31 de janeiro de 2008

DIRECTORA

© JVieira

Cecilia Sierra Salcido é a directora da Rádio Bakhita. Esta missionária comboniana nasceu no México há 40 anos e passou os últimos oito no Norte e no Sul do Sudão.
A Ir. Cecília, Cecy para os amigos, fez uma licenciatura em comunicação e jornalismo nos Estados Unidos e dirigiu os gabinetes de informação da arquidiocese de Cartum e da diocese de Wau.
Emtretanto, mudou-se para Juba e lançou-se com entusiasmo e dedicação no projecto da Rádio Bakhita. Primeiro, envolveu-se na selecção e formação do pessoal. Depois, há um ano que dirige a estação verificando se está ao nível dos desafios.
«O Sul do Sudão está numa fase de transição e a situação é deveras sensível», explica.
E acrescenta: «Como directora desta estação na capital do Sul do Sudão, uma das funções que desempenho com diligência é a supervisão dos tópicos e conteúdos dos programas. Sei que a firmeza e a sabedoria são elementos essenciais para enfrentar a situação complexa da região.» A Ir. Cecília reconhece que os desafios para gerir a Rádio Bakhita são muitos.
«A nossa estação está no ar há quase um ano e os funcionários e formandos esforçam-se por desenvolver o seu potencial entre as perturbações da inconsistência. Fornecimento instável de electricidade, insegurança e falta de estruturas adequadas numa cidade e num país em recuperação são outras barreiras», esclarece.
«A nossa audiência e proeminência na cidade crescem de dia para dia; e nas crises políticas e sociais em que a cidade de Juba se viu envolvida eu senti a responsabilidade e o poder que estão no processamento e carregamento de uma emissão, em carregar no botão e soltar a mensagem», confessa com o seu habitual sorriso aberto e luminoso.
Os desafios são muitos e o futuro parece assustador. Mas a Rádio Bakhita provou em quase um ano no ar – a 8 de Fevereiro completa 12 meses de emissão regular – que de facto afecta e efectua. Durante este tempo atestou que pode acelerar o processo de reconciliação, de desenvolvimento e de construção de paz numa região que vive sob a ameaça de um novo conflito.

MEDO MAIOR

© JVieira

O nosso medo mais profundo não é que sejamos inadequados. O nosso medo mais profundo é que nós somos poderosos sem limite. É a nossa luz, não a nossa escuridão que mais nos assusta. Perguntamos a nós próprios: Quem sou eu para ser brilhante, esplendoroso, talentoso, fabuloso? De facto, quem é que não o dever ser? És uma criança de Deus. Fazer-te pequeno não serve o mundo.
Não há nada de esclarecido em fazer-te pequeno para que as outras pessoas não se sintam inseguras à tua volta. Nós devemos brilhar como as crianças.
Nascemos para manifestar a glória de Deus que está dentro de nós. Não está só em alguns de nós, está em todos. E quando deixamos a nossa luz brilhar, inconscientemente permitimos a outras pessoas fazerem o mesmo.
Ao sermos libertados do nosso próprio medo, a nossa presença automaticamente liberta outros.
Marianne Williamson
em «Return To Love: Reflections on the Principles of A Course in Miracles»

30 de janeiro de 2008

PORTUGUÊS

Em Londres há um velho barbeiro, tipo conservador. Um dia, um florista vai lá cortar o cabelo. Depois do corte, quando vai pagar o barbeiro diz:
- Lamento, mas não posso aceitar o seu dinheiro. O que fiz foi um serviço à comunidade.
O florista ficou satisfeito e foi-se embora.
Na manhã seguinte, ao chegar a loja o barbeiro encontrou uma dúzia de flores e um cartão que dizia "Obrigado".
Um dia, um polícia vai lá cortar o cabelo. Depois do corte, quando vai pagar o barbeiro diz:
- Lamento, mas não posso aceitar o seu dinheiro. O que fiz foi um serviço à comunidade.
O polícia ficou satisfeito e foi-se embora.
Na manhã seguinte, ao chegar a loja o barbeiro encontrou uma dúzia de «doughnuts» e um cartão que dizia "Obrigado".
Um dia, um português vai lá cortar o cabelo. Depois do corte, quando vai pagar o barbeiro diz:
- Lamento, mas não posso aceitar o seu dinheiro. O que fiz foi um serviço à comunidade.
O português ficou satisfeito e foi-se embora.
Na manhã seguinte, ao chegar à loja, adivinha o que o barbeiro encontrou à porta? Uma dúzia de portugueses à espera para cortar o cabelo!!!

