31 de dezembro de 2009

ROSTOS











Rostos de Tali © JVieira

29 de dezembro de 2009

NATAL













A preparação para o meu Natal começou no dia 22 com a viagem de Juba para Tali, a missão onde celebrei o nascimento do Senhor: cerca de oito horas aos pulos primeiro através de uma estrada de terra batida e depois por uma picada pelo meio da savana de Equatória Central com muitas árvores, erva alta seca e muito pouca vida selvagem.
A 40 quilómetros de Tali, um grupo de católicos recebeu-nos com cânticos: até me chamaram bispo e ofereceram-me um carneiro que tivemos que meter no jipe onde já íamos nove pessoas e muitas coisas mais!
Os cânticos de boas-vindas repetiram-se por mas duas vezes e chegámos a casa já noite com a janta pronta no baú de metal – para proteger a comida de roedores, formigas e insectos.
Tali é a minha ideia romântica de missão: 13 cabanas tradicionais, incluindo quartos, cozinha, refeitório, armazéns e despensa, uma capela e um poço com uma bomba manual, numa cerca de bambu – uma pequena aldeia africana mesmo.
O recinto está cheio de galinhas e galos que todos os dias passam a pente fino o chão arenoso e nos acordam bem cedo!
A missão é toda solar: desde à electricidade até a um fogão que parece uma parabólica gigante.
No dia 23, os soldados do Sul do Sudão chegaram à pequena localidade para recolher armas que os civis usam quando pastoreiam o gado e para se protegerem das razias das tribos vizinhas.
Tali é terra dos Mundari que mantêm uma relação beligerante com os Dinkas do vizinho estado dos Lagos.
Houve pancadaria valente nos civis que se recusaram a entregar a arma – normalmente uma AK 47, uma metralhadora mais conhecida por Kalashnilov – ou a dizer aos soldados onde a esconderam. Ao meio-dia tinham recolhido umas 50 armas, uma colheita fraca numa zona bem armada.
Pela manhã visitámos o mercado local – é a sala de visitas de qualquer aldeia africana – e a escola do governo, ou o que resta de uma série de construções semi-destruídas pela guerra civil de 21 anos.
De tarde fomos ajudar a buscar água ao rio para regar as papaieiras, pés de manga e outras fruteiras plantadas pelos meus colegas.
Uma novidade tecnológica: uma bomba tipo andadeira de um ginásio com duas válvulas a funcionar lindamente, um presente da UNICEF para incentivar a agricultura. Os Mundaris preferem a pastorícia. Só produzem amendoim e algum sorgo para fazerem cerveja e cachaça.
No dia 24 de manhã sentei-me com um jovem local para preparar a celebração da missa em Bari, a língua que os Mundaris falam. Tinham-me proposto que celebrasse a missa em inglês menos as partes dos diálogos com a assembleia. Como as pessoas não entendem inglês achei melhor celebrar a missa toda em Bari e tive que aprender a soletrar uma língua que não conhecia. Mas apesar da tensão, até me desenrasquei bem.
A missa do Natal foi por volta das 10h00 da noite e a capela de paus, barro e colmo estava cheia com muita gente no exterior.
A celebração correu bem com cânticos, danças, a minha homilia traduzida do inglês para Bari. Adorei voltar ao meio simples e natural de uma aldeia do interior: senti-me em casa.
No dia 25, celebrámos a missa de manhã e depois comemos a cabra do natal – o carneiro que me deram precisa de crescer mais um bocadinho – e à tarde foi a sesta geral.Depois fomos visitar o lugar onde as vacas pernoitam, «cattle camp» em inglês. Tinha umas 100 cabeças de gado. Deu para fazer uma fotos interessantes.
À noite, depois da janta, o irmão Damiano projectou um filme sobre a natividade de Jesus com tradução simultânea do inglês!
No dia 26, a caminho de Juba, celebrei a missa na velha missão de Tali, que os meus colegas construíram nos anos 50 e de onde foram expulsos pelos árabes cinco anos depois. Uma casa de tijolos com cinco quartos – embora sem tecto nem portas – mas ainda em muito bom estado, e uma igreja do mesmo material também sem tecto e com um muro a ameaçar ruína.
A aldeia mudou da antiga missão para o novo lugar porque na Tali-Velha não há água.
Depois da missa – e de uma galinha bem preparada para mata-bicho – lá nos pusemos a caminho para chegarmos a Juba a tempo da festa de Natal que o presidente do Sul do Sudão, General Salva Kiir Mayardit, deu para uma grupo de gente onde incluiu o pessoal da casa Comboni.
E antes tinha enviado 50 quilos de açúcar e 150 quilos de farinhas diversas além de garrafas de vinho de missa, de vinho de mesa e de whiskey. Bless you Mister President.
Voltando a Tali, a comunidade foi iniciada há ano e meio. Tem dois padres, o Markus, alemão de uns 30 anos que está de férias em casa, e o Pellerino, um italiano de 65 anos com um palmarés impressionante no sul do Sudão: foi prisioneiro do SPLA, administrador apostólico de Rumbek e recusou-se a ser bispo. Pega na moto com algumas coisas no saco e passa semanas de aldeia em aldeia a visitar as comunidades católicas dormindo onde calha e comendo o que lhe dão.
Depois há o irmão Damiano, um enfermeiro italiano, que além de manter a funcionar um pequeno ambulatório, também coordena as actividades de agricultura e de construção – estão a fazer uma casa de tijolo que deve estar pronta na Páscoa.
Finalmente, o Gregor é um alemão com sangue sul-coreano e está em Tali a fazer uma experiência de pastoral antes de ser ordenado padre. Dá apoio aos professores da escola primária do estado e substituiu os da secundária que se puseram a andar poucas semanas antes de chegarem a Tali – que um considerada por muitos para além do fim do mundo! O Gregor também visita as comunidades mais próximas da missão e bicicleta e anima a liturgia em Tali quando os padres estão fora.

