31 de agosto de 2006

Meu Fado Meu


O fado é, acima de tudo, um estado de alma. E Mariza uma brisa tranquila

Abrir aspas

O FUTURO DA DEMOCRACIA

Analisada globalmente a democracia oferece-nos duas imagens muito contrastantes. Por um lado, na forma de democracia representativa, ela é considerada o único regime político legítimo. Investem-se milhões de euros e dólares em programas de promoção da democracia, em missões de fiscalização de processos eleitorais e, quando algum país do chamado Terceiro Mundo manifesta renitência em adoptar o regime democrático, as agências financeiras internacionais pressionam através das condições de concessão de empréstimos. Por outro lado, começam a proliferar os sinais de que os regimes democráticos instaurados nos últimos anos traíram as expectativas dos excluídos, dos trabalhadores cada vez mais ameaçados nos seus direitos e das classes médias empobrecidas. Inquéritos feitos na América Latina revelam que em alguns países a maioria da população preferiria uma ditadura, desde que lhes garantisse algum bem-estar social. Acresce que as revelações de corrupção levam à conclusão que os eleitos usam o mandato para enriquecer à custa do povo e dos contribuintes.
O desrespeito dos partidos pelos seus programas eleitorais parece nunca ter sido tão grande. De modo que os cidadãos se sentem cada vez menos representados pelos seus representantes e acham que as decisões mais importantes escapam à sua participação democrática. O contraste entre estas duas imagens oculta um outro, entre as democracias reais e o ideal democrático. Rousseau foi quem melhor definiu este ideal: uma sociedade só é democrática quando ninguém for tão rico que possa comprar alguém e ninguém seja tão pobre que tenha de se vender a alguém. Por este critério, estamos longe da democracia.
Quais são os desafios postos à democracia no nosso tempo? Primeiro, se continuarem a aumentar as desigualdades sociais entre ricos e pobres ao ritmo das três últimas décadas, em breve, a igualdade jurídico-política entre os cidadãos deixará de ser um ideal republicano para se tornar numa hipocrisia social constitucionalizada. Segundo, a democracia actual não reconhece a diversidade cultural, para lutar eficazmente contra o racismo, o colonialismo e o sexismo e as discriminações em que eles se traduzem. Isto é tanto mais grave quanto é certo que as sociedades nacionais são cada vez mais multiculturais e multiétnicas. Terceiro, as imposições económicas e militares dos países dominantes são mais drásticas e menos democráticas. Assim sucede, em particular, quando vitórias eleitorais legítimas são transformadas pelo chefe da diplomacia norte-americana em ameaças à democracia, sejam elas as vitórias do Hamas, de Hugo Chavez ou de Evo Morales.
Finalmente, o quarto desafio diz respeito às condições da participação democrática dos cidadãos. São três as suas principais condições: ser garantida a sobrevivência – quem não tem com que alimentar-se e à sua família tem prioridades mais altas que votar; não estar ameaçado: quem vive ameaçado pela violência no espaço público, na empresa ou em casa, não é livre; estar informado: quem não dispõe da informação necessária a uma participação esclarecida, equivoca-se quer quando participa, quer quando não participa.
Pode dizer-se que a promoção da democracia não ocorreu de par com a promoção das condições de participação democrática. Se isto continuar, o futuro da democracia é problemático.

Estórias


BATATAS NO JARDIM

Um velho árabe muçulmano iraquiano, a viver há mais de 40 anos nos EUA, quer plantar batatas no seu jardim, mas cavar a terra já é um trabalho demasiado pesado para ele. O seu filho único, Ahmed, está a estudar em França, e o velhote envia-lhe a seguinte mensagem:
«Querido Ahmed: Sinto-me mal porque este ano não vou poder plantar batatas no jardim. Já estou demasiado velho para cavar a terra. Se tu estivesses aqui, todos estes problemas desapareceriam. Sei que tu remexerias e prepararias toda a terra. Beijos Papá»
Poucos dias depois, recebe a seguinte mensagem:
«Querido pai: Se fazes favor, não toques na terra desse jardim. Escondi aí umas coisas. Beijos Ahmed»
Na madrugada seguinte, aparecem no local a polícia, agentes do FBI, da CIA, os SWAT, os Rangers, os Marines, e alguém mais da elite norte-americana, bem como representantes do Pentágono, da Secretaria de Estado, do Mayor, etc.
Removem toda a terra do jardim procurando bombas, ou material para as construir, antrax, etc...
Não encontram nada e vão-se embora, não sem antes interrogarem o velhote, que não fazia a mínima ideia do que eles procuravam.
Nesse mesmo dia, o velhote recebe nova mensagem:
«Querido pai: Certamente a terra já está pronta para as batatas. Foi o melhor que pude fazer, dadas as circunstâncias. Beijos Ahmed».
Obrigado, Aniceto, pela estória.

30 de agosto de 2006

Uganda

UM PASSO PARA A PAZ

O Governo ugandês e o Exército de Resistência do Senhor (LRA na sigla em inglês) assinaram um cessar-fogo a 26 de Agosto, em Juba, capital do Sul do Sudão.
As negociações de paz iniciaram-se em Julho e foram mediadas pelo vice-presidente do Sul do Sudão.
Para uma fonte católica de Campala, «é uma esperança concreta de paz, mesmo que seja necessário alguma prudência porque o caminho para um acordo definitivo permanece ainda muito longo.»
O conflito no Norte de Uganda arrasta-se desde 1987. A guerra civil já fez milhares de mortos e cerca de dois milhões de deslocados.
O LRA, fundado por Joseph Kony, age com muita violência e espalha o terror a partir das bases na RD Congo e no Sul do Sudão. O grupo rebelde também é acusado do recrutamento forçado de milhares de crianças e adolescentes para serem utilizados como combatentes ou escravas sexuais. Alguns missionários combonianos foram vítimas dos seus ataques.
Os dirigentes do LRA são procurados pelo Tribunal Penal Internacional e tentar negociar a sua imunidade em troca do acordo de paz.

Em caso de emergência


Aqui fica uma ideia simples: cria na lista do teu telelé uma entrada ECE com o n.º de telefone de contacto em caso de emergência. E para completar a informação depois de ECE podes deixar um espaço em branco e colocar o teu grupo sanguíneo. Exemplo ECE A+. A Emergência Médica agradece!

29 de agosto de 2006

Mil palavras

Amanhece no caminho © João Costa

Galinha moderna

- O que é que estás a dizer? Toca a pôr ovos!
- Não, eu quero uma epidural!...

Parábolas

O QUEIJO DO CÉU

Diz-se que no céu existe um grande queijo reservado para o casal que nunca tenha brigado aqui na terra. Mas consta que continua na vitrina (ou no congelador) até hoje.
Um casal está a celebrar 60 anos de casamento, rodeado de filhos, netos, bisnetos e tataranetos.
A missa das bodas desenrolava-se com toda a solenidade, porque hoje em dia é coisa rara celebrar bodas tão brilhantes.
Na hora da homilia, e em tom de gracejo, o padre perguntou à esposa se tiveram algum «bate-boca» durante os 60 anos de casamento.
A velhinha respondeu:
- Padre, «bate-boca» não tivemos. Mas vontade de matar o meu velho já tive!...
Obrigado, Valentim!

