5 de novembro de 2006

Abrir aspas

VIDAS

«Vivemos a vida como se ela fosse eterna, como se a morte fosse algo que só acontece aos outros e apenas nos está reservada ao fim de muito tempo, tanto tempo que nem merece a pena pensarmos nisso. Para nós, a morte não passa de uma abstracção. No entanto, eu preocupo-me com as minhas aulas e as minhas pesquisas, a tua mãe preocupa-se com a igreja e com as pessoas que vê a sofrer no noticiário ou na novela, tu preocupas-te com o teu salário e com a mulher que já não tens e com os papiros e estelas e outras relíquias cheias de irrelevâncias. […] Sabes? As pessoas passam pela vida como sonâmbulas, preocupam-se com o que não é importante, querem ter dinheiro e notariedade, invejam os outros e esmiferam-se por coisas que não valem a pena. Levam vidas sem sentido. Limitam-se a dormir, a comer e a inventar problemas que as mantenham ocupadas. Privilegiam o acessório e esquecem o essencial.»

José Rodrigues dos Santos, em «A Fórmula de Deus»

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