9 de março de 2007

Dia da Mulher


© JVieira

Juba também celebrou o Dia Mundial da Mulher. A festa decorreu no estádio e juntou uma multidão considerável que aguentou com paciência sob o sol escaldante o já crónico atraso dos políticos. O evento estava marcado para as 9h00 mas os dignitários chegaram depois do meio-dia.
O Vice-Presidente do Sul do Sudão, Dr. Riak Machar, foi o convidado de honra das mulheres de Juba. Estavam presentes a ministra do Género, o ministro dos Assuntos Parlamentares e o representante do Governador de Central Equatoria.
«Acabar com a impunidade da violência contra as mulheres; violência é um crime e se tu violas uma mulher violas a sociedade» foi a frase de ordem da festa de Juba.
Um grupo de mulheres desfilou até ao estádio com camisolas 25% em apoio à política do governo que reserva um quarto dos assentos parlamentares para deputadas.
As forças militares e policiais femininas marcharam com garbo sobre a relva do estádio.
O representante do Governador do Estado de Central Equatoria propôs uma redução do horário de trabalho das mulheres das 8h00 às 14h00 ou, no máximo, até às 15h00.
Durante o seu discurso, o representante do governo estadual desancou forte e feio na Rádio Miraya pelos alertas constantes sobre o surto de cólera em Yei e Juba.
O governante denunciou que os alertas são parte de um plano para parar o regresso dos deslocados ao Sul depois de 21 anos de guerra.
A cólera é uma ameaça real e não uma mera questão política ou um boato para interferir com o repatriamento dos sulistas e manter baixos os números do recenseamento que se avizinha. Juba regista uma média de 30 novos casos por dia só no campo dos Médicos Sem Fronteiras.
A rádio Miraya foi montada pela ONU para preparar o referendo de 2011. Nesse ano os sulistas vão escolher entre a autodeterminação e a unidade do Sudão.
O Vice-presidente encerrou a celebração com um discurso em árabe e inglês. Saudou as mulheres pelo contributo que deram na luta pela libertação como mães, como viúvas e como mártires.
«Levantai-vos e lutai contra a ignorância e a pobreza; lutai pelos vossos direitos», exclamou o Dr. Machar. O Sul do Sudão tem uma taxa muito alta de analfabetismo. Mais de 87 por cento da população feminina nunca frequentou a escola.

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