana apoiou a decisão de construir o grande muro e três anos mais tarde os onze países envolvidos no grande empreendimento ecológico assinaram a Convenção de Nedjadema pela qual criaram a Agência da Grande Muralha Verde.
A plantação de vegetação tem duas vantagens: segura os ventos secos e arenosos do deserto e mantém a humidade da terra e do ar, favorecendo as chuvas e a agricultura. O muro vegetal vai baixar a erosão, favorecer a biodiversidade e controlar as mudanças climáticas.
O Senegal já iniciou a plantação da cintura verde e os agricultores já colhem frutos e vegetais na sequência da reposição dos ecossistemas originais que a agricultura intensiva, a criação de gado, a desflorestação e as secas destruíram dando lugar às dunas do deserto.
A Grande Muralha Verde é um projecto caro: a factura deve chegar aos dois mil milhões de dólares. Mas é um investimento que vai fazer a diferença para as comunidades que vivem nas margens do Sara e do Sahel. O deserto já cobre dez por cento da área da África e tende a crescer a sul.

9 de maio de 2013

NOTÍCIAS CATÓLICAS AFRICANAS


Padre Onyalla aos microfones da Rádio Boa-Nova, em Rumbek

Os bispos católicos da África deram o primeiro passo para estabelecerem uma agência católica de notícias continental com a nomeação do coordenador do projeto. 

O arcebispo Charles G. Palmer-Buckle de Acra, Gana, nomeou o padre Don Bosco Ochieng Onyalla coordenador da Agência de Notícias Católica para a África (CANAA na sigla em inglês) a 2 de Maio.
Dom Charles é o Presidente Interino da Mesa de Diretores da CANAA e o tesoureiro do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagáscar.
CANAA fica sediada em Nairobi, a capital queniana, e tem por missão preparar e distribuir notícias sobre as Igrejas locais de África e de interesse para elas através de uma página na internet.
O Padre Onyalla foi mandatado para iniciar contactos com outros canais católicos de informação na África e com potenciais parceiros para apoiar as atividades da nova iniciativa de informação africana.
O coordenador da CANAA é queniano mas pertence ao clero da diocese de Rumbek, no Sudão do Sul. Iniciou a Rádio Boa-Nova da diocese e foi o seu diretor até Outubro do ano passado.

3 de maio de 2013

CHINÁFRICA


O novo presidente chinês incluiu três países africanos na primeira visita oficial ao estrangeiro, prova da importância estratégica da África para a China nos próximos dez anos.

Xi Jinping iniciou o mandato de presidente da China a 14 de Março de 2013 e dez dias depois já se encontrava na Tanzânia (na foto). Antes esteve na Rússia. Seguiram-se passagens pela África do Sul e a RD do Congo.
A China mantém relações com a África desde os anos 50, através do apoio a movimentos independentistas, e mais tarde da construção de estradas, caminho-de-ferro e oleodutos, para chegar aos campos de petróleo e às minas de cobre e urânio que alimentam a sua revolução industrial. Um milhão de chineses trabalha em África na construção e minas, mas o Governo invoca também que em meio século enviou 18 mil médicos para o continente, que trataram 250 milhões de pacientes. Em Juba, onde vivo, há pelo menos uma clínica e dois hospitais chineses em pleno funcionamento.
As trocas comerciais entre o continente e a China rondam os 200 mil milhões de dólares, com um ligeiro balanço a favor da África. Os Chineses importam crude, minerais, metais e madeira e exportam maquinaria, têxteis, meios de transporte, metais, plásticos e borrachas, muitas vezes de qualidade duvidosa – uma troca que Lamido Sannsi, governador do Banco Central da Nigéria, classificou de colonialista. O presidente do Botsuana, Ian Khama, também criticou a qualidade da construção civil chinesa no seu país.
A visita do presidente Jinping à África insere-se no contexto de uma relação comercial privilegiada, considerada desequilibrada por algumas vozes do continente. Em Dar-es-Salam, tentou traçar a nova política chinesa para a cooperação com a África, alegando tratar-se de uma forma de o continente «partilhar o sonho chinês». Reafirmou a proverbial não ingerência em assuntos internos e descreveu a cooperação com a África como uma relação entre iguais, «amigos de confiança e parceiros sinceros» que vivem um momento único: a África é das regiões que registam, na esteira da China, maior crescimento económico.
O presidente encontrou-se com 14 dirigentes africanos à margem da reunião dos países com economias emergentes, os BRICS (Brasil, Rússia, India, China e África do Sul), em Durban, na África do Sul, e assinou dezenas de acordos nas áreas do comércio, energia, ciência, agricultura, tecnologia e cultura.
Em Dar-es-Salam tinha dito que «a unidade e a cooperação com os países africanos têm sido um fundamento importante na política externa da China, que nunca irá mudar, mesmo que a China se fortaleça e reforce o seu estatuto internacional». E frisara que, como sempre, em troca não exigiria quaisquer condições. Ora, é disto que os dirigentes africanos gostam: ajudas em condições favoráveis e sem exigências de respeito pelos direitos humanos, boa governação e democratização. E que convém ainda mais à China, que necessita como pão para a boca de abundantes matérias-primas para manter a sua economia a crescer.