22 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL


Este ano celebro o Natal no interior do Estado da Equatória Central, a 200 quilómetros de Juba, perto da fronteira do Estado dos Lagos.
Esta manhã parto com quatro colegas e duas visitas para Tali onde fico até sábado para celebrar o nascimento de Jesus com o povo Mundari.
Neste momento não há nenhum padre no centro da missão.
Volto sábado porque não passo abusar da paciência e do apoio dos colegas missionários e camarada jornalistas.

Até já e um Natal de Paz na ternura da
Família de Nazaré.

19 de dezembro de 2009

BOAS FESTAS

Um Santo Natal das pessoas e da Pessoa e sem tantas coisas. Que a Vida floresça, a Paz cresça, o Amor renove tudo e tu sejas feliz.

18 de dezembro de 2009

SALESIANOS



© JVieira

Os Salesianos de Dom Bosco (SDB) completaram hoje 150 anos.
A congregação foi fundada por São João Bosco e mais 17 companheiros em Turim, no Norte de Itália, a 18 de Dezembro de 1859 com o nome de Congregação de São Francisco de Sales.
Os salesianos, padres e irmãos, passam dos 16 mil. 1384 trabalham em África.
No Sudão são uma vintena e vivem em seis comunidades: Cartum (duas) e El Obeid (no Norte) e Wau, Tonj e Gumbo (Juba) no Sul. Em Julho contam estabelecer-se em Maridi, Equatória Ocidental.
O arcebispo de Juba presidiu à missa de acção de graças em Gumbo, esta manhã, juntando alguns padres e irmãs de Juba e um bom número de fiéis.
Dom Paolino Lukudu Loro desafiou os quatro salesianos que vivem naquela paróquia a santificarem-se enquanto cuidam dos pobres e dos jovens, seguindo o exemplo do fundador.
No Sudão, os salesianos estão empenhados em paróquias, escolas, centros juvenis e um centro de formação profissional. Em Janeiro, devem ter no ar a Rádio Dom Bosco, em Tonj, que aderiu à Rede Católica de Rádios do Sudão.
Em Gumbo, a cerca de 15 quilómetros de Juba, na outra margem do Nilo Branco, estão a dar os primeiros passos.
Para já montaram uma casa pré-fabricada e construíram um salão multiusos. A escola primária e a igreja são as próximas construções. Os alunos têm aulas em salas feitas de barro.
Também construíram uma escola primária em Mori, perto da capela, mas até esta semana estava ocupada pelo exército do Sul do Sudão. Um comandante decidiu montar o quartel na escola e os miúdos foram para debaixo dos pés de manga.

17 de dezembro de 2009

SORRISOS

Sorrisos novos da Zâmbia, num trabalho de Horácio Rossas, missionário comboniano.

PARABÉNS, ALICE

Alice Vieira está a celebrar 30 anos como escritora infanto-juvenil. Em 1979, publicou o livro «Rosa Minha Irmã Rosa», que lhe valeu o prémio de Literatura Infantil Ano Internacional da Criança.
Hoje conta com mais de 70 títulos e mais de dois milhões de exemplares vendidos, além de colaborar com revistas e jornais, entre os quais se encontra a «AUDÁCIA» onde mantém a rubrica «A Janela da Alice».
E vai marcar o feito com um novo título: «Meia Hora para Mudar a Minha Vida».
Alice disse aos jornalistas que o manuscrito foi escrito três vezes. Uma escritora exigente, mas de uma leveza extraordinária: admiro como entra no mundo infanto-juvenil, nos falares, nos tiques, nos temas, enfim: nas vivências.
«Meia Hora para Mudar a Minha Vida» deve chegar às lojas em Março, o mês em que é divulgado o nome do vencedor do Prémio Astrid Lindgren Memoria.
Alice está entre os 168 nomeados para o prémio internacional que distingue autores de literatura juvenil.
E diz que já está a preparar mais dois livros: histórias da Bíblia contadas às crianças e um romance de base histórica.
Alice, minha amiga querida, parabéns.
Ah! Acabei de ler «Vinte Cinco a Sete Vozes»! Que maneira tão inteligente e querida de falares do 25 de Abril.