Obrigado, Anabela

18 de janeiro de 2008

ASFALTO

© Martina Santschi

Os primeiros dois quilómetros de asfalto em Juba abriram no sábado ao tráfego, um acontecimento relevante para uma cidade com 60 quilómetros de arruamentos estilo picada!
Metade da May Avenue, que liga a Assembleia Legislativa do Sul do Sudão à rotunda para o aeroporto, foi alcatroada. Na outra metade as obras decorrem a bom ritmo.
As obras – que se prolongam há mais de dois meses e deviam estar prontas no Natal – têm deixado os condutores de Juba à beira de um ataque de nervos.
Todos os dias têm que inventar percursos paralelos, porque a progressão dos trabalhos vai fechando alguns cruzamentos.
O tráfico é obrigado a circular pelas vias secundárias, cheias de buracos e por entre palhotas pondo em perigo os peões e a mecânica das viaturas.
May Avenue e a avenida do Aeroporto formam a espinha dorsal da rede viária de Juba.
Ah! Nestes dias tem chovido e algumas secções asfaltadas transformam-se em pequenas piscinas. A drenagem é um problema sério para os engenheiros nestas paragens.
As chuvas, por outro lado, fizeram baixar a temperatura. O que é sempre agradável no Equador!

15 de janeiro de 2008

QUÉNIA

«Vizinhos, não se preocupem. É só uma pequena desavença interna» by Gado

Ninguém previa que as eleições presidenciais e parlamentares do Quénia dessem no que deram: a vitória de Mwai Kibaki e a subsequente onda de violência que varreu o país de lés a lés.
Os quenianos foram às urnas a 27 de Dezembro de 2007. Dois dias depois, a Comissão Eleitoral do Quénia, suspendeu a contagem. Nessa altura, Raila Odinga, o candidato da oposição, tinha uma vantagem confortável sobre o presidente cessante Mwai Kibaki.
Quando a dita comissão anunciou os resultados finais, a 30 de Dezembro, Kibaki foi proclamado vencedor com cerca de 231 mil votos a mais que Odinga. Kibaki recebeu 4.584.721 votos e Odinga 4.352.993.
Observadores internacionais, especialmente da União Europeia, puseram em causa o sistema de contagem dos votos e a validade dos resultados.
Entretanto, o Quénia foi posto a ferro e fogo e numa semana quase 700 pessoas foram mortas, milhares feridas e 300 mil deslocadas.
As mediações têm sido muitas. O presidente da União Africa, o arcebispo Desmond Tutu, o ex-secretário geral da ONU, Kofi Annan, tentaram trazer os campos de Kibaki e Odinga para a mesa das negociações.
Em vão. Kibaki imediatamente assumiu o poder e propôs a Odinga um Governo de Unidade Nacional. Odinga, por seu turno, quer que Kibaki se demita e que o país vá a votos outra vez dentro de três meses sob o controlo da comunidade internacional.
Entretanto, a União Europeia anunciou que pode cortar nas ajudas ao Quénia como forma de protesto pelo modo como decorreram as eleições.