28 de agosto de 2006

Pedra meteorológica

Guerra


A FALÁCIA DA FORÇA

A guerra, seguida através da televisão no conforto de uma poltrona, desumaniza-se e transforma-se numa espécie de jogo virtual, asséptico, sem cheiro a explosões nem a morte. As vítimas são números abstractos – de mortos, feridos e desalojados; gente sem nome nem rosto.
Foi assim, no conforto de casa e na indiferença causada por mais umas quantas imagens-choque de mais um conflito em mais uma zona conflituosa, que entrevimos a guerra dos 34 dias entre Israel e as milícias do Hezbollah, partido xiita libanês. Oficialmente, tudo começou quando os seus militantes raptaram dois soldados israelitas e mataram mais três. Pelo menos aparentemente: a revista The New Yorker, entretanto, disse que o ataque do Hezbollah foi apenas um pretexto para uma guerra já planeada. Um exercício combinado com os Estados Unidos para testar o sucesso e as dificuldades de um futuro ataque dos Americanos ao Irão.
O rapto e a ineficácia da resposta, brutalmente desmesurada, revelaram a vulnerabilidade do Tsahal, o exército de Israel, e puseram termo ao mito da sua invencibilidade. Os maciços bombardeamentos no Líbano e as centenas de ronceiros «rockets» que, em retaliação, nunca deixaram de cair em Israel, deixaram 1200 civis mortos e 3700 feridos, mais de um milhão de deslocados nos dois lados da fronteira e grande parte do Líbano mais uma vez reduzida a escombros. Cerca de 200 militares morreram e outros tantos ficaram feridos. Mas a grande vítima do conflito foi a população civil, israelita e, sobretudo, libanesa. Apesar de as bombas supostamente inteligentes e dos ataques ditos cirúrgicos a alvos estritamente militares.
E o que é que a guerra conseguiu? Destruição, morte, ódio e desejo de vingança acumulados. Os dois soldados continuam nas mãos do Hezbollah e a milícia xiita mantém intacta a capacidade de lançar ataques contra Israel. Entretanto, no Sri Lanka, trava-se, desde Julho, a primeira guerra por causa da água. Dezenas de meninas, estudantes tâmiles, foram mortas pelos ataques da Força Aérea a áreas controladas pelos separatistas. Outra vez os civis a pagar a factura.
O Papa Bento XVI afirmou que «não se pode restabelecer a justiça, criar uma nova ordem e instaurar uma paz autêntica, quando se recorre ao instrumento da violência». Numa entrevista a alguns canais alemães de televisão, elaborou a ideia: «A guerra é a pior solução para todos. Não traz nada de bom para ninguém, nem mesmo para os aparentes vencedores. [...] Aquilo de que todos necessitamos é de paz. [...] A única solução é aprendermos a viver juntos.»
O paradigma do recurso à guerra como panaceia para todos os desafios que a sociedade globalizada enfrenta está a conduzir-nos a um beco sem saída. Porque a violência gera violência numa espiral voraz de destruição e morte, cobrindo-nos com uma cortina dramática e espessa de medo e de desconfiança mútua que nos tolda o coração.
A arrogância da força bruta não resolve nada. Pode dar uma sensação de segurança, mas não passa disso. E, além do mais, a guerra tem custos obscenos: 2250 milhões de euros por dia! Dinheiro que poderia ser utilizado na saúde, na educação e no desenvolvimento dos povos mais necessitados.
Só o diálogo, a aceitação do outro como parceiro, pode promover a convivência e a harmonia, as bases de uma paz duradoira e universal. Trazemos inscrita na genética colectiva a recordação ferida dos conflitos do passado. Mas não podemos ajustar contas com a História. Para construirmos um futuro de paz, temos de purificar a memória através da catarse da pacificação interior. É aí que reside a chave para a harmonia universal com que sonhamos.

27 de agosto de 2006

Mil imagens

Os meus padrinhos © J. Vieira

Abrir aspas

OS ENIGMAS

Eu que sou o que agora está cantando
Irei ser amanhã o misterioso,
O morto, morador num silencioso
Deserto sem depois, antes ou quando.
Assim declara a mística. Mas eu
Creio-me indigno do Inferno ou Glória,
Embora nada afirme. A nossa história
Muda tal como as formas de Proteu.
Que errante labirinto, que brancura
Esplendorosa será a minha sorte
Quando me der o fim desta aventura
A curiosa experiência que é a morte?
Quero beber o cristalino Olvido,
Ser para sempre; mas nunca ter sido.

Jorge Luís Borges em «O Outro, o Mesmo»

Além-Mar | Setembro

NO CENTRO DA TERRA

Dois enviados de Além-Mar aprentam na edição de Setembro uma viagem de 15 dias ao Gana, Togo e Benim. Desde o drama do tráfico de escravos ao trabalho de desenvolvimento que os combonianos ali realizam.
Outros temas desenvolvidos:
Mina de ouro e escravos. São Jorge da Mina, a primeira feitoria portuguesa na costa ocidental da África, foi também o primeiro entreposto de escravos da era moderna. Fica na Costa do Gana.
Cuidado com os autocarros! Crónica de uma viagem ao Norte do Uganda: «Cheguei chocalhado, apertado, picado. Mas o maior risco da aventura foi mesmo o autocarro!»
Mais uma tentativa de paz. As conversações entre o Governo do Uganda e o LRA de Joseph Kony a decorrer em Juba, no Sul do Sudão, são vistas como a melhor oportunidade em muitos anos de pôr fim ao conflito.
Gente solidária. A região do Volta foi o local escolhido pelos missionários combonianos para se fixarem, quando há três décadas deixaram o Uganda e o Sudão. O padre Francisco Machado faz o ponto da situação numa entrevista.
O infinito prazer de pintar. Pintor, escultor e poeta, o moçambicano Malangatana Valente Ngwenya é um dos expoentes máximos das artes plásticas africanas.
No topo da perseguição religiosa. Protectora dos mais sagrados santuários do Islão, a monarquia saudita dispõe de uma polícia especial que persegue muçulmanos e cristãos.
Além-Mar traz ainda as rubricas habituais de opinião e actualidades
.

26 de agosto de 2006

Mil palavras


Luar de Agosto © J. Vieira

25 de agosto de 2006

Abrir aspas



A COMUNICAÇÃO NA IGREJA

Quando falamos de comunicação na Igreja não devemos pensar apenas nos meios: televisão, rádio, revistas, jornal, boletim, internet. Entendemos de maneira especial o processo de comunicação que a Igreja proporciona nos espaços de reflexão para as comunidades, as pastorais, os grupos, os movimentos..., nas diversas iniciativas que criam interação entre pessoas movidas pelos valores do Evangelho. Pensamos também na pastoral da acolhida, no encontro entre pessoas que vivem sua fé em comunidades. A Igreja entende comunicação enquanto meios e processos segundo a missão de Cristo, o verdadeiro Comunicador da vida de Deus. Sem a vivência concreta das propostas de Jesus Cristo, a Igreja não acontece, não se faz. Portanto, a Missão da Igreja é comunicação, proximidade de Deus com as pessoas, das pessoas com Deus e das pessoas entre si. Um meio privilegiado é a transmissão da fé pela palavra oral e escrita, juntamente com o testemunho de vida.
Quanto aos meios, as novas tecnologias: a televisão, o rádio, o cinema, a imprensa, a comunicação eletrônica do mundo moderno, já se tornaram indispensáveis na vida eclesial. Mais do que dar um juízo sobre os meios de comunicação social, a tradição da Igreja coloca-se a seu serviço. A sabedoria da Igreja pode evitar que a cultura da informação se transforme numa acumulação de factos sem sentido. Há mais de 40 anos, o Documento do Concílio Vaticano II «Inter Mirifica», já reconhecia aos meios de comunicação o poder de influenciar toda a sociedade humana, tanto para o bem, como para o mal. A Encíclica «A Missão do Redentor», aponta o mundo das comunicações como «o primeiro areópago dos tempos modernos» [...]. «A evangelização da própria cultura moderna depende, em grande parte, da sua influência» (RM 37c). Isso é ainda mais urgente, visto que o sistema neoliberal embalado pela globalização vem causando o aumento de grupos excluídos.
Não dá mais para pensar nossa Igreja sem internet, rádio, televisão, imprensa... É louvável que em pouco mais de 10 anos, sectores da Igreja Católica no Brasil criaram 8 canais de televisão. Em 1997 as emissoras de rádio católicas eram mais de 300, sem falar dos inúmeros programas veiculados em emissoras comerciais. Contudo, precisamos nos perguntar seriamente se a mensagem difundida pela mídia católica está ajudando a formar os cristãos a ponto de se empenharem na evangelização da sociedade. Hoje, a imagem que a sociedade tem de nossa Igreja é construída pelos meios católicos que, infelizmente, ainda não deixam transparecer a pluralidade da fé que permeia toda a vida eclesial e do povo brasileiro. Parece refém da sociedade do espectáculo, uma das características da pós-modernidade, que privilegia a forma sobre o conteúdo.
Comunicar é muito mais do que uma sucessão de imagens ou palavras, sem nada acrescentar ou mudar no ser humano. A comunicação precisa expressar sentimento profundo e não uma simples e passageira emoção ou prazer. Devemos pensar numa comunicação muito mais duradoura, que não seja apenas um ritual momentâneo.
No interior da Igreja, membros de alguns grupos e movimentos têm procurado utilizar mais e melhor os meios de comunicação social e as redes de informática para a transmissão da fé. No entanto, sua actuação, às vezes, revela fraca comunhão eclesial e espírito de pastoral de conjunto na Igreja particular. Se a Igreja conseguisse unir os diversos grupos de mídia católica em torno de um projecto conjunto de evangelização ultrapassando o individualismo, o sectarismo e a própria concorrência, ela daria um exemplo de comunhão que por si só evangelizaria. «Pois onde dois ou três estiverem unidos em meu nome, eu estou aí no meio deles» (Mt 18,20).