15 de dezembro de 2009

COWROLLA


A África que eu amo!

ÓCULOS


Trago há muito esta estória para te contar.
Passou-se num sábado de Outubro depois de ter ido com duas missionárias combonianas à Escola Secundária Daniel Comboni para uma actividade de animação com os alunos.
Estávamos a regressar a casa, quando a uns 200 metros da escola um polícia de trânsito me apitou da varanda de uma loja onde se abrigava do Sol com uma colega.
Parei o carro e perguntei se me tinha mandado parar.
Disse que sim, que saísse e lhe levasse os documentos.
Como estava tudo em ordem começou a implicar com as minhas sandálias que segundo ele eram impróprias para conduzir porque eram abertas.
Respondi-lhe que tinham uma fita no calcanhar e por isso estavam fixas nos pés.
Olhou para mim de novo e saiu com uma sentença magistral: Tenho que te multar porque estás a usar óculos de sol e és já muito velho para isso.
Nem queria acreditar!
Insistia e eu disse-lhe para pôr os óculos, que não eram só de sol mas tinham lentes graduadas. Que não! Vais pagar a multa! E diz à tua mulher que saia do carro.
Respondi-lhe que a passageira não era minha esposa, mas uma irmã missionária e eu um padre. Ó padre, vai-te embora que estava a brincar contigo!
E passou-me a carta de condução e o livrete do carro para as mãos.
Uff! Meti-me no carro e pus-me a mexer antes que mudasse de ideias.
Mas não fui o único a passar por este aperto.
Algum tempo depois, durante um encontro de dois ministros com a comunidade diplomática em Juba o ministro dos Assuntos Internos pediu desculpa ao cônsul Etíope pela multa por usar «raybans»!

Só em Juba!

14 de dezembro de 2009

GLOBAL

A redacção da Cadeia de Rádios Católica do Sudão tornou-se global com a inauguração do seu sítio na Internet.
A página além das notícias produzidas pela redacção para as quatro estações da cadeia, tem ligações a páginas relacionadas com o Sudão (de rádios e agência) bem como com a África e a Igreja Católica.
Há também informação sobre a cadeia e uma ligação à página da Rádio Bakhita, de Juba.
O sítio precisa de ser afinado – aceitam-se sugestões – e entre outras novidades planeamos introduzir uma secção de documentos relacionados com a Igreja e as outras realidades do Sudão.

13 de dezembro de 2009

ALEGRIA

Refugiados Congoleses no Sul do Sudão © JVieira

Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!
Seja conhecida de todos a vossa bondade. O Senhor está próximo.
Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a acção de graças.
E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus.
(Filipenses 4, 4-7)

NADA TEMO


Um dos meus hinos preferidos da Liturgia das Horas na versão da Banda Jota! Obrigado, Elsa.

11 de dezembro de 2009

PESSOA

O Bispo do Porto D. Manuel Clemente, é o vencedor do Prémio Pessoa 2009, anunciou hoje o júri.
O prémio, no valor de 60 mil euros, é promovido pelo jornal Expresso, e patrocinado pela Caixa Geral de Depósitos.
Francisco Pinto Balsemão, presidente do júri, justificou a atribuição do Prémio Pessoa ao prelado dizendo que o bispo do Porto é «uma referência para a sociedade portuguesa.»
Balsemão explicou que a intervenção cívica de D. Manuel tem-se destacado por uma postura humanística de defesa do diálogo e da tolerância, de combate à exclusão e da intervenção social da Igreja.
E acrescentou: «Em tempos difíceis como os que vivemos actualmente, D. Manuel Clemente é uma referência ética para a sociedade portuguesa no seu todo.»
O Prémio Pessoa é atribuído anualmente à pessoa de nacionalidade portuguesa que durante esse período - e na sequência de uma actividade anterior - tiver sido protagonista de uma intervenção particularmente relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica do país.
Dom Manuel Clemente, 61 anos, é Licenciado em Teologia e História e Doutorado em Teologia pela Universidade Católica Portuguesa.
É bispo do Porto há dois anos. Antes era auxiliar do patriarcado de Lisboa. Conheci-o aí e admirei a sua craveira intelectual, o seu rigor e a sua atitude pastoral apesar de algum
conservadorismo à mistura.
Parabéns, Dom Manuel!

HÄFTLING

We are in fact convinced that no human experience is without meaning or unworthy of analysis, and that fundamental values, even if they are not positive, can be deduced from this particular world which we are describing. We would also like to consider that the Lager was pre-eminently a giant biological and social experiment.
Thousands of individuals, differing in age, condition, origin, language, culture and customs, are enclosed within barbed wire: there they live a regular, controlled life which is identical for all and inadequate to all needs, and which is more rigorous than any experimenter could have set up to establish what is essential and what adventitious to the conduct of the human animal is the struggle for life.