9 de janeiro de 2008

TRÊS ANOS DE PAZ

© JVieira

O Acordo Global de Paz – CPA na sigla em inglês, assinado pelo Governo de Cartum e o SPLA, o Exército de Libertação do Povo do Sudão, faz hoje três anos.
Três anos de paz para o Sul do Sudão depois de 21 anos de guerra civil com um balanço arrepiante: dois milhões de mortos e quatro milhões de deslocados, quase metade da população sulista.
O CPA, assinado em Naivasha – Quénia, a 9 de Janeiro de 2005, pôs termo à segunda guerra civil no sul e inaugurou um novo modelo político no Sudão: um país com dois sistemas.
O Norte, árabe e maioritariamente muçulmano, é governado pela Charia. O Sul, negro e cristão ou tradicional, é laico, governado por um governo semi-autónomo, com parlamento próprio, e segue a Lei Comum inglesa.
A paz, assinada há três anos, é contudo ainda muito frágil porque os protocolos mais quentes do CPA continuam à espera de implementação.
A fronteira que separava o norte do sul do Sudão a 1 de Janeiro de 1956, data da independência, ainda não foi demarcada por causa dos poços de petróleo. Os árabes querem puxá-la para baixo o mais que podem!
O estatuto e a fronteira do enclave de Abyei – território rico em petróleo ocupado por povos do Sul que os ingleses deslocar à força para norte da fronteira de 1956 – ainda não foram resolvidos e os cidadãos continuam sem administração civil, à espera que os dividendos da paz cheguem na forma de desenvolvimento.
Os militares do norte deviam ter abandonado o sul a 9 de Julho de 2007. Mas permaneceram junto aos poços do petróleo. O novo prazo de 31 de Dezembro para o deslocamento das forças também foi ignorado. Finalmente, antes de ontem decidiram partir e entregar a segurança da área às Unidades Integradas Conjuntas, formadas por militares do Norte e do Sul, como está previsto no CPA.
Por outro lado, a partilha dos dividendos do petróleo é tudo menos transparente. O Sul devia receber metade dos lucros da exploração do crude na sua área mas não tem maneira de verificar os dados que o Governo central lhe envia. E o orçamento é feito a partir dos dividendos do petróleo.
Finalmente, o recenseamento nacional tem sido adiado sucessivamente. Espera-se que venha a acontecer em Abril, a última data avançada pela respectiva comissão. Sem contagem da população não pode haver eleições – previstas para este ano, mas adiadas para 2009 – nem o referendo de 2011, em que os sulistas vão escolher entre a independência e o modelo actual de um estado, dois sistemas.
O protelar da execução do CPA levou o SPLM – Movimento de Libertação do Povo do Sudão –, a abandonar o governo de unidade nacional em Outubro, mergulhando o país numa grave crise política.
A comunidade internacional interveio, e o SPLM voltou ao governo a 28 de Dezembro depois de acertar com o Partido do Congresso Nacional – NCP em inglês – novas datas para a implementação dos protocolos em falta.
O Sul do Sudão viveu uma situação político-militar extremamente volátil durante os dois meses que o SPLM esteve fora do Governo de Cartum. O presidente do Sudão, Omar el Bashir, chegou mesmo a pedir às Forças de Defesa Popular – as milícias que apoiaram as tropas de Cartum durante a guerra civil no Sul – que reabrissem os campos de treino para receber mujahedin – guerreiros muçulmanos – para preparar qualquer eventualidade.
A pressão da comunidade internacional, encabeçada pelo presidente Bush, obrigou os parceiros do governo de unidade nacional a retomar o caminho do diálogo, da negociação e da governação conjunta.
Mas o espectro da guerra continua no ar. Uma guerra por procuração. Desde o Natal que membros de uma tribo árabe de pastores – os Misseriya – continuam a atacar as forças do SPLA no estado de Northern Bahr el-Ghazal com a desculpa de que as forças sulistas não lhes permitem levar o gado para as pastagens tradicionais a sul da fronteira durante a estação seca.
O Ministros dos Assuntos do SPLA, encarregado da defesa do Sul, disse no domingo numa conferência de imprensa que quer descobrir quem está a atacar as suas forças. Os atacantes usam cavalos, mas também pickups armados com metralhadoras pesadas. Pastores normalmente não têm acesso a esse tipo de equipamento militar, acrescentou.
O petróleo pode ser uma bênção, mas acaba por ser muitas vezes uma maldição. E o Sul do Sudão é rico em «ouro negro» que está a financiar uma autêntica revolução arquitectónica em Cartum.

8 de janeiro de 2008

AMIGOS

© JVieira

Talvez os sexos sejam mais parecidos do que pensamos … e então a grande renovação do nosso mundo consiste nisto: que o homem e a mulher, libertados de sentimentos falsos e aversões, possam unir-se como amigos, vizinhos, mais do que amantes – como irmãos e irmãs.

Rainer Maria Rilke

4 de janeiro de 2008

ANO NOVO

A celebração da passagem de ano foi mais do mesmo. Como na noite de Natal, a Cecilia e eu preparámos um «PowerPoint» para liderar a oração de acção de graças que fizemos. Canções, poemas, textos bíblicos, orações, silêncio, partilha. O título: 2007 um tempo para recordar, 2008 um tempo para começar de novo. A oração demorou uma hora e meia.
Depois da oração fizemos a ceia da passagem de ano. Estávamos as duas comunidades, um padre vizinho, um hóspede e uma militar americana nossa amiga.
A refeição foi simples: umas empadas, bolo, torrões de amendoim e de sésamo, bolachas, cerveja, refrigerantes. A americana trouxe duas garrafas de champanhe da sua terra para a meia-noite.
Depois dos abraços de Feliz Ano Novo partilhamos o desejo que cada um fez ao cair das doze badaladas – mais ou menos porque cada relógio estava acertado pelo próprio fuso horário!!! O meu desejo é óbvio: que em 2008 a redacção da Rede Católica de Rádios do Sudão se estabeleça e solidifique para não ter de estar sempre a começar de novo.
Celine Dion tem uma canção que retrata o que sinto neste momento. Chama-se «These are special times». O Natal e Ano Novo deste ano foram tempos especiais, que me deixaram extasiado e em paz. Um bom começo.
Estes dias também foram de trabalho extra. O jornalista com quem eu trabalho embora ainda não tivesse direito (porque é contratado) meteu férias e pôs-se a andar para o Uganda para estar com a família. O trabalho sobrou para mim, mas mesmo assim foi feito.

1 de janeiro de 2008

2008 ABENÇOADO


© JVieira

O SENHOR te abençoe e te guarde;
O SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti,
e tenha misericórdia de ti;
O SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti,
e tenha misericórdia de ti.
(Números 6: 24-26)