Jaime Carlos Patias, Mestre em Comunicação e mercado, director da revista «Missões» em Adital

24 de agosto de 2006

Co-incineração

COIMBRA FINTA GOVERNO

A CM de Coimbra vedou a circulação de veículos com resíduos industriais perigosos nos acessos e na localidade de Souselas.
O Governo tinha escolhido a cimenteira de Souselas para iniciar os testes de co-incineração de resíduos industriais.
Carlos Encarnação, o edil conimbricense, está a tentar travar o processo através de uma postura camarária que reordena o fluxo de tráfico naquela localidade.
O Governo anunciou que os testes de co-incineração em Souselas vão para a frente em Setembro ou Outubro, como estava previsto, apesar da nova postura de trânsito.

Planetas


XAU, PLUTÃO

Afinal Plutão não é um planeta – concluiu a XXVI Assembleia-Geral da União Astronómica Internacional (UAI).
Cerca de 2500 astrónomos estão reunidos em Praga, capital checa, desde o dia 14 e concordaram, depois de acesa discussão, que «um “planeta” é definido como um corpo celeste que (a) está em órbita à volta do Sol, (b) tem massa suficiente para a sua auto-gravidade ultrapassar forças de corpos rígidos e assume um uma forma (quase redonda) de equilíbrio hidrostático, e (c) limpou a vizinhança à volta da sua órbita», lê-se no comunicado da UAI.
Os especialistas tinham que decidir se aumentar para 12 o número de planetas do sistema solar ou desqualificar o Plutão e reduzi-lo para oito.
O Plutão foi descoberto em 1920 pelo americano Clyde Tombaugh e logo classificado como planeta. Agora é um «planeta-anão» juntamente com Ceres e o 2003 UB313, nome provisório de um corpo celeste recentemente encontrado.
A Assembleia Geral da UAI encerra amanhã.

Sabedorias

«Love is blind», de kchristine

O AMOR E A LOUCURA

A Loucura resolveu convidar os amigos para um café em sua casa. Depois do animado cafezinho, propôs:
- Vamos brincar ao esconde-esconde?
- O que é isso?, perguntou a Curiosidade.
- É um jogo: tapo os olhos, vocês escondem-se, conto até cem e depois vou à vossa procura. O primeiro a ser descoberto será o próximo a contar.
Todos aceitaram, menos o Medo e a Preguiça.
- 1,2,3..., começou a contar a Loucura.
A Pressa foi a primeira a esconde-se num lugar qualquer. A Timidez, tímida como sempre, escondeu-se na copa de uma árvore. A Alegria correu para o meio do jardim. Já a Tristeza começou a chorar pois não achava um local apropriado. A Inveja acompanhou o Triunfo e meteu-se, perto dele, debaixo de uma pedra.
A Loucura continuava a contar…
O Desespero ficou desesperado ao ver a Loucura a chegar ao 99, 100...
- Vou começar a procurar!, gritou a Loucura.
A primeira a ser apanhada foi a Curiosidade já que não aguentava mais e queria saber quem seria o próximo a contar.
Ao olhar para o lado, a Loucura viu a Dúvida em cima do muro sem saber em qual dos lados se escondia melhor. E assim foram aparecendo a Alegria, a Tristeza, a Timidez.
Quando estavam todos reunidos, a Curiosidade perguntou:
- Onde se meteu o Amor?
Ninguém tinha visto o Amor. A Loucura começou a procurar. Procurou em cima da montanha, nos rios, debaixo das pedras e nada: o Amor não aparecia!
A Loucura viu uma roseira, pegou um pauzinho e começou a espetar por entre os galhos. De repente ouviu um grito: era o Amor que tinha sido atingido num olho. A Loucura não sabia o que fazer. Pediu desculpas, implorou o perdão do Amor e até prometeu servi-lo para sempre.
O Amor aceitou as desculpas. Mas desde então e até hoje o Amor é cego e a Loucura acompanha-o sempre.
Autor desconhecido.
Obrigado, Zé Boaventura

Eventos


CONCURSO DE AMAMENTAÇÃO

Porto Alegre, no estado brasileiro do Rio Grande do Sul, será palco da tentativa para estabelecer um novo recorde americano de amamentação em simultâneo.
A organização do «Mil Mães e seus Bebés Amamentando na Beira do Guaíba» pretende reunir mais de um milhar de latentes a darem de mamar aos respectivos bebés ao mesmo tempo pelo menos durante um minuto.
O evento está marcado para o dia 2 de Setembro e pretende chamar a atenção para a necessidade do aleitamento materno e a sua importância para a saúde infantil.
Além da amamentação simultânea, haverá palestras sobre saúde materna, fraldários e entretenimento nos intervalos. A participação é gratuita e as inscrições são feitas no local, pelo telefone 51-3226-6183 ou no sítio oficial do evento.
O «Mil Mães e seus Bebés Amamentando na Beira do Guaíba» antecede o IX Encontro Nacional de Aleitamento Materno (ENAM), que se realiza na mesma cidade, de 3 a 6 de Setembro. O encontro destina-se a consolidar o direito humano à amamentação em benefício das crianças, mães, famílias e sociedade.
A cidade de Berkeley, na Califórnia (Estados Unidos), detém o recorde de amamentação das Américas tendo reunido 1135 mães a aleitar em simultâneo. O recorde mundial pertence às Filipinas, com 3738 mães em amamentação em conjunto.

23 de agosto de 2006

Mariza & Tim


Andando e cantando, porque a vida não está para tristezas! Um dueto lindo de morrer! Um mar de ternura chamado Joasia.

México



TRIPLAMENTE VULNERÁVEIS

No México, as mulheres indígenas são especialmente vulneráveis por serem simultaneamente mulheres, membros de etnias marginalizadas e, como acontece com a generalidade dos mexicanos que pertencem a povos autóctones, pobres. Esta tripla vulnerabilidade traduz-se no agravamento de indicadores que já são suficientemente desanimadores no que toca à grande parte da população que vive abaixo da linha da pobreza: mortalidade infantil alta, maternidade precoce, natalidade elevada, malnutrição e prevalência de doenças infecciosas e parasitárias. A avaliação é da responsabilidade do INMUJERES, o Instituto Nacional das Mulheres, que defende que as 6,4 milhões de indígenas têm muito a exigir ao governo mexicano. Para alem do mais, as indígenas têm sofrido um grande retrocesso no campo da educação: 43 por cento das maiores de 15 anos são analfabetas, enquanto que, na mesma faixa etária, o número de homens que não sabe ler nem escrever ronda os 23 por cento. O México tem cerca de 13 milhões de indígenas e é o oitavo país do mundo no que diz respeito à proporção de membros de povos nativos em relação ao total da população. Na América Latina, só no Peru a proporção é maior.
Os grupos indígenas mexicanos encontram-se sobretudo nos estados de Oaxaca, Chiapas, Veracruz, Puebla e Yucatán.

22 de agosto de 2006

Abrir aspas

TERNURA

Numa época de exacerbação da sexualidade, em que tanto se valoriza a conquista, a vitória, o poder, muitas vezes sentimos que, no meio de tudo o que temos, nos falta o principal – afecto, ternura, carinho, amor -, afinal, o que poderia dar verdadeiro sentido a tudo o resto.
«Aquilo de que cada ser humano mais fome tem – desde que nasce até que morre -, e para o qual menos encontra alimento, é ternura», escrevia Françoise Sagan. E Charles Gellman, no livro Thérapies Sexuelles: «Muitos dos problemas conjugais resultam de uma falta de ternura.»