We do not believe in the most obvious and facile deduction: that man is fundamentally brutal, egoistic and stupid in his conduct once every civilized institution is taken away, and that the H
äftling is consequently nothing but a man without inhibitions. We believe, rather, that the only conclusion to be drawn is that in the face of driving necessity and physical disabilities many social habits and instincts are reduced to silence.
Primo Levi in “Survival in Auschwitz
Häftling means prisoner and Lager Nazi concentration camp

7 de dezembro de 2009

PARABÉNS

Happy birthday, Gina Michael

VIOLÊNCIA

HANNA FIORENTINO © CSierra

Juba foi sacudida hoje por uma onda de violência que também atingiu uma apresentadora da Rádio Bakhita.
Tudo começou com uma manifestação de estudantes. Os professores estão em grave há duas semanas para tentarem receber o salário de Outubro.
Uma delegação de alunos foi impedida de se encontrar com o governador de Equatoria Central, Clement Wani Konga, para encontrarem uma solução e poderem voltar às aulas.
Impedidos pela polícia, os estudantes começaram a correr pela cidade, a montar barricadas e a atirar pedras e garrafas a viaturas e a baterem em colegas que não aderiram aos distúrbios.
As ruas de Juba transformaram-se em campos de batalha entre estudantes, polícia de choque e tropas.
Foi nesta onde de caça aos desordeiros que um grupo de cerca de 20 polícias invadiu as instalações da Rádio Bakhita e bateu sem dó nem piedade na mais magra e mais doce apresentadora da estação: Hanna Fiorentino, uma estudante finalista de Comunicação Social na Universidade de Juba.
Um colega que tentou intervir para proteger Hanna também apanhou pela medida grande.
Uma manifestação brutal de violência despropositada e gratuita.
A jovem encontra-se em estado de choque depois da pancada que apanhou. Os agentes da ordem, com equipamento anti-motim, entrarem por uma abertura na vedação de bambu à procura de estudantes escondidos.
Hanna pode ter sido confundida por uma liceal, porque é muito magra.
A directora apresentou queixa à ministra do Género, que também detém a pasta das questões religiosas.
Entretanto, num bairro da periferia de Juba, chamado Lologu, os habitantes envolveram-se em cenas de violência. Um dos moradores disse que as pessoas não sabiam porque andavam à pancada umas com as outras.
Juba – e o sul do Sudão – têm vivido um mês de relativa calmaria. Mas hoje parece que tiraram o testo à panela de pressão.

6 de dezembro de 2009

TI CONSTANTINO

Querido Ti Constantino,
A Armanda mandou-me a notícia do seu falecimento: «Olá mano! As notícias não são boas: passados três meses e cinco dias o tio Constantino partiu para junto da tia Maria. Deus os tenha em eterno descanso. AMEN.»
Apesar de saber que depois da queda no Lar de Idosos foi internado no Porto e estava ligado ao ventilador, pensei que ia melhorar.
Mas não foi assim: está com a Tia Maria no regaço de Deus.
Imagino as primas devastadas: perderam-vos assim de um golpe só.

Eu também sinto a sua morte, mas guardo a memória da sua vida: 84 anos bem vividos com muitos trabalhos e canseiras à mistura. Mas o seu sorriso manteve-se sempre lindo e fresco!
Recordo os beijos de boas-vindas que me deu cada vez que nos encontrávamos antes ou no final da missa na sacristia de Cinfães e a alegria de nos voltarmos a ver.
Depois a sua dedicação à agricultura: o carinho com que produzia o vinho e a Reguileira, aquela aguardente traiçoeira: doce mas brava!
E a sua lealdade aos patrões e o seu empenho. Um Homem com agá grande.
Está com Deus, interceda por nós

2 de dezembro de 2009

DE VOLTA

Nzara © JVieira

Como o que é bom também acaba, lá tive que trocar as verdes e refrescantes paisagens de Nzara, o carinho das irmãs que me acolheram pelo calor empoeirado de Juba.
Em Nzara vivi dez dias de paraíso: dormi, li, rezei, conversei com muita gente, fiz algumas entrevistas, visitei um colega que trocou o bem-estar da sua missão em Dungu, na RD Congo por um campo de refugiados na Equatoria Ocidental.
Mas estes serão temas para as próximas postagens.
Agora só quero dizer olá, que estou bem e às voltas com as notícias e afins em Juba.

20 de novembro de 2009

ATÉ JÁ

Com o por-do-sol sobre o Nilo Branco © SAmado

Até dia 1 estou em Nzara, Equatoria Ocidental, numa paragem de abastecimento. Até já, então.

