4 de dezembro de 2012

CEM ANOS DE FÉ



A Igreja universal está a celebrar o Ano da Fé, mas a Igreja de Tombura-Yambio, no Sudão do Sul celebra cem anos de fé a 12 de Dezembro em Mupoi.
Os Missionários de Comboni sonhavam com a evangelização dos Zande no Sudão do Sul desde 1894 mas tiveram que esperar 18 anos para cumprir o projeto. A primeira missão começou a 24 de Dezembro de 1912 em Mupoi com missionários vindos de Wau. Desde então a presença católica entre o povo Zande é uma história de sucesso. O Padre Joaquim Valente, que trabalha nos arquivos combonianos de Roma, considera os que os Zandes do Sudão do Sul e da RD Congo foram dos povos que melhor responderam à atividade evangelizadora dos Missionários Combonianos.
Dezenas de missionárias e missionários, incluindo o português padre Horácio Rossas, deram o seu melhor para viverem o Evangelho com os zandes, um povo industrioso e alegre que se dedica à agricultura. O segundo bispo zande de Tombura-Yambio, Dom Eduardo Hiiboro Kussala, chamou-os de gigantes da evangelização. Dois missionários merecem destaque: o padre Ernesto Firisin, que começou a presença católica em Wau e em 1913 se mudou para Mupoi onde a morte o encontrou em 1961; e o padre Filiberto Giorgetti. Os zande chamavam ao padre Ernesto Basangambori, «o homem da palavra de Deus», pelo seu zelo evangelizador. O Padre Filiberto, musicólogo e antropologista, fez um trabalho impar de inculturação da liturgia utilizando cânticos e danças da tribo.
Hoje, a diocese tem 16 paróquias e 14 quási paróquias e conta com 50 padres locais. Está empenhada em testemunhar o amor de Deus e defender a dignidade humana e oferece serviços sociais através dos departamentos de saúde, educação, justiça e paz, subsistência sustentada, água e sanidade, sida, comunicações – em que se destaca a Anisa FM, emergência humanitária, mulheres e família. A Igreja mantém um grande número de jardins-de-infância, escolas primárias e secundárias e abriu inúmeros poços para assistir as populações.
O programa de preparação para a festa dos cem anos da fé começou em Dezembro de 2011 sob o lema «A diocese veio de longe e tem um longo caminho a fazer» com a iniciativa da cruz centenária que visitou todas as comunidades cristãs até chegar a Mupoi . O seminarista Eliario Zambakari – o porta-voz da diocese – escreveu que durante a visita da cruz mais de cinco mil pessoas entregaram apetrechos usados em bruxaria. E disse que muitas pessoas foram curadas por terem tido a coragem de tocar a cruz enquanto outras cegaram ou enlouqueceram por recusarem a abandonar as práticas de feitiçaria.

25 de novembro de 2012

TEOLOGIA

A secção de Teologia do Seminário Maior Nacional voltou a Juba depois de 20 anos de exílio em Cartum.

A missa de abertura do novo ano académico foi presidida pelo bispo Rodolfo Deng de Wau na segunda-feira, 19 de Novembro de 2012.
O Seminário maior conta 37 seminaristas e um número de pessoal docente, incluindo um teólogo comboniano.
O Seminário Maior de São Paulo foi transferido de Juba para Cartum em 1992 por causa da guerra civil no Sudão do Sul.
Os bispos e líderes da diocese decidiram regressar a secção de Teologia a Juba durante a Assembleia Plenária de Outubro depois de um longo processo de discernimento: o Cardeal Gabriel Zubeir de Cartum não estava nada contente por perder o Seminário Maior nacional mas a maioria dos seminaristas vêm das dioceses do Sul e não havia condições para eles no Sudão devido às más relações entre os dois países.
A secção de Filosofia foi fechada – que já estava em Juba há mais de um ano – foi fechada por dois anos por indicação do Vaticano depois de uma visitação a Juba e a Cartum.

7 de novembro de 2012

MEMÓRIA

O padre José Ohrwalder escapou com duas irmãs e uma menina de Omdurman,
depois de dez anos de cativeiro
.

As Missionárias Combonianas celebram hoje a Memória das irmãs prisioneiras durante a revolução mahdista no Sudão.
O islamista Muhammad Ahmed declarou-se o mahdi, o guiado ou messias, que devia preparar a vinda de Deus através da instauração de uma república islâmica. Em Junho de 1882 começou a revolta mahdista contra os egípticos e ingleses que culminou com a tomada de Cartum em 1884.
Em Setembro de 1882, oito missionárias e três missionários nas estações de Delen e El Obeid, no Cordofão do Sul, foram presos e condenados à morte por não aceitarem converter-se ao islão.
A sentença, contudo, nunca foi executada, mas os missionários estiveram presos durante uma dezena de anos primeiro em El Obeid e depois em Omdurman, perto de Cartum. Uma irmã – Teresa Grigolini – teve mesmo que se casar com um comerciante grego para distrair as atenções do mahdistas que não entendiam a cosnagração virginal das missionárias.
Um irmão comboniano, que se fez passar por marido das irmãs, acabou por engravidar uma delas e fugiu. Tanto a mãe como o bebé morreram de fome abandonadas em Omdurman.
Outras duas irmãs e dois padres morreram durante o duro cativeiro devido à tortura, maus tratos e doenças. A irmã Amália Andreis foi a primeira a falecer no acampamento do Mahdi durante o cerco a El Obeid, a 7 de Novembro de 1882, quase 13 meses depois da morte do bispo Daniel Comboni.
A Irmã Paola Moggi disse-me que a memória é uma ocasião para celebrar as missionárias e missionários que permaneceram fiéis à vocação e à fé apesar das condições inumanas do cativeiro e regerssaram ao Sudão logo que o desvario mahdista terminou.
Sublinou que a memória era também uma oportunidade para as irmãs de hoje regressarem às origens, compreenderem melhor a profundidade da fé do grupo pioneiro,e fortalecer a visão e aprofundar a vocação e as motivações.

3 de novembro de 2012

THE CITIZEN



The Citizen parou hoje a sua luta diária contra a corrupção e a ditadura por estrangulamento económico.
Nhial Bol, o proprietário do único diário em inglês publicado no Sudão do Sul desde 2005, explicou na sua coluna Straight Talk - Falar Direito de terça-feira que The Citizen sessava publicação oficialmente a 3 de Novembro.
Razão: falta de dólares! Bol necessita de 30.000 dólares para comprar papel, tintas, chapas, sobresselentes e outros materiais no Uganda, mas o Banco Central do Sudão do Sul não o autoriza a sacar o dinheiro. Os stocks terminaram e a única solução foi encerrar o diário.
The Citizen era uma voz incómoda que questionava e desafiava o poder instituído em Juba. Bol foi levado inúmeras vezes a tribunal por causa das histórias que publicou.
Com o fecho, 78 empregados e 23 colaboradores perderam o trabalho. Quatrocentos ardinas também foram afetados.
The Citizen começou por ser impresso em Cartum, mas depois da independência do Sudão do Sul, a 9 de Julho de 2011, o diário montou uma rotativa em Juba, a única impressora comercial a funcionar no Sudão do Sul.
Bol tem uma televisão privada de sinal aberto, Citizen TV, pronta para funcionar antes do final do ano, para competir com a SSTV, a estação do Governo. O projeto conta com a assistência técnica de uma televisão privada do Quénia.