Maria José Costa Félix em «Mais e Melhor»

Impressões


NA TOCA DO LEÃO

Ontem, aproveitei uma borla para o Sporting-Inter de Milão e entrei pela primeira vez no Alvalade XXI.
O meu compadre mandou-me uma mensagem a perguntar se o estádio não parecia mesmo uma banheira às cores. Uma banheira alta (ou alguidar?): para chegar ao meu lugar tive que subir 90 degraus! E a visibilidade não é tão boa como a do Estádio da Luz. Perdoe-me a torcida verde!
O jogo foi morno, sem grandes emoções. Umas bolas aos ferros da baliza, outras a rasar as traves. E Materazzi expulso, porque o Zidane não joga em Alvalade! O empate sem golos aceita-se pelo jogo jogado: a primeira parte foi do Milão e a segunda do Sporting.
A partida amigável encerrou os festejos do centenário leonino e serviu para homenagear Luís Figo.
Agora só me falta visitar o Estádio do Dragão. Este ano tem que ser mesmo!

21 de agosto de 2006

Sabedoria

© J. Vieira
TRÊS EUROS

Um menino, com voz tímida e os olhos cheios de admiração, perguntou ao pai, quando chega a casa do trabalho:
- Quanto ganha o pai por hora?
O pai, num gesto severo, respondeu:
- Escuta aqui meu filho, isso que perguntas nem a tua mãe sabe. Não me aborreças... estou cansado.
Mas o filho insiste:
- Mas, pai, por favor, diga-me quanto ganha por hora.
A reacção do pai foi menos severa e acabou por responder:
- Três euros por hora.
- Então poderia emprestar-me um euro?
O pai, cheio de ira, e tratando o filho com brutalidade, respondeu:
- Então, é essa a razão de quereres saber quanto eu ganho. Vai dormir e não me aborreças mais.
Já era noite, quando o pai começou a pensar no que havia acontecido e sentiu-se culpado. Talvez, quem sabe, o filho precisasse de comprar algo importante para ele.
Querendo descarregar a sua consciência dorida, foi até ao quarto do menino e, em voz baixa, perguntou:
- Filho, estás a dormir?
- Não, pai - respondeu o garoto sonolento e choroso.
- Olha, aqui está o dinheiro que me pediste: um euro.
- Muito obrigado, pai! - disse o filho levantando-se e retirando mais dois euros de uma caixinha que estava junto da cama
- Pai, agora já completei!... Tenho três euros! Poderia vender-me uma hora do seu tempo?

Obrigado, Zé Dias. E força na recuperação! Há muita gente a torcer por si!

Abrir aspas


JUVENTUDE

A disponibilidade para o bem é muito forte na juventude, basta pensar nas muitas formas de voluntariado. O compromisso a oferecer, pessoalmente, uma contribuição às necessidades deste mundo, é uma coisa grande. Um primeiro impulso pode ser, portanto, o de encorajar a isso: Prossigam neste caminho! Busquem ocasiões para fazer o bem! O mundo necessita dessa vontade, necessita desse empenho! E depois, talvez, uma palavra especial poderia ser esta: a coragem das decisões definitivas! Na juventude, há muita generosidade, mas, diante do risco de comprometer-se por toda a vida, seja no matrimónio seja no sacerdócio, experimenta-se o medo. O mundo movimenta-se de modo dramático. Continuamente. Posso, desde agora, dispor de toda a minha vida, com todos os seus imprevisíveis eventos futuros? Com uma decisão definitiva, não estarei, eu mesmo, cerceando a minha liberdade e tirando algo de minha flexibilidade? Despertar a coragem de ousar decisões definitivas, que, na realidade, são as únicas que tornam o crescimento possível, que permitem ir avante e alcançar algo de grande na vida; são as únicas que não destroem a liberdade, mas lhe oferecem a justa direcção no espaço; correr esse risco, dar esse salto - se assim podemos dizer - para o definitivo e, com isso, acolher plenamente a vida: isso é algo que eu ficaria muito feliz de poder comunicar.

Papa Bento XVI,
numa entrevista concedida à Bayerischer Rundfunk (ARD), ZDF, Deutsche Welle e Rádio Vaticano

Darfur


500 MIL SEM COMIDA

Cerca de 500 mil pessoas estão sem acesso à comida distribuída pelo Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) devido ao aumento da insegurança e da violência na região do Darfur, no Oeste do Sudão.
A insegurança torna cada vez mais difícil a distribuição de ajuda aos necessitados do Darfur. A Cruz Vermelha Internacional denuncia que o seu pessoal sofre ameaças diárias, e que os comboios de ajuda que organiza são atacados por grupos que as autoridades locais não controlam.
Por outro lado, o PAM indica que não tem reservas suficientes para continuar a alimentar minimamente os 6,1 milhões de habitantes no Darfur a seu cargo. O programa precisa de cerca de 320 milhões de euros para garantir a distribuição de alimentos até Março de 2007.
«As doações demoram cerca de seis meses para se transformarem em comida nas mãos das pessoas e, por esse motivo, é preciso ter os recursos imediatamente», alerta o PAM.
O martírio do Darfur continua. Mas pode fazer alguma coisa!

20 de agosto de 2006

Supertaça

E VÃO 15

O FC Porto conquistou a 15.ª Supertaça Cândido de Azevedo - em 28 edições - ao derrotar o Vitória de Setúbal por três a zero em Leiria ontem à noite.
Depois de uma primeira parte anódina, os portistas melhoraram a sua prestação e levaram de vencida a turma sadina. Anderson e Vieirinha estiveram em evidência entre os Dragões com os golos e com exibições de luxo.
Talvez foi a última vez que vimos o FC Porto a jogar com três defesas. O sistema 3-3-4 foi montado por Co Adriaanse e mantido por Rui Barros durante os três jogos que esteve à frente dos azuis e branco. Jesualdo Ferreira, o novo treinador dos Dragões, é adepto do 4-3-3.
Fez impressão ver um estádio do Euro 2004 inacabado, meio vazio – apesar das cadeiras coloridas – e com um relvado em péssimo estado. É no que dá o «novo-riquismo» da classe política que construiu dez estádios e não é capaz de pôr de pé uma estrutura para os atletas de alta competição treinarem durante o Inverno.

Consumo

VIVÓ PEIXE

Cada português consome, em média, 57 quilos de peixe por ano. Mais comilões de pescado que nós só os islandeses (com 91 quilos por ano) e os japoneses (65 quilos). A média mundial é de 20 quilos de peixe por pessoa por ano.
O Expresso revela outros dados interessantes: a sardinha é o peixe mais pescado, seguida do carapau e do polvo.
Portugal tem a quarta maior frota pesqueira (depois da Grécia, Itália e Espanha), mas ocupa o décimo posto na tabela da produção. Por isso, temos que importar 78,7 por cento do peixe que consomimos.
As lotas com mais movimento são Matosinhos, Peniche e Sesimbra, respectivamente.
Outro dado interessante – e escandaloso: a sardinha e o peixe-espada encarecem sete vezes no percurso da lota até ao consumidor. Um quilo de sardinha é vendido na lota por 53 cêntimos e na praça a 3,74 euros. Quanto ao peixe-espada, passa de 1,25 euros para 8,58.
Há tubarões à solta no negócio do peixe!

19 de agosto de 2006

Respira!