INFÂNCIA MUNDIAL

© JVieira

A Convenção dos Direitos da Criança fez hoje 20 anos.
A UNICEF, a agência da ONU para a Infância, apresentou o Relatório sobre o Estado da Infância Mundial para assinalar a efeméride e faz um balanço positivo da situação.
A Convenção dos Direitos da Criança foi dos tratados mais ratificados pela comunidade internacional, e transformou o modo como as crianças são vistas e tratadas.
Mais de 70 países integraram nas suas leis os princípios da Convenção e os resultados estão à vista: o número de óbitos de crianças com menos de cinco anos caiu drasticamente e cerca de um quinto da humanidade tem acesso a água potável.
Globalmente, 84 por cento das crianças em idade escolar andam na escola e a diferença entre meninas e meninos no campo da educação foi reduzida. O número de crianças-soldados e escravas ou prostitutas foi reduzido.
Contudo, há ainda muito caminho a fazer: milhares de crianças morrem de pneumonia, malária, sarampo e malnutrição. Mortes inaceitáveis, porque estas doenças podem ser tratadas facilmente e com pouco dinheiro.
No Sul do Sudão a data foi marcada com o lançamento da campanha «Aprende sem medo», «Learn without Fear.»
Os maus tratos físicos, sexuais e psicológicos são a causa fundamental para o abandono escolar na região, revela um inquérito feito nas escolas do sul do Sudão.
Só em Setembro mais de 100 meninas deixaram a escola por causa de abusos sexuais – a maioria engravidou de professores ou de colegas.

19 de novembro de 2009

LOVE

© JVieira
Do I know how to love?
May be we can’t because we are frightened of love. Maybe we are all frightened of relationships. May be it’s easier to do things rather than to accept love and give to love. We are frightened to enter into a relationship of love because we will become vulnerable. I will have to open up my heart to you. It’s easier to do things than enter into a relationship of love. As soon as we enter into a relationship of love, we become vulnerable and we can be hurt. Our human hearts are very vulnerable. We’ve all experienced love, and maybe we’ve all experienced rejection. Or rather we’ve entered into relationships of love and we’ve been wounded because we’ve been disappointed and disillusioned.
Jean Vanier in “From Curse to Blessing”

REFRIGERANTES



© JVieira

A Southern Sudan Beverages Limited (SSBL) lançou no início do mês de Novembro uma linha de refrigerantes para alargar a oferta aos consumidores de bebidas de Juba.
A companhia começou a produzir em Maio a White Bull, uma cerveja sua, e mais tarde juntou-lhe a Nile Special, um produto da empresa-irmã do Uganda.
Ontem, o administrador geral Ian Alsworth-Elvey apresentou à imprensa a linha de refrigerantes Club Mimerals com quatro sabores: maçã, ananás, bagas e «muscatella».
Disse que a fábrica está a atingir a capacidade plena de laboração, produzindo 350 mil litros de bebidas por dia.
Alsworth-Elvey adiantou que os produtos da SSBL estão a ser bem recebidos, especialmente a cerveja White Bull, um produto para o mercado local com pouco mais de quatro por cento de volume alcoólico.
A fábrica emprega cerca de 200 trabalhadores e indirectamente cerca de 1000 pessoas na distribuição e comercialização dos seus produtos.
Os trabalhadores têm direito a refrigerantes para o almoço e nas quartas, das 17h00 às 19h30 a cerveja é por conta da casa.
A SSLB paga à comunidade onde foi construída um euro por cada 600 litros produzidos na fábrica além de fornecer água potável à vizinhança.
A fábrica custou 40 milhões de dólares.
A SSBL vai começar a comercializar água engarrafada para consumo e uma terceira marca de cerveja, com sete por cento de volume de álcool.
A SSBL pertence à sul-africana SAB Miller que está presente em 90 países em seis continentes (sic).

15 de novembro de 2009

CAIM


Li «Caim», o mais recente romance de José Saramago, em quatro fôlegos e gostei e des-gostei da obra.
Saramago está a escrever melhor que nunca, a anos-luz de «Todos os Nomes», o seu romance mais chato e mal conseguido.
Adoro ou seu português rústico – aquele em que nasci –, a sua capacidade de nos surpreender no virar de uma frase ou parágrafo. A capacidade de contar uma estória abrangente e rica de apartes que divertem e deliciam.
Quanto ao conteúdo, fiquei surpreendido que alguém que vem das bandas do marxismo e do socialismo científico, tenha encarreirado por uma leitura revisionista, reaccionária e fundamentalista do texto bíblico. Um homem de esquerda a dar a mão à ultra-direita cristã.
Saramago escreve na página 142: «Estou cansado da lengalenga de que os desígnios do senhor são inescrutáveis, respondeu Caim, deus devia ser transparente e límpido como cristal em lugar desta contínua assombração, deste constante medo, enfim, deus não nos ama.»
Esta é a experiência de Deus que Saramago tem feito e respeito-a. Mas não é a única, graças a Deus. E não é a minha, não!
Quando chamamos nomes a uma determinada pessoa – e ao correr de «Caim» Saramago chama muitos nomes a Deus por procuração – quer dizer que estamos zangados com aquela pessoa, que lhe temos raiva. Os nomes não mudam a pessoa, mostram sim os nossos sentimentos e iras, a nossa realidade mais profunda.
Saramago tem um problema grande com o «senhor». Por isso lhe chama tantos nomes e o provoca pelo que ele fez e pelo que contam acerca d’Ele, em tantos mitos culturais que engrossaram o grande caudal da experiência religiosa humana que é a Bíblia.
Já agora fiquei muito desiludido como Saramago arrematou o capítulo sobre Job. Ficou-se por uma estória a meio, esquecendo a essência da parábola: a nossa luta com Deus por causa da experiência do mal fora e dentro de nós.
Nesse aspecto Saramago tem razão: «a história dos homens é a história dos seus desentendimentos com deus» – mas Ele entende-nos a nós apesar de nós o desentendermos constantemente.
Vá por mim que é assim mesmo.

E Saramago intuiu-o quando escreveu na página 126: «E tu senhor, Eu limparei o céu das nuvens que neste momento o cobrem, isso posso fazer sem nenhuma dificuldade, mas a batalha terás de ser tu a ganhá-la.»

12 de novembro de 2009

JEJUM

O director-geral da FAO, a organização da ONU para a Agricultura, anunciou que no sábado vai fazer um dia de jejum em solidariedade com um mil milhão de pessoas que passam fome.
Jacques Diouf, senegalês de 71 anos, disse que inicia uma greve de fome de 24 horas no sábado de manhã e convida os cidadãos do mundo a juntarem-se à sua iniciativa.
Diouf lançou também uma campanha de recolha de assinaturas contra a fome crónica de mais de mil milhões de pessoas, porque - diz- é inaceitável.
As campanhas contra a fome visam sensibilizar os participantes na Cimeira Mundial sobre a Segurança Alimentar, que começa na segunda-feira em Roma.
Chefes de estado de 192 países foram convidados a debater a questão da fome e malnutrição.
Diouf queixa-se que foram feitas muitas promessas para combater a fome mundial mas pouco se fez de concreto para erradicar a malnutrição e que chegou a hora de os líderes mundiais tomarem uma atitude.
Assina a petição
AQUI.
Basta colocares o teu endereço electrónico no primeiro rectângulo ao fundo da página Web, o país no segundo e clica em «SEND» depois de veres a mensagem de Diouf.

11 de novembro de 2009

CRUCIFIX


© JVieira

What is a CRUCIFIX? It is not a symbol of the almighty power of the Catholic Church, but a representation of one innocent man’s agonising death at the hands of the state, after torture and a sham trial – in other words, a gross human-rights violation. Catholics believe that that innocent man is also the Son of God, but the depiction is realistic, not metaphysical. The decision of the European Court of Human Rights to order the removal of crucifixes from the walls of state schools in Italy is therefore one of the worst examples of human-rights legislation bringing the wrong result for the wrong reasons. The real damage is to the cause of human rights itself: the decision makes not only the law look an ass but also the court and the convention it is supposed to uphold. To Catholics, moreover, Christ’s suffering on the Cross is a sign of his human and divine solidarity with all who suffer cruelty and injustice, an example that has comforted and encouraged countless victims of torture and oppression down the centuries.
In Italy, the decision has provoked real anger, and is seen as an attack not only on Italian identity but also on the country’s culture and history. The complainant, a Finnish-born immigrant, started the proceedings because she said that she was offended by crucifixes on display in the school her children attended. Presumably she is offended every time she goes down the street, as it is impossible to walk far in any Italian town or city without encountering a church. Christianity is woven into the very fabric of Italian life. If anyone were to take the court’s decision at face value, all that would have to be somehow unravelled. And what about the manifestation of religion elsewhere in Europe – the establishment of the Church of England, indeed? Is that now safe from challenge by the interfering judges of Strasbourg?
The European Convention on Human Rights, which is now part of United Kingdom law under the Human Rights Act, has brought vast benefit to the peoples of Europe, in both correcting abuses and ensuring that people may live without fear of the state. It is too valuable for its reputation to be thrown away on the back of one case. What the interpretation of the convention lacks, in the hands of lawyers and judges, is a proper sense of proportion. It cannot balance the offence felt by one woman against the outrage given to millions of Italians, on this occasion including many who are far from identifying with the interests of the Catholic Church. What they are saying is that what images they choose to put on the walls of their state schools is their business and nobody else’s. And if France bans crucifixes in such situations, as it does, that is up to the French.
The European Convention – which has nothing to do with the European Union – has become controversial in British politics too. The Tories want to replace the Human Rights Act with another, more carefully drafted. Defenders of the act as it is now will know that the Italian crucifix decision makes their task much harder. If this judgment survives one final appeal, not just the Human Rights Act in Britain will need a review, but the entire Convention itself.


"Making an ass of human righ" in The Tablet

10 de novembro de 2009

RECENSEAMENTO

© JVieira

O recenseamento para as eleições de Abril de 2010 começou a 1 de Novembro e decorre durante 30 dias, mas está a deixar a classe política do Sul à beira de um ataque de nervos.
Ontem o ministro dos Assuntos Interno disse aos líderes religiosos que a adesão dos cidadãos é baixíssima e em alguns estados ainda nem seque começou.
O Governo do Sul contava usar os resultados dos cadernos eleitorais para provar que o recenseamento da população estava errado, mas por este andar não vai longe.
A situação está tão difícil que o presidente Salva Kiir declarou uma semana de feriado para as pessoas se poderem recensear ao mesmo tempo que apelou à classe politica e aos funcionários públicos que se empenhem e motivem os cidadãos a inscreverem-se nos cadernos eleitorais.
O católico Arcebispo de Juba, dom Paolino Lukudu Loru, disse mesmo que não participar no recenseamento e nas eleições é pecado.
As razões para o aparente boicote são muitas: falta de verba para mobilizar os cidadãos, desorganização endémica, mudança constante dos postos de recenseamento – são móveis, alguns registadores pedem dinheiro pelo serviço, mal-estar social pelos salários em atraso e pela falta de dividendos da paz, apatia, politização do recenseamento, falta de consciência cívica, 21 anos de guerra…
A lista pode continuar por aí adiante…
Mas a classe política está em pânico porque não esperava uma falta de adesão tamanha. O Governo do Sul do Sudão já pediu à Comissão Nacional de Eleições que alargue o período do recenseamento eleitoral por mais um mês até finais de Dezembro.
Contudo, duvido que vá atrair muito mais gente a registar-se para votar: o que se passa é um voto de não confiança numa classe política que passou quatro anos a ignorar as bases e agora as bases desforram-se.
Estarei enganado? Sinceramente espero que sim, porque são as eleições que vão dar legitimidade democrática a uma classe política que chegou ao poder de arma em punho.

9 de novembro de 2009

PORTA-VOZES

Ministro Chuang (à direita) com representantes das Igrejas em Juba
© JVieira

O Ministro dos Assuntos Interiores do Governo do Sul do Sudão chamou aos líderes religiosos porta-vozes da maioria silenciosa do Sul do Sudão.
O Ministro Gier Chuang Aluong convidou os chefes das igrejas presentes em Juba para discutir o seu papel na pacificação, reconciliação e cura no Sul do Sudão. Os muçulmanos ficaram de fora.
Oito líderes – entre os quais se encontravam os arcebispos católico e anglicano – aceitaram e convite e discutiram a situação actual no Sul do Sudão desde a insegurança à juventude, passando pela relação nem sempre tranquila com o poder.
Chuang disse que o Sul está a perder mais gente agora com as lutas inter-tribais que durante a guerra.
Disse que depois de uma mega-rusga a Juba, acredita que conseguiu apreender apenas cerca de 40 por cento das armas ilegais nas mãos dos civis e que os grupos religiosos devem promover o desarmamento voluntário.
Disse também que tem andado a observar a noite de Juba e para salvar a geração mais jovem vai impor o encerramento das discotecas às 11h00 da noite.
Os lideres religiosos pediram que o Governo os escutem – inclusive que escreveram ao presidente Salva Kiir para terem uma reunião com ele há quatro anos e a resposta ainda não chegou – e que dêem espaço a Deus no sul do Sudão, que não sejam completamente laicos, que lhes dêem os meios para trabalharem as bases de modo que o país não resvale para nova guerra.
O ministro - que convidou a esposa a estar presente na reunião juntamente com três chefes da polícia e me permitui cobrir o evento sendo o único jornalista presente - prometeu passar os anseios dos líderes religiosos ao presidente e estabelecer um ponto focal entre o ministério, a Comissão da Paz e os líderes religiosos para trabalharem juntos as situações de conflito.
Chuang está há quatro meses com a pasta do Interior - antes era responsável pelas Telecomunicações e Serviços Postais - mas tem-se revelado um ministro activo, preocupado com a situação de (in)segurança e com vontade de mudar o rumo das coisas.
E quiçá algo ambicioso com vontade de mostrar serviço ao chefe para ser admitido no círculo mais restrito do poder.
Pelo menos é assim que alguns analistas enquadram as muitas intervenções que vai protagonizando.

6 de novembro de 2009

MONKS

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New forms of monastic life are necessary and inevitable. Ideally, they will be supported by the old institutions practicing the renunciation of self-will that Benedict urges. Or they will come to birth anyway because the monk within each person must seek expression. Either way the world needs new religious forms that breathe peace as much as our ailing planet needs trees.
Contemplative life, however peripheral it may be to institution, is the purifying element in religion. The new forms may be smaller, more mixed and flexible in commitment and work. Certainly they will be more focused in the practice and sharing of the contemplative experience that we hunger for today. This experience elevates the sense of time. In such places we will have time to take tea and say Mass with delight.

Laurence Freeman, OBS in The Tablet

SOLIDARIEDADE



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Solidariedade com o Sul do Sudão (SSS) é um grupo de 20 mulheres e homens religiosos de 13 congregações provenientes de cinco continentes a trabalhar em quatro comunidades na região.
O grupo conta com o apoio de mais de 90 institutos religiosos ao mais alto nível e foi formado durante o Sínodo sobre a Vida Consagrada em resposta ao apelo do bispo de Yambio que pediu aos religiosos que acolhessem o
clamor do Sul do Sudão.
SSS dedica-se à formação de professores (Malakal e Rimenze) e de enfermeiros (Wau). A sede está em Juba.
Os membros estão desde domingo a fazer a segunda assembleia em Juba para se familiarizarem com a situação política e cultural no Sudão e partilharem experiências.
Na agenda está também o alargamento do grupo e das actividades a outras dioceses.
Interessante: o que estes 20 homens e mulheres estão a fazer é o que Daniel Comboni sonhou há mais de 100 anos: unir as forças vivas da Igreja num projecto comum para a regeneração da África.

4 de novembro de 2009

PNEUMONIA

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As Nações Unidas lançaram no início do mês um plano de acção para salvar mais de cinco milhões de crianças da morte até 2015 através do combate à pneumonia.
A UNICEF e a Organização Mundial de Saúde estão por detrás do novo plano de prevenção da pneumonia pela promoção da amamentação, vacinação e distribuição de antibióticos específicos.
O Plano de Acção Global custa 39 mil milhões de dólares americanos.
A pneumonia mata mais crianças que a malária, a sida e o sarampo juntos: cerca de 1,8 milhões de crianças com menos de cinco anos por ano, representando uma média de 4000 vítimas mortais infantis por dia.

2 de novembro de 2009

INDEPENDÊNCIA

A declaração pró-independência do presidente do governo do Sul do Sudão está a causar muitas ondas.
Salva Kiir Mayardit disse na catedral católica de Juba no sábado que votar pela unidade no referendo de 2011 é escolher ser cidadão de segunda no próprio país enquanto que o voto pela independência representa a liberdade.
Eu passei as declarações à
Reuters e a BBC encarregou-se de as divulgar através do serviço mundial.
A avaliar por um artigo no portal
Sudan Tribune, as declarações independentistas de Kiir caíram como uma bomba em Cartum e deixaram diplomatas árabes e egípcios preocupados.
Um ministro do Governo do Sul do Sudão, conotado com posições unionistas, disse à representante da Reuters que o que o presidente disse não é bem o que queria dizer, que a análise da agência não era correcta.
Ontem, o presidente Kiir falou aos católicos que se reuniram na igreja patoquial de Rejaf para celebrarem a festa de Todos os Santos, encorajando-os a recensearem-se para as eleições.
A celebração contou ainda com a presença do presidente da Assembleia Legislativa do Sul do Sudão, alguns ministros do governo regional, comissário do condado de Juba, o representante especial dos Estados Unidos para o Sudão, Scott Gration, e a cônsul-geral dos Estados Unidos em Juba.
A igreja, construída há mais de 70 anos pelos Missionários Combonianos, encontrava-se repleta de fiéis e a celebração, presidida pelo arcebispo de Juba, Dom Paolino Lukudu Loro, foi muito interessante. E longa: quase três horas!
Contudo, as celebrações foram ensombradas pelo despiste de um camião que fez oito mortos e inúmeros feridos entre os participantes que regressavam a Juba depois da festa. A estrada de terra batida tinho sido aplanada, um risco para os aceleras junatmente com carradas de pó e bermas muito moles.

31 de outubro de 2009

CRUZADA



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A arquidiocese católica de Juba lançou hoje uma cruzada de oração mariana pelas eleições de Abril de 2010 e pelo referendo para a autodeterminação do sul em 2011.
Durante um ano a imagem da Senhora da Paz vai percorrer as 11 paróquias e missões da arquidiocese, ficando um mês em cada uma delas.
A iniciativa foi lançada com a recitação do terço missionário e a apresentação de uma carta pastoral de Dom Paolino Lukudu Loro, arcebispo de Juba intitulada «Instrumentos de Reconciliação, Justiça e Paz.»
Durante a homilia, Dom Paolino disse que é pecado um cristão não se recensear e abster-se de participar nas eleições e no referendo.
Por seu turno, o presidente do governo do Sul do Sudão, Salva Kiir Mayardit, disse que em 2011 os sulistas podem escolher entre a unidade – e permanecerem cidadãos de segunda no próprio país – e a independência – e serem pessoas livres. Mais claro não podia ser.
O presidente Kiir aconselhou os cidadãos a recensearem-se em massa para poderem votar.
O recenseamento eleitoral começa amanhã e decorre durante todo o mês de Novembro.
A Missão das Nações Unidas no Sudão (UNMIS) transportou quase 118 toneladas de material para o recenseamento.
Em Janeiro é a vez de os candidatos à presidência da república, do sul do Sudão e dos 25 estados se inscreverem mais os candidatos aos parlamentos nacional, do sul e dos estados.
A campanha política decorre em Fevereiro e Março e as eleições vão ser em Abril durante três semanas.
Um eleitor no sul do Sudão vai receber 12 boletins para votar!

REJAF

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