UM PADRE, UMA FREIRA
E UMA CABANA

Certa vez, um padre e uma freira regressavam para a paróquia.
Ao cair da noite, avistaram uma cabana a meio do caminho, e decidiram entrar para pernoitar e prosseguir viagem no dia seguinte.
Ao entrarem na cabana, viram que havia apenas uma cama de casal.
O padre e a freira entreolharam-se e, depois de alguns segundos de silêncio, o padre disse:
- Irmã, pode dormir na cama que eu durmo aqui no chão.
E assim fizeram. No entanto, a meio da madrugada a irmã acordou o padre:
- Padre! O senhor está acordado?
O padre, bêbado de sono:
- Hã?! Ah, irmã, diga, o que foi?
- Ah... É que eu estou com frio. Pode ir buscar-me um cobertor?
- Sim, irmã, com certeza!
O padre levantou-se, foi buscar um cobertor ao armário e cobriu a irmã com muita ternura.
Uma hora depois, a irmã acorda o padre novamente:
- Padre! Ainda está acordado?
- Hã? Irmã... O que foi agora?
- É que ainda estou com frio. Pode dar-me outro cobertor?
- Claro, irmã! Com certeza!
Mais uma vez, o padre levantou-se cheio de amor e boa vontade para atender o pedido da irmã.
Outra hora passou e, mais uma vez, a irmã chamou pelo padre:
- Padre. O senhor ainda está acordado?
- Sim irmã! O que foi agora?!
- É que eu não estou a conseguir dormir. Ainda estou com muito frio.
- Finalmente, entendendo as intenções da irmã. Só estamos aqui nós dois, certo?
- Certo!
- O que acontecer aqui, ou deixar de acontecer, só nós saberemos e mais ninguém, certo?
- Certo!
- Então tenho uma sugestão... Que tal se fingirmos ser marido e mulher?
A freira então pula de alegria na cama e diz:
- SIM! SIM!
Então o padre muda o tom de voz e grita:
- ENTAO, PORRA! LEVANTA-TE E VAI BUSCAR O COBERTOR!

Se pensaste que iria ter um final picante, reza 10 ave-marias e 20 pai-nossos pelos maus pensamentos...
Obrigado Miguel Ângelo!

Parabéns

MINHA LUZ
Leonor, já fizeste um mês de vida. E estás tão linda. Gosto muito do teu olhar. Gosto mesmo muito de ti e estou tão babado como os teus pais.
Tens um nome muito lindo. A tua irmã tem bom gosto! Pensava que tinha algo a ver com leão. Mas não. Leonor é um nome árabe e significa que a sua luz é o Senhor.
Este mundo é complicado. Mas vais ver que é lindo viver aqui. Sobretudo quando tens garantido o amor de tanta gente.
Um beijão grande do padrinho!

18 de agosto de 2006

Sabedoria

Pôr-do-sol em Gilgel Beles (Etiópia) © J. Vieira J. Vieira

MOMENTOS

Com o passar do tempo soltei os cabelos ao vento.
Desfiz os nós dos dedos tensos.
Perpetuei um sorriso no rosto.
Deixei fluir a languidez no corpo.
Revi velhos conceitos.
Perfumei as gavetas.
Olhei mais para o céu.
Descobri novos planetas.
Fiquei mais paciente.
Briguei menos por nada.
Aproveitei mais o dia.
Vivi ... intensamente ... a noite...
Distribuí mais elogios.
Aceitei-os sem desconfiança.
Fiz longas caminhadas a passos menos competitivos.
Sentei nos degraus da varanda .
Acariciei rosas orvalhadas resistindo ao impulso de colhê-las.
Sublimei angústias e ansiedades sem recusar a recebê-las.
Me enterneci com a juventude sem invejar seu entusiasmo.
E sigo vivendo – com serenidade – cada um desses momentos.
Que entendi únicos com o passar do tempo...
Márcia Leite

17 de agosto de 2006

Abrir aspas

OS TRANSGÊNICOS

Terras que produziam de tudo para o mercado local, agora se consagram a um só produto para a demanda estrangeira. Me desenvolvo para fora, e me esqueço do que tem dentro. O monocultivo é uma prisão, sempre foi, e agora, com os transgênicos, muito mais. A diversidade, por outro lado, libera. A independência se reduz ao hino e à bandeira se não existe soberania alimentar. A autodeterminação começa pela boca. Somente a diversidade produtiva pode nos defender das súbitas quedas de preços que são costume, costume mortal, do mercado mundial.
As imensas áreas destinadas à soja transgência estão arrasando as florestas nativas e expulsando os camponeses pobres. Poucos braços ocupam estas explorações altamente mecanizadas, que, por outro lado, exterminam as pequenas plantações e hortas familiares com os venenos que utilizam. Multiplica-se o êxodo rural para as grandes cidades, onde se supõe que os expulsos vão consumir, se tiverem a sorte, o que antes produziam. É a agrária reforma. A reforma agrária ao contrário.

Eduardo Galeano, escritor e jornalista uruguaio,

Arte em pó





Quem disse que os vidros sujos só servem para escrever «Lava-me, porco»?
Obrigado, Anabela

16 de agosto de 2006

Porto Sentido

A canção que melhor descreve a minha cidade favorita

15 de agosto de 2006

Irão

AHMADINEJAD
NA BLOGOSFERA

Mahmud Ahmadinejad, presidente do Irão, tem uma página na blogosfera. Chama-se «Mahmud Ahmadinejad: notas pessoais.»
A primeira postagem, de 11 de Agosto, é uma uma resenha autobiográfica e da história iraniana dos últimos anos com um panegírico ao «ayatollah» Khomeini. O texto é longo e difícil de ler. Mas o bloguista promete ser mais curto nas próximas entradas.
O blogue tem uma pergunta a votos: «Pensa que a intenção e o objectivo dos EUA e de Israel ao atacar o Líbano é o de puxar o gatilho para outra guerra mundial?». E cinco «links».
Os textos são publicados em farsi (persa), inglês, árabe e francês.
Seja bem-vindo à blogosfera, senhor presidente, e, já agora, que cada iraniano goze da mesma liberdade de poder aceder à Internet e escrever o que achar mais relevante! Porque a blogosfera quando nasce é para todos!

Lições de vida

O PEDREIRO

Um velho pedreiro que construía casas estava pronto para se reformar.
Ele informou o chefe do seu desejo de se reformar e passar mais tempo com a sua família.
Ainda disse que sentiria falta do salário, mas realmente queria reformar-se.
A empresa não seria muito afectada pela saída do pedreiro, mas o chefe estava triste em ver um bom funcionário sair e pediu ao pedreiro para trabalhar em mais um projecto, como um favor.
O pedreiro não gostou, mas acabou por concordar.
Foi fácil ver que ele não estava entusiasmado com a ideia.
Assim ele prosseguiu fazendo um trabalho de segunda qualidade e usando materiais inadequados.
Quando o pedreiro acabou, o chefe veio fazer a inspecção da casa construída.
Depois de inspeccioná-la, deu a chave da casa ao pedreiro e disse:
- Esta é a sua casa. Ela é o meu presente para você.
O pedreiro ficou muito surpreendido. Que pena! Se ele soubesse que estava a construir a sua própria casa, teria feito tudo diferente...

O mesmo acontece connosco...
Nós construímos a nossa vida, um dia de cada vez, e muitas vezes fazendo menos que o melhor possível na sua construção.
Depois, com surpresa, descobrimos que precisamos de viver na casa que construímos. Se pudéssemos fazer tudo de novo, faríamos tudo diferente. Mas não podemos voltar atrás.
Tu és o pedreiro.
Todo o dia martelas pregos, ajustas tábuas e constróis paredes.
Alguém já disse que «A vida é um projecto que tu mesmo constróis».
As tuas atitudes e escolhas de hoje estão a construir a «casa» em que vais morar amanhã.
Portanto constrói-a com sabedoria!
Autor desconhecido

14 de agosto de 2006

Bridge over Troubled Waters

Como uma ponte sobre águas turbulentas

Memórias



Ayer y hoy: Memórias de mar e memórias de terra. Uma leitura sagaz do quotidiano feito de morte e vida. Ao menos ainda posso pessear o meu anjo. Gracias, Aylén!

Guerra Israelo-Hezbollah

UMA PAZ TÉNUE

Depois de 33 dias de guerra, Israel, Hezbollah e o Líbano aceitaram a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU e declararam um cessar-fogo que entrou em vigor às 6h00 de hoje (hora de Portugal).
Oficialmente, o conflito estalou a 12 de Julho. O exército de Israel começou a bombardear o Líbano depois de uma força dos xiitas libaneses do Hezbollah ter invadido o território judaico: mataram oito soldados israelitas e levaram dois como reféns para troca de prisioneiros. Nada que o exército israelita não faça no Líbano onde tem matado muitos militantes do Hezbollah em raides punitivos de execuções extrajudiciais.
A guerra saldou-se em 1224 civis mortos (1130 libaneses) e 3600 feridos. 211 militares (108 israelitas) morreram nos confrontos e 200 ficaram feridos. Um milhão de libaneses e 300 mil israelitas tiveram que abandonar as respectivas casas para fugirem à morte.
Os bombardeamentos massivos da aviação israelita destruíram as estruturas civis do Líbano, provocando uma crise humanitária e ecológica sem precedentes através do uso desproporcionado da força. Mas falharam os três objectivos que tinham: libertar os dois soldados capturados, decapitar a liderança do Hezbollah e incapacitar a guerrilha xiita de continuar a bombardear o norte de Israel com morteiros e pequenos mísseis.
O recurso à força bruta não resolveu – só piorou – a questão entre o estado judaico e o Hezbollah. «Quando dois elefantes – embora de portes muito diferentes – lutam, quem sofre é o capim», diz um ditado africano. Neste caso foi a população civil. Sobretudo os civis libaneses. Não será altura de exigir que o estado de Israel pague a reconstrução do Líbano? E os seus líderes não deveriam responder num tribunal internacional por crimes de guerra e contra a humanidade bem como as chefias do Hezbollah? Ou a lei internacional é só para os vencidos? São perguntas que ficam no ar.

13 de agosto de 2006

Sida


25 ANOS DEPOIS
Num quarto de século da pandemia do Síndroma de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) fez mais de 25 milhões de mortos e 38 milhões e meio encontram-se infectados pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH). Em 2005, registaram-se 4,1 milhões novos contágios. Os números vêm no «Relatório 2006 sobre a Pandemia Global da Sida», elaborado pela ONUSIDA. Portugal tem 29.461casos registados.
Cerca de 20 mil especialistas começaram hoje em Toronto, Canadá, a Conferência Internacional Sida 2006. Vão analisar um quarto de século de luta contra a Sida e apontar caminhos novos para fazer face à pandemia que passam pela responsabilização dos políticos e das farmacêuticas.
A luta contra a sida tem-se limitado a campanhas massivas sobre o uso do preservativo nas relações sexuais. Mas só é efectiva se for transversal. Isto é, propor novos comportamentos para além da «camisinha».
Em África, as campanhas contra a Sida falam do ABCD da síndroma: «Abstain» (abstenção), «Be faithful» (fidelidade), «Condom» (preservativo) ou «Death» (morte). Uma resposta abrangente que conseguiu suster o avanço do VIH nomeadamente no Uganda.

11 de agosto de 2006

10 de agosto de 2006

Ansiedad

OS 80 ANOS DE FIDEL:
CONFIDÊNCIAS

O que vou publicar aqui vai irritar ou escandalizar os que não gostam de Cuba ou de Fidel Castro. Não me importo com isso. Se não vês o brilho da estrela na noite escura, a culpa não é da estrela, mas de ti mesmo.Em 1985 o então Card. Joseph Ratzinger me submeteu, por causa do livro "Igreja: carisma e poder", a um "silêncio obsequioso". Acolhi a sentença, deixando de dar aulas, de escrever e de falar publicamente. Meses após fui surpreendido com um convite do Comandante Fidel Castro, pedindo-me passar 15 dias com ele na Ilha, durante o tempo de suas férias. Aceitei imediatamente, pois via a oportunidade de retomar diálogos críticos que, junto com Frei Betto, havíamos entabulado anteriormente e por várias vezes.
Demandei a Cuba. Apresentei-me ao Comandante. Ele imediatamente, à minha frente, telefonou para o Núncio Apostólico com o qual mantinha relações cordiais e disse: "Eminência, aqui está o Fray Boff; ele será meu hóspede por 15 dias; como sou disciplinado, não permitirei que fale com ninguém nem dê entrevistas, pois assim observará o que o Vaticano quer dele: o silêncio obsequioso. Eu vou zelar por essa observância". Pois assim aconteceu.
Durante 15 dias, seja de carro, seja de avião, seja de barco me mostrou toda a Ilha. Simultaneamente durante a viagem, corria a conversa, na maior liberdade, sobre mil assuntos de política, de religião, de ciência, de marxismo, de revolução e também críticas sobre o déficit de democracia.
As noites eram dedicadas a um longo jantar seguido de conversas sérias que iam pela madrugada adentro, às vezes até às 6.00 da manhã. Então se levantava, se estirava um pouco e dizia: "Agora vou nadar uns 40 minutos e depois vou trabalhar". Eu ia anotar os conteúdos e depois, sonso, dormia.
Alguns pontos daquele convívio me parecem relevantes. Primeiro, a pessoa de Fidel. Ela é maior que a Ilha. Seu marxismo é antes ético que político: como fazer justiça aos pobres? Em seguida, seu bom conhecimento da teologia da libertação. Lera uma montanha de livros, todos anotados, com listas de termos e de dúvidas que tirava a limpo comigo. Cheguei a dizer: "se o Card. Ratzinger entendesse metade do que o Sr. entende de teologia da libertação, bem diferente seria meu destino pessoal e o futuro desta teologia". Foi nesse contexto que confessou: "Mais e mais estou convencido de que nenhuma revolução latino-americana será verdadeira, popular e triunfante se não incorporar o elemento religioso". Talvez por causa desta convicção que praticamente nos obrigou a mim e ao Frei Betto a darmos sucessivos cursos de religião e de cristianismo a todo o segundo escalão do Governo e, em alguns momentos, com todos os ministros presentes. Esses verdadeiros cursos foram decisivos para o Governo chegar a um diálogo e a uma certa "reconciliação" com a Igreja Católica e demais religiões em Cuba. Por fim uma confissão sua: "Fui interno dos jesuítas por vários anos; eles me deram disciplina mas não me ensinaram a pensar. Na prisão, lendo Marx, aprendi a pensar. Por causa da pressão norte-americana tive que me aproximar da União Soviética. Mas se tivesse na época uma teologia da libertação, eu seguramente a teria abraçado e aplicado em Cuba." E arrematou: "Se um dia eu voltar à fé da infância, será pelas mãos de Fray Betto e de Fray Boff que retornarei". Chegamos a momentos de tanta sintonia que só faltava rezarmos juntos o Pai-Nosso.
Eu havia escrito 4 grossos cadernos sobre nossos diálogos. Assaltaram meu carro no Rio e levaram tudo. O livro imaginado jamais poderá ser escrito. Mas guardo a memória de uma experiência inigualável de um chefe de Estado preocupado com a dignidade e o futuro dos pobres.
Leonardo Boff, teólogo, em Adital

9 de agosto de 2006

Mil palavras

Cinfães: Casa da Cultura à noite © J. Vieira

8 de agosto de 2006

Emplastro


«Aparece» nos directos do Porto, mas afinal é sócio do Vitória de Setúbal!!!

Protocolo

A CADEIRA
DO CARDEAL

No re-arranjo do quem é quem na hierarquia da República, o Parlamento deixou de fora a cadeira do cardeal.
A Lei do Protocolo de Estado causou alguma polémica (sobretudo à direita), mas acabou por fazer um favor ao purpurado: as cerimónias de Estados são um desfile de vacuidades que exige grandes doses de paciência e estoicismo.
Num encontro com a imprensa, alguém perguntou a Dom Carlos Azevedo como é que a Igreja ia ripostar. A resposta do bispo auxiliar de Lisboa foi fina: «A Igreja é fidalga no receber!»
Chegou a altura, contudo, de arrumar o protocolo eclesial. Os políticos e as altas individualidades locais gostam de aparecer e ser reconhecidos nos actos da Igreja.
Nos Açores, o Governo Regional faz inclusivamente uma escala para distribuir os secretários – os ministros da região – pelas procissões do arquipélago. Conheci o secretário regional da educação na festa do Salvador do Mundo, na paróquia da Ribeirinha, Ribeira Grande.
É costume o presidente da Eucaristia começar a missa ou a homilia saudando os dignitários pelo nome. Mas a missa é uma celebração de irmãos e irmãs à volta da mesa comum: a mesa da Palavra e a mesa do Paõ e do Vinho.
Por isso, é um imperativo teológico acabar com os lugares e saudações especiais nos actos litúrgicos. Pela autenticidade das celebrações. Porque à volta do altar somos todos iguais, todos comensais!

Guerra do Líbano

Foto ANND


APELO INTERNACIONAL

A Rede Árabe de Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento (Arab NGO Network for Development/ANND), com sede no Líbano, e a Coligação Israelita contra a Guerra (Anti-War Israeli Coalition) lançaram um apelo internacional por um cessar-fogo imediato e incondicional no Líbano e apoiam a convocatória de um dia internacional de protesto e de solidariedade no sábado, 12 de Agosto.
«A sociedade civil internacional e os movimentos sociais estão elevando suas vozes e se mobilizando em todo o mundo para não somente expressar sua solidariedade indefectível com o povo libanês, mas também construir uma imensa barreira internacional contra a guerra global de re-colonização do mundo».
A iniciativa tem o apoio de diversas entidades que integram o Fórum Social Mundial.

Abrir aspas

«ABANDONEM AS ARMAS IMEDIATAMENTE!»

Neste momento, não posso deixar de pensar na situação, cada vez mais grave e trágica, que se está a viver no Médio Oriente: centenas de mortos, numerosíssimos feridos, uma enorme multidão de desalojados e de refugiados, casas, cidades e infra-estruturas destruídas, enquanto nos corações de muitos parecem aumentar o ódio e o desejo de vingança. Estes factos demonstram claramente que não se pode restabelecer a justiça, criar uma nova ordem e instaurar uma paz autêntica, quando se recorre ao instrumento da violência. Mais do que nunca, vemos como a voz da Igreja é profética e ao mesmo tempo realista quando, diante das guerras e dos conflitos de todos os tipos, mostra o caminho da verdade, da justiça, do amor e da liberdade, como se indica na Encíclica imortal Pacem in terris, do Beato Papa João XXIII. Também hoje, a humanidade deve percorrer este caminho para alcançar o almejado bem da paz genuína.
Em nome de Deus, dirijo-me a todos os responsáveis desta espiral de violência, para que todas as partes abandonem as armas imediatamente! Aos Governantes e às Instituições internacionais, peço que não poupem qualquer esforço para alcançar este fim necessário das hostilidades, para assim poder começar a construir, através do diálogo, uma convivência duradoura e estável entre todos os povos do Médio Oriente. Aos homens de boa vontade, peço que continuem a intensificar o envio das ajudas humanitárias àquelas populações tão provadas e necessitadas. Mas sobretudo, que continue a elevar-se de todos os corações a oração confiante a Deus, bom e misericordioso, a fim de que conceda a sua paz àquela região e ao mundo inteiro. Confiemos esta súplica urgente à intercessão de Maria, Mãe do Príncipe da Paz e Rainha da Paz, tão venerada nos países do Médio Oriente, onde em breve esperamos ver reinar a reconciliação pela qual o Senhor Jesus ofereceu o seu Sangue precioso.

Papa Bento XVI na Oração do «Angelus» de 6 de Agosto, em L’Osservatore Romano

7 de agosto de 2006

Para pensar

A PROCURA DA FELICIDADE

No princípio dos tempos, vários demónios reuniram-se para fazerem uma travessura.
Um deles disse:
- Devíamos tirar alguma coisa aos humanos!... Mas o que é que lhes vamos tirar?
Depois de muito matutar, um dos demónios disse:
- Já sei! Vamos tirar-lhes a felicidade. O problema é onde a esconder para que a não a possam encontrar.
Alguém propôs:
- Vamos escondê-la no cimo do monte mais alto do mundo!
Imediatamente respondeu outro:
- Não! Lembra-te que têm muita força. Alguma vez alguém pode subir e encontrá-la e se a encontra todos vão saber onde está!!!
Disse outro:
- Então vamos escondê-la no fundo do mar!
Alguém respondeu:
- Não! Lembra-te que são muito curiosos e algum dia alguém vai construir um aparelho para poder descer e então vai encontrá-la.
Outro sugeriu:
- Vamos escondê-la num planeta bem longe da Terra.
Mas um demónio ripostou:
- Não! Lembra-te que têm inteligência e algum dia alguém vai construir uma nave para poder viajar para outros planetas e vai-a descobrir. Então todos terão a felicidade.
O último dos demónios tinha estado calado a escutar atentamente cada uma das propostas dos demais. Pesou cada uma delas e depois disse:
- Acho que sei onde pôr a felicidade para que realmente nunca a encontrem.
- Onde? – perguntaram em coro.
- Vamos escondê-la dentro deles próprios. Estarão tão ocupados a procurá-la fora de si que nunca a encontrarão.
Todos concordaram e desde então é assim: o ser humano passa a vida à procura da felicidade sem saber que a traz consigo!
Obrigado, Cristina

Abrir aspas

CRER APESAR DOS MASSACRES
NO LÍBANO?


Os massacres absurdos a inocentes que temos assistindo por parte da máquina de guerra de Israel contra o povo do Líbano, mostrando impiedade diante de crianças inocentes nos suscitam a questão do sentido da vida e da história. Esta questão não pode ser banida de nossa consciência por mais que fiquemos perplexos face à crueldade. Ela pertence à metafísica do cotidiano como reconheceu Kant em seu «Prologómenos a toda Metafísica Futura»: «Que o espírito humano abandone definitivamente as questões metafísicas é tão inverosímil quanto esperar que nós, para não inspirarmos ar poluído, deixássemos, uma vez por todas, de respirar».
Não são poucos os pensadores que confrontados com os absurdos da realidade afirmam o sem sentido da história. Jacques Monod em seu conhecido «O Acaso e a Necessidade» diz taxativamente: «É supérfluo buscar um sentido objetivo da existência. Ele simplesmente não existe. O homem é produto do mais cego e absoluto acaso que imaginar se possa. Os deuses estão mortos e o homem está só no mundo».
Claude Levy-Strauss, tão ligado ao Brasil, escreveu em seu admirável «Tristes Trópicos» estas desencorajantes palavras: «O mundo começou sem o homem e terminará sem ele. As instituições e os costumes que eu passei a vida inteira e inventariar e a compreender são uma eflorescência passageira em relação com a qual elas não têm sentido, senão talvez aquele que permite à humanidade desempenhar seu papel».
Há muito de verdade nestas afirmações porque os absurdos são inegáveis. Mas será que é toda a verdade? Não se anunciam também sinais intrigantes que nos falam de um sentido latente nas coisas? Por mais que venhamos do caos originário do big-bang não podemos negar que na evolução se manifestou uma linha ascendente que nos levou da cosmogêse, à biogênese, à antropogênese e hoje à noogênse. Não se pode negar que há ai um sentido manifesto.
Vamos ao quotidiano. Cada manhã levantamos, vamos ao trabalho, lutamos pela família e ansiamos por um mundo onde seja menos difícil amar. Há até situações em que chegamos a dar vida para salvar outras vidas. Que se esconde atrás destes gestos quotidianos? Esconde-se a confiança fundamental na bondade da vida. Ela vale a pena ser vivida.
O conhecido sociólogo austríaco-norteamericano Peter Berger escreveu em seu livro «Um Rumor de Anjos: a Sociedade Moderna e a Redescoberta do Sobrenatural» que o ser humano tem uma tendência inata para a ordem. Ele só vive e sobrevive se conseguir organizar um arranjo existencial que lhe faça sentido. Essa tendência à ordem se mostra em cenas bem familiares como a da mãe que acalenta o filhinho. Dentro da noite ele acorda sobressaltado. Grita por sua mãe porque o estrondo das bombas lhe suscitaram terríveis pesadelos. A mãe se levanta, toma o filhinho no colo e no gesto primordial da «magna mater» lhe sussurra palavras doces:«Não tenhas medo meu filhinho, tudo vai acabar e vai estar em ordem». A criança soluça, reconquista a confiança e um pouco mais e mais um pouco adormece.
Nem tudo está bem e em ordem. Mas sentimos que a mãe não está enganando o filhinho. No fundo ela testemunha: mesmo na desordem há uma ordem subjacente que a tudo preside. Ter confiança na bondade fundamental da vida e dizer-lhe Sim e Ámen é o sentido primordial da fé que não nos deixa desesperar face ao horror da guerra.
Leonardo Boff, Teólogo, Membro da Comissão da Carta da Terra em Adital

6 de agosto de 2006

Leituras


INVENTÁRIO
DE UMA
REVOLUÇÃO
SEQUESTRADA

Pepetela narra, através da ascensão e queda de Vladimiro Caposso, também conhecido por VC, os acidentes e incidentes dos últimos 30 anos da história angolana. E fá-lo de uma forma tão distanciada, crítica e desapaixonada que mais parece a leitura atenta de um «outsider» que de alguém que foi parte do processo (re)volucionário que tão bem caracteriza e ridicula.
«Predadores» (Publicações Dom Quichote, Janeiro de 2005), já em terceira edição, é um romance que revisita, reconta e relê uma experiência histórica ponteada de aventuras e desventuras, deixando transparecer alguma desilusão. Ou de como a revolução foi tomada de assalto pela burguesia emergente.
« – Ficam os estrangeiros a mandar na empresa e o pai só serve para dar o nome e a cara? […]
– Talvez seja esse o nosso destino» (pag. 375).
Pepetela é o nome literário de Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos. Nasceu em Benguela, Angola, em 1941. É licenciado em Sociologia, foi guerrilheiro, político e membro do MPLA e é professor universitário. Em 1997 foi distinguido com o Prémio Camões.
Um livro intenso e de leitura fácil, a não perder. E recheado de termos locais que, entretanto, entraram para o léxico português. Bué mesmo!

4 de agosto de 2006

Coupe de Boule

Da cabeçada mais famosa da história do futebol fez-se música! Um mega-sucesso deste verão!

3 de agosto de 2006

De férias com

JESUS

Passei a segunda semana das férias a rezar com os meus colegas. Fizemos o retiro anual no Santuário de N.ª Sr.ª do Socorro, em Albergaria-a-Velha. Rezar bué não é uma seca? Para mim, não! Rezar é mergulhar no mistério de Deus e, por conseguinte, no mais profundo de mim mesmo, revistar a fonte que está em mim. Porque aí Deus também está!
Nos tempos livres li «Ao Ritmo do Tempo dos Monges – Sobre a Relação com um Bem Valioso», de Anselm Grün (Paulinas Editora, 2006). Este beneditino alemão é, com Thomas Merton e Henry Nouwen, um dos mestres de espiritualidade contemporâneos mais importantes. Para mim, entenda-se!
Duas citações: «O importante não é o tempo que vivo ou aquilo que posso realizar e apresentar. O importante é que abra o meu coração e viva cada momento com o coração aberto». Pois claro!
O que é rezar? «Para Evágrio Pôntico, o escritor mais importante das antigas instituições monásticas, a contemplação é uma oração sem palavras, sem imagens e sem pensamentos. O nosso pensamento consuma-se no tempo. As palavras precisam de tempo. A contemplação é a sensação de que tudo é uno, de que eu estou unido a Deus, que é o oposto do tempo. E, ao estar unido a Deus, estou também unido a mim, ao meu verdadeiro ser. E aí sou testemunha de que existe algo em mim que ultrapassa o tempo. Existe em mim algo que não é dependente do tempo, algo que é eterno. Não sou um escravo do tempo. Existe em mim um espaço livre, sobre o qual o tempo não pode decidir, porque é retirado ao tempo. Neste espaço livre que a contemplação me abre, acabam-se as preocupações. Aí, não penso no que acontece antes e não me preocupo com o futuro, existo simplesmente.» Isto não se explica, só se experimenta!

CREDO COMBONIANO

Durante o retiro, os quase 30 participantes compusemos um credo:

Cremos em Deus Trinitário, fonte da vida e da missão e paradigma de comunhão, capaz de tocar e transformar o mais profundo do coração humano;

Cremos em Deus-Pai que tem um projecto de salvação para cada criatura, que nos ama e consagra;

Cremos em Jesus Cristo, o Bom Pastor. Do seu coração aberto brota a vida para a humanidade e é para nós ícone de entrega total aos mais pobres; foi Ele que nos escolheu e enviou a proclamar o Evangelho a toda a criação;

Cremos no Espírito Santo, protagonista da missão e já presente no coração de cada religião, cultura e povo. É ele que impele a Igreja a ser missão numa atitude de diálogo;

Cremos no Reino de Deus que brota e cresce no silêncio da vida do mundo;

Cremos na Igreja e na sua missão ad gentes, espaço de comunhão e lugar de reconciliação e de perdão;

Cremos em Daniel Comboni, pai e fundador, a rocha de onde fomos talhados. É para nós modelo de santidade e de empenho missionário;

Cremos no Instituto Comboniano, cenáculo de missionários, que vive para os que ainda não foram evangelizados ou não o foram suficientemente e para os mais pobres;

Cremos na comunidade, dom e desafio na vivência do Evangelho, e meio de evangelização por excelência, que testemunha a presença do Reino através da fraternidade que vive e da solidariedade, pela promoção da dignidade da pessoa e pelo empenho a favor da justiça e da paz e da integridade da criação;

Cremos na colaboração com a Igreja local e com seus agentes pastorais e com outras forças missionárias;

Cremos no direito que os leigos têm a participar na evangelização através da sua vocação baptismal;

Cremos na validade da missão que o Instituto desenvolve em Portugal através da animação missionária, promoção vocacional e formação de novos candidatos;

Cremos no espírito missionário da Igreja local e na fé do seu povo. E na nossa missão de a animar no seu empenho e colaboração com a evangelização;

Cremos em cada missionário comboniano, com a sua riqueza e pobreza, epifania do amor de Deus em acção;

Ámen!

De férias com

JORGE LUÍS BORGES

Passei a primeira semana de férias a banhos em Esmoriz. Temperatura da água: 15ºC. Brrrrrrr! Mas a companhia do meu sobrinho Rui e de Jorge Luís Borges fizeram a diferença.
Li uma boa parte do volume II das «Obras Completas 1952-1972» (Editorial Teorema 1998). Páginas cheias de tigres, navalhas, rufias, sangue quente, mitos. Porque «A vida exige uma paixão».
Copio três poemas deste argentino de Buenos Aires com sangue português:

A LUÍS DE CAMÕES

Sem cólera nem mágoa arromba o tempo
As heróicas espadas. Pobre e triste,
À nostálgica pátria regrediste
Pra com ela morrer nesse momento,
O capitão, no mágico deserto.
Tinha-se a flor de Portugal perdido
E o áspero espanhol, antes vencido,
Ameaçava o seu costado aberto.
Quero saber se aquém da derradeira
Margem compreendeste humildemente
Que o império perdido, o Ocidente
E o Oriente, o aço e a bandeira,
Perduraria (alheio a toda a humana
Mudança) em tua Eneida lusitana.
Em «O Fazedor» (1960)

A PANTERA

Atrás das fortes grades a pantera
Repetirá o monótono caminho
Que é (mas ela não sabe) o seu destino
De negra jóia, aziaga e prisioneira.
Foram mil que passaram e são mil
As que voltam, mas é uma e eterna
A pantera fatal que na caverna
Inscreve a recta que um eterno Aquiles
Traça no sonho que sonhou o grego.
Não sabe que há planícies e montanhas
De corças cujas trémulas entranhas
Lhe excitaram o apetite cego.
É vão e vário o orbe. E a jornada
Que cumpre cada qual já está fixada.
Em «O Ouro dos Tigres» (1972)

O MAR

O mar. O jovem mar. O mar de Ulisses
E o daquele outro Ulisses que essa gente
Do Islão baptizou famosamente.
O Sindbad do Mar. O mar de brisas
E as ondas de Eric, o Vermelho, alto na proa,
E o daquele cavaleiro que escrevia
A epopeia e também a elegia
Da sua pátria, em pântanos de Goa.
O mar de Trafalgar. O que a Inglaterra
Foi cantando na sua longa história,
O árduo mar que ensanguentou de glória
No diário exercício dessa guerra.
O incessante mar que numa linda
Manhã volta a sulcar a areia infinda.
Em «O Ouro dos Tigres» (1972)

Tuning


TOYOTA HILUX versão modificada, azul, metalizado, 5 passageiros, 6 cilindros, suspensão adaptada, motor completamente insonorizado, baixo